Anos 80 - A Peça

sábado, abril 01, 2006

Eu nasci em 1979. Um ano antes, o general Ernesto Geisel acabou com o AI-5, restaurou o habeas-corpus e abriu caminho para a volta da democracia no Brasil. Numa época de incertezas e esperanças, o governo Figueiredo trás de volta políticos, artistas e demais brasileiros exilados por crimes políticos. Nos anos que se seguiram, apesar de alguns atentados, vimos à volta do pluripartidarismo, movimento de diretas já, fortalecimento de sindicatos, e, entre outras coisas, a abertura e liberdade conquistada pela juventude. Foi neste contexto que eu nasci... Filho da revolução? Sim. Filho de uma geração que desde a Revolução de 64, lutou para termos uma infância melhor.

Esta introdução foi necessária por que nunca havia visto a minha pessoa e meus amigos desta forma. A liberdade cultural que os jovens viveram quando éramos crianças nos trouxe lembranças para a vida toda. Desde um doce diferente, programas de TV, até as festinhas americanas na escola, os Anos 80 foram o "boom", uma efervescência de produtos, marcas, modas, manias e músicas que nunca vamos esquecer. Por isso digo para vocês, não deixem de ver "Anos 80: A Peça" de Cristina Fagundes.

Anos 80: A Peça trouxe de volta muitas coisas, às quais alguns já haviam esquecido devido a vida tribulada de adulto. As frases célebres de heróis de desenhos animados, apresentadoras de programas infantis, programas do Silvio e Chacrinha, os cantores e músicas da época (muitos esquecidos como Naim, Rosana, Trem da Alegria, entre outros), o aumento absurdo de preços na época da inflação, a moda da época, brinquedos (o Batman com o Cubo Mágico é fora de série), as festinhas americanas em que a gente ficava com vergonha de chamar a menina mais bonita do colégio para dançar, os cabelos arrepiados na escola, as frases de comerciais da TV, o We Are the World na televisão, entre outras coisas que me fizeram rir horrores durante uma hora e meia de peça! Nem um pouco cansativo, pelo contrário, platéia cheia, rindo o tempo inteiro e aplaudindo de pé no final.

O que mais me impressionou foi o improviso dos atores na parte em que interagem com a platéia imitando os programas do Silvio Santos e Chacrinha. A cada tirada da platéia o elenco soltava uma nova piada na medida exata para fazer rir. O mais interessante foram os próprios estarem se divertindo com toda a encenação e não conseguirem segurar o riso junto ao público.

Ao lado do palco um telão passava, durante intervalos de 2 a 3 minutos, cenas da época, clips, entrevistas (inclusive uma com o Luciano Nassyn do Trem da Alegria), cenas de filmes, seriados, programas, entre outros.

Apesar de sentir falta de algumas coisas da minha infância que não foram representadas na peça, todo o elenco e direção estão de parabéns. Espero que a peça sempre se renove acrescentando novas "sketchs", outros assuntos e modismos dessa época maravilhosa.

Corrijam-me se encontrarem erros acima, deixo aqui o resumo para quem ainda não assistiu: "Quem não se lembra de como foram divertidos os anos 80? Das ombreiras enormes, do Chacrinha, do He-Man, de Guerra nas Estrelas e da Ilha da Fantasia? E quem nunca foi ao Tívoli Parque ou cantou Eduardo e Mônica? Anos 80: A peça veio para matar a saudade dessa década inesquecível! Direção e texto de Cristina Fagundes, com Marcelo Dias, Zé Guilherme Guimarães, Cristina Fagundes e Marcella Figueira”.

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