Crianças Levadas a Sério

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Os filmes infantis a partir dos anos 90 tomaram uma direção "boboca" e um pouco sem sentido... Não sei se devido às leis, a psicólogos (o que duvido muito por ser um grupo muito bem instruído) ou a simples dedução não cientifica de políticos incompetentes e pessoas que acham que conhecem a mente das crianças, mas a verdade é que os filmes se tornaram "idiotas", passivos e feitos sob a ótica protetora adulta sob o mundo infantil.

Claro que você não é mais criança, e é quase impossível lembrar seus desejos e sonhos infantis (ou como isso te influenciava), mas não é muito dificil lembrar de filmes como Goonies, Garotos Perdidos, Gremlins, A Lenda, Labirinto, até mesmo Poltergeist que te fez se esconder debaixo da cama. Estes filmes pensavam nas crianças como seres com idéias próprias, sentimentos, opiniões, vontades, e não como o ser "boboca" que deve só ver bonequinhos dançando e pulando ao som de músicas com letras pobres...

Não tiro o mérito de programas como Barney, Backyardigans, Teletubbies, princesas, entre outros, mas se eu tivesse mais de 6 anos e fosse obrigado a ver essas coisas, eu realmente iria ficar com raiva. Na verdade a criança não fica com raiva por que não entende. Poucas vão reclamar com você sobre o conteúdo dos filmes ou da TV pois estão extremamente condicionadas a aceitar aquele tipo de programação. Quando o filho do meu primo viu Senhor dos Anéis aos 5 anos de idade, os pais de seus coleguinhas achavam aquilo um absurdo enquanto o garoto trazia a curiosidade para os seus coleguinhas de escola.

Nós mesmos víamos filmes e desenhos de melhor qualidade quando crianças, e mesmo não entendendo diversas coisas, nos divertíamos muito, trazemos boas lembranças e até hoje descobrimos coisas novas que naquela época não percebemos. Esta descoberta sumiu, deu lugar a produções "mastigadas" que explicam tudo e privam a criança do pensar (já viu os DVDs da Xuxa? Já foi ver uma animação no cinema sem ser as da Pixar ou da série Shrek?). Até mesmo filmes como a Fantástica Fábrica de Chocolates de Tim Burton teve sua visão deturpada em relação ao livro para criar algo mais "aceitável" para o público infantil (na visão dos adultos é claro).

Você não deve tratar a criança como um adulto pois seus modelos mentais ainda não foram formados, mas isso não significa que esta deve ser tratada de forma estereotipada, as crianças devem ser levadas a sério na concepção de produtos áudio-visuais para que estas mídias sejam responsáveis pela sua própria construção como individuo. A descoberta do amor, do sexo, da morte, das amizades, do perigo, da aventura, nós recebems isso nos anos 80... Hoje o que as crianças recebem é como dançar, pular, rodar, cantar, como comprar "brinquedos fofinhos", robozinhos falantes e imitar golpes japoneses (as que se importam, pois a maioria está mais preocupada com games). Adoro todas essas atividades e esses gadgets, mas eles não podem ser 100% do aprendizado de cultura pop de uma criança.

Mas este quadro está mudando. Fimes como Spiderwick e Ponte para Terabitia vêm mudando a ótica adulta para concepções mais fantásticas da imaginação infantil. Após 15 anos de filmes bobos, as produções voltam com temas familiares ao cotidiano real dos pequenos como a escola, os amigos, as descobertas, a morte de pessoas próximas, etc. Afinal, Disney já mostrava uma visão sombria iconoclasta de princesas e dragões muito antes de Caverna do Dragão ou dos novos desenhos deste século, e ninguém se tornou mau ou cresceu perturbado por causa disso...

Criança deve ser levada a sério no cinema e novas mídias sociais! Filmes e TV devem trazer boas memórias e descobertas e não um passatempo "educativo" bobo. Acordem para um novo mundo, não sejam analfabetos sociais que escondem o conhecimento e descobertas das crianças com medo que elas mudem muito a rotina das velhas idéias...

+ Continue a ler este texto

Morre Bettie Page

sábado, dezembro 13, 2008

Numa época em que apenas fotos de mulheres com roupas íntimas já abalava o mais puritano dos garotos, onde a sensualidade era mais discreta e os meninos ainda se preocupavam em esconder dos pais que tinham certas revistas em casa, onde era considerado imoral comprar revistas de mulher de lingerie naquela estante do canto das lojas, nesta época surgiu Bettie Page. Hoje é muito normal para adultos e crianças ver grandes outdoors ou peças de propaganda pela cidade com a Gisele Bündchen de calcinha e sutiã em poses sensuais, mas isso nos anos 50 era papo para muita polêmica.

Estava aí uma época de inocência onde era legal ser um garoto e desfrutar daquela cumplicidade com os amigos, da descoberta do sexo nas revistas "proibidas" e liberar a curiosidade reprimida. Hoje as ciranças já nascem vendo na tv, bancas e jornais as fotos mais explícitas possíveis... perdeu-se muito daquela magia em torno das pin ups pois tudo agora é mostrado com fotos que até o Kamasutra duvida e com o melhor que a ferramenta Photoshop pode retocar.

Nascida em 1923, Bettie Page, como mostrado no maravilhoso filme de Mary Harron (The Notorious Bettie Page, 2005), foi a segunda de seis filhos de Walter Roy Page e a Edna Mae Pirtle. A família vivia em condicões financeiras precárias não repousando por muito tempo no mesmo lugar, com a queda da bolsa em 1929 a situacão piorou. Os pais se divorciaram em 1932.

No ano anterior Walter havia sido preso por alcoolismo e desordem. Edna Pirtle se estabeleceu em dois empregos, enviando Bettie e duas de suas irmãs para um orfanato por um ano. Aos quize anos de idade de Bettie fora violentada pelo próprio pai, quando ele havia voltado a morar com a família. Em idade tenra Page conheceu responsabilidades duras e aprendeu a tomar suas próprias decisões.

Entre o coro da igreja e o salão de beleza que Edna trabalhava, Bettie mantinha seu tempo costurando. Bettie foi considerada uma estudante excepcional. Mostrou sempre interesse pelo cinema e a vida de modelo. Coordenou um grupo de arte dramática e se formou Bacharel em Artes no Peabody College em 1943. Pernas a parte, seu trabalho fotográfico é um marco na história, tanto das fotos sensuais quanto nas técnicas de fotografia dos anos 50. Bettie morreu nesta quinta-feira 11/12/2008 em Los Angeles.

Pioneira da liberação sexual nos anos 50, até hoje é reverenciada pelo cinema, mídias em geral, músicos de rock, artistas gráficos, fãs de automóveis, tatuadores, entre tantos outros artistas/profissionais. Afinal de contas, quando nossa avó era menina, passar batom era coisa de prostituta. Quando nossas mães eram pequena, usar minissaia era coisa do diabo.

Quando nossa prima mais velha usava minissaia, ainda não podia ver filmes picantes (que hoje passam livremente em um cinema perto de você!). As coisas mudam, o mundo muda... Não fiquemos presos aos preceitos culturais de nossa época pois a vida é maior que isso e o certo e o errado só se aplica quando você fere física ou emocionalmente o próximo... Assim nos ensinou Bettie Page.

+ Continue a ler este texto