Percepção do Trabalho de Arquiteto de Informação

sábado, dezembro 26, 2009

O mercado de Tecnologia de Informação (TI) brasileiro tem um problema. Este problema não é de estrangulamento, não é mercadológico, assim como não é da falta de especialização profissional. Há muito percebe-se que o foco das empresas de TI tem sido a resolução de problemas de uma forma desordenada, rápida, produtos entregues em um processo que visa mais a impressão momentânea do cliente do que a qualidade. Impressão sim, pois os bons resultados só acontecem nos primeiros dias de uso para depois serem descobertos erros básicos, muitas vezes pela falta de planejamento ou ignorância das necessidades, modelo mental e outras características do público-alvo e/ou da tarefa e regras de negócio.

O mais triste é escutar que estes erros eram previstos pois "o que o cliente percebe é a velocidade de entrega", ou seja, há um conhecimento prévio de que as coisas vão dar errado e serão refeitas diversas vezes (o famoso refactorying), o código será refeito e rearrumado, a modelagem UML refeita, o design modificado e arquitetura de informação só será avaliada com o produto pronto. Pior que depois da análise de arquitetura, você ainda irá escutar: "- Concordo, mas agora não dá para voltar atrás, não dá para refazer esta parte do código, não dá para colocar esta informação.", entre outras frases célebres que permeiam o desenvolvimento caótico onde se quer construir o sobrado da casa antes das fundações e depois sai mais caro consertar do que fazer de novo.

O mais perigoso é a má interpretação de modelos estrangeiros como Agile, Scrum e outras técnicas que, aqui, são aplicadas através de uso literal, inflexível, quase que como uma receita de bolo. Como toda receita de bolo na cozinha de um Chef, a receita ou é seguida sem reflexão, ou é alterada ao bel prazer sem se medir as consequencias. Já pude até escutar de um amigo que a metologia scrum que utilizávamos em outra empresa era "meia-boca" uma vez que na outra empresa percebeu-se que a interpretação do material de estudo não estava correta, o que gerou a criação de um próprio processo scrum interno, adaptado à dinâmica dos projetos, pessoas e empresa. O processo chamado de "meia-boca", depois de 01 ano de insistência, passou a considerar a arquitetura de informação e o design como partes essenciais do projeto, sendo que os profissionais de TI já estavam começando a compreender o efeitos destas disciplinas no sucesso dos produtos.

As características multidisciplinar de atividades como design, arquitetura de informação, ergonomia, até mesmo a arquitetura de prédios, casas e interiores, faz com que todos de fora tenham uma opinião sem terem base científica ou de mercado. contando apenas com o "achismo". Ninguém pede a um médico que coloque o coração mais para o lado direito, ou que um engenheiro civil deve colocar a coluna na lateral e não no meio do teto.

Por que para estas outras profissões há uma vontade do palpite enquanto que para outras isto não existe? Por que não há a percepção de que existem pessoas que estudaram, possuem conhecimento avançado naquelas áreas e podem elucidar e pensar problemas que você não percebe? Por que falta a percepção que isso pode significar perda de dinheiro, de público e o crescimento da concorrência?

Isto inclusive afeta o nível salarial de arquitetos e designers que em alguns casos são muito mais especializados do que alguns desenvolvedores nas empresas (ou a hora no mercado freelance). Ah, arquitetos podem ser designers, desenvolvedores, analistas, psicólogos cognitivos, ou seja, a formação básica não tem relação com a especialização, talvez apenas com o foco.

Esta introdução abre uma série de textos que irei trazer para o blog sobre arquitetura da informação que podem servir como banco de argumentos a quem trabalha com arquitetura e design. A arquitetura de informação, ao lado do design, talvez sejam as áreas mais mal-interpretadas no mercado de TI. Não sei dizer se pela falta de compreensão ou se pela visão ensinada nas faculdade e cursos de informática, mas a racionalização de processos e os "achismos" tendem a sumir com a geração de profissionais mais jovens, principalmente pela introdução da usabilidade nas faculdades de tecnologia.

Uso também este espaço para defender a engenharia. A arquitetura de informação e usabilidade se originou na engenharia de produção na ergonomia. A engenharia de usabilidade visava a análise do uso de interfaces de máquinas, tanto em displays quanto de interfaces físicas (alavancas, botões, pedais, manuseio fino, etc.). Fiz mestrado em engenharia e portanto posso afirmar que em 90% dos casos (minha experiência) os engenheiros ainda conseguem ter a cabeça mais aberta em termos de processo do que os profissionais de informática.

Os textos não visam atacar a informática brasileira visto que tenho muitos amigos, profissionais de TI, que compartilham da minha visão. O principal é trazer informações a partir de livros e artigos que li, conversas com profissionais, palestras e congressos, para que este trabalho sirva como conscientização e reflexão do porquê é tão difícil para as empresas de TI brasileiras inovar, planejar, pensar, refletir e trazer as regras de negócio e o próprio usuário para mais perto da construção dos produtos.

Roma não foi construída em um dia, e nem um sistema de sucesso será construído em dois dias, uma semana, três meses. Faça seu planejamento ser real para que qualidade real seja atingida. Não trate a arquitetura de informação e o design como etapas inúteis ou como a fase que deixará seu produto "bonitinho", pois elas talvez sejam a parte mais importante para o seu usuário e para que você consiga competir contra produtos concorrentes que vão roubar a sua idéia e melhorá-la. Arquitetura e design são justamente as etapas que você não deve tentar acelerar, fazer de qualquer jeito ou cortar do projeto.

Nota, é papel do profissinal de arquitetura de informação e do designer tornar sua documentação compreensível a qualquer profissional envolvido com o projeto, inclusive o cliente. Se materiais como wireframes, fluxos de tarefa, mapas do sistema, mapas mentais, e outros "entregáveis" não estiverem compreensíveis, exija da sua equipe ou contratado que o material seja mais esclarecedor e menos técnico, mas da mesma forma detalhado, sem perder informações por simplificação. O bom profissional é aquele que consegue explicar o que faz para uma criança de 7 anos e ela entende.

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Crítica: 2012

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Não, não foi para testar novas tecnologias, e nem para apresentar um novo clássico, 2012 é ruim. Ruim em diversos aspectos. A quantidade de clichés cinematrográficos é tão grande que chega-se ao ponto em que fica impossível contá-los ou listá-los. Fui ver 2012 no dia em que tentei ver Avatar, mas descobri que as sessões de Avatar estavam todas lotadas. Pelo marketing entorno da produção, você acaba ficando curioso para ver o que mais um filme catátrofe de Roland Emmerich pode lhe trazer.

O filme começa como todo filme blockbuster feito para o senso comum. Um grupo de cientistas, como no "Dia em que a Terra Parou" com Keanu Reeves, abre o filme descobrindo a catástrofe iminente. No início eles não acreditam, mas quando vêem que a coisa é séria tentam convencer o governo, mas ninguém acredita de primeira. Após convencê-los, por coincidência (e para acelerar o filme) há uma reunião do G8 em andamento. Agora o presidente americano pode anunciar aos líderes mundias que o mundo vai acabar, no melhor tom dos grandes pioneiros e pastores americanos, um discurso a lá Independence Day.

Segue a introdução dos personagens que criam a empatia com a história (alguém lembrou de Syd Field?). Por enquanto nada aconteceu, a não ser rachaduras nas ruas que assustadoramente perseguem os carros exatamente na direção para onde se dirigem. De repente, quando o presidente resolve falar na TV, aí sim a Terra fica zangada e começa a destruição de verdade (pô senhor presidente, que papelão!).

Nisso seguem diversas frases de impacto como "Hoje salvamos o mundo", "Hoje a humanidade se despede" e outros clichés do discurso de filmes para as massas. Milagrosamente a energia em todos os Estados Unidos não caiu, todos estão com as luzes acesas, usam seus notebooks sem economizar energia e conseguem se comunicar por celular com o mundo inteiro, mesmo sem antenas. Um viva para os satélites!

Como se sabe, o mundo não vai acabar de verdade. Os maias, por acaso, só escreveram seu calendário até 2012, mas nunca disseram que seria o fim do mundo. De repente quando Cortez (ou foi Pizarro?) chegou para destrui-los, não deu tempo de fazer 2013? A realidade é que ninguém fala de fim de mundo neste ano em específico. Tomara que não achem no futuro aquele calendário legal na caneta colorida que eu tinha quando criança, pois ele só vai até 2040!

Quando 2012 começa eu pensei estar vendo Guerra dos Mundos de Steven Spielberg, com Tom Cruise. O pai separado que tem que cuidar dos filhos nos finais de semana. A filha adora o pai mas o filho mais velho odeia. No decorrer do filme eles vêem que têm muita coisa em comum e fazem as pazes. O herói faz as pazes com a ex-esposa e todos vivem felizes para sempre pois a tragédia acabou milagrosamente.

Depois pensei peraí, não é Guerra dos Mundos, é The Cosby Show! Nada contra, o bisavô da minha mãe era afro-brasileiro casado com uma mulher branca, mas colocar todo o elenco de "líderes do filme", todos como afro-americanos? Por favor expliquem o porquê. Por causa da eleição do Obama? Não sei... Sei que é a terceira vez que vejo a cara de Danny Glover suja de pó branco (a primeira foi em Máquina Mortífera e a segunda em Predador II).

Quando fazia arte sequencial (lê-se quadrinhos), normalmente guardava uma caixa de imagens de referência para desenho de pessos e objetos. A impressão que tive ao ver 2012 é que pegaram essa caixa de referências e simplesmente usaram para fazer um filme. Lembra daquelas mesmas imagens que aparecem em todos os filmes catástrofe, por exemplo, muçulmanos rezando em Meca ao redor do cubo, multidão no Vaticano, judeus no muro das lamentações, não é brincadeira, as imagens são exatamente as mesmas em todos os filmes, para dizer que a população mundial se uniu contra a tragédia.

Agora vamos a alguns bloopers. Na India, o amigo de Adrian Helmsley estuda a movimentação das placas tectônicas com computadores altamente sofisticados enfiados em uma mina, com um pequeno ventilador branco em cima da mesa, enquanto o cientista-chefe coloca gelo nos pés! Meu Deus, os computadores têm coolers alienígenas? Como são refrigerados? E os computadores com interfaces complexas de globos em 3D que se atualizam em tempo real? Onde eles arranjam esses brinquedos maravilhosos? (citando Coringa). E na decisâo de abrir as portas, os americanos sâo os ùltimos a decidir fazer a coisa certa.

Outra coisa que me incomoda é por que o personagem de John Cusak nunca jogou na loteria federal americana. Quando o chão está desabando no último segundo o avião sobe. Quando o viaduto está caindo, no último segundo o carro passa, quando o trailer cai no buraco, no último segundo ele pula! Meu Deus cara, vai pra Las Vegas! Será que não podiam pelo menos ter disfarçado isso né? E fala a verdade, a garotinha usou fraldas no início do filme só como pretexto para fazer a piada de fechamento da produção...

Parabéns também à equipe de product placement que não tentou esconder nada. A Sony deve ter pago um dinheirão para que todos os notebooks no filme fossem Sony Vaio. Não vou nem falar do carro Bentley. Aliás, quanto a Globo pagou para aparecer no filme? Para piorar todo termo americano foi traduzido como algo "familiar" à cultura brasileira, o que soa ridículo (trocar Kumbaya por "cantar um coro"), já é tempo de estarmos familiarizados com os termos usuais dos filmes que vemos, não precisa inventar termos abrasileirados.

Filmes encomendados à parte, os efeitos especiais são muito bem feitos, é fantástico ver toda a destruição tão bem produzida pela equipe de pós-produção (com exceção dos cromaquis - fundos verdes - quando os atores estão em cena, principalmente viajando de carro, muito mal feito). Não vejo a hora de receber minha revista Cinefex para ver como foram feitas as cenas de desabamento.

O que ainda me incomoda nos efeitos de certos filmes como este e Avatar, é o uso de técnicas de renderização de radiosidade e/ou tipo v-ray que fazem com que todas as cenas de efeitos tenham um tom escurecido, acinzentado e com sombras exageradas. Você nunca vê uma cena de efeitos em campo muito aberto, muito de perto e/ou com luz do sol muito evidente. Isso iria deixar o visual de 2012 com cara de Toy Story.

Minha reclamação vai mais uma vez à equipe do Cinemark Botafogo que estava extremamente desorganizada neste dia pois não conseguiram administrar a quantidade de pessoas nas salas de cinema para ver o filme Avatar.

Poucos funcionários e medo de que pessoas entrassem em salas sem pagar fez com que fossemos enviados a porta de emergência para sair pela parte de trás das salas, sem ninguém da rede Cinemark para nos guiar pelas escadas. Tinham velhinhas nas salas com netos que estavam com dificuldade de descer as escadarias e diversas pessoas perdidas sem saber como sair no mesmo andar em que estavam. Cinemark está cada vez mais piorando os seus serviços, esta minha experiência foi péssima.


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Crítica: Avatar 3D

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Por um milagre daqueles que acontecem de repente, consegui ver Avatar em 3D na primeira semana. Um amigo comprou os ingressos com antecedência e não pôde ver, portanto o ingresso a mais ficou para mim. Cinema lotado, semana lotada, Avatar é a sensação da semana nos cinemas de todo o país. É um deleite visual tanto para o cinéfilo quanto para os que vão ao cinema por passatempo. Mesmo sabendo que não passa de um exercício de James Cameron para testar a nova tecnologia, vale a pena conhecer o mundo de Pandora, seus clichés, sua semelhança com outros filmes ou os sons e modelos 3D aproveitados pela Industrial Light & Magic (ILM) a partir de outros filmes feitos no passado.

Antes, um pouco de história do cinema. Lawrence da Arábia (Peter O'Toole) é enviado como espião para verificar o avanço dos árabes na luta contra os turcos durante a I Guerra Mundial. Lawrence eventualmente consegue unir várias tribos árabes na luta contra o império otomano ao lado de um general britânico. Agora pense bem. Um estrangeiro é enviado para conhecer e espionar um povo. Este se identifica com a cultura e com a causa e, através do seu carisma e vitórias, consegue unir tribos para lutar por um objetivo em comum.

Avatar conta a história do fuzileiro naval Jake Sully que fica paraplégico no campo de batalha. Seu irmão é um cientista em um projeto secreto do governo na busca de novas fontes de energia em um planeta distante. Neste planeta os cientistas humanos tentam uma aproximação maior com os nativos, os Na'vi, se passando por seres da espécie através de uma técnica chamada Avatar. Os avatares são corpos alienígenas criados geneticamente mas que não possuem consciência, ou seja, são inertes até que uma consciência humana seja transmitida a eles por um sofisticado maquinário que lembra Matrix.

O irmão de Jake morre em campo, e como o avatar está programado para o DNA da família, só Jake, irmão gêmeo, pode substituir o irmão no controle do ser. Jake aceita a missão e trabalha para os cisntista enquanto uma empresa inescrupulosa e um general linha-dura pedem que ele investigue o povo desconhecido e suas intenções de se mudar do local onde há mais minérios. Eventualmente Jake simpatiza com a raça indígena local e resolve protegê-los custe o que custar.

Diferente de técnicas convencionais de motion-capture como as utilizadas por Robert Zemeckis (revolucionárias na época), onde o ambiente digital é adicionado após os atores, a nova camera de James Cameron permite observar nos monitores como os personagens virtuais interagem com o mundo digital, tudo em tempo real, da mesma forma como é filmado em locações reais. É possível voar por cima da cena, mudar ângulos, é como uma miniatura viva.

Outra técnica é um novo recurso que permite captar expressões faciais com uma câmera na frente da face do ator transmitindo os movimentos ao computador. Também era possível aos atores interagir com os seres virtuais no set de filmagem. Peter Jackson, Steven Spielberg e Geroge Lucas chegaram a visitar os sets de Avatar para ver a nova tecnologia em operação.

Agora vamos parar para analisar o áudio-visual. Por ser um exercício, talvez James Cameron não tenha se preocupado em disfarçar certas "reciclagens" de outros filmes. Os sons dos animais na floresta de Pandora são exatamente os mesmos utilizados na série Jurassic Park. Os gritos do velociraptor, o ataque do T-Rex, todos os sons foram aproveitados de forma explícita. Muitos dos modelos 3D de naves e mechas (lê-se 'mekas', os robôs que permitem um homem dentro), são aproveitados de filmes como Matrix (nã osei se a ILM fez Matrix, mas o conceito é idêntico).

Os Na'vi são o povo de Apocalypto de Mel Gibson (a diferença é que, diferente de George Lucas que cortou os Wookies no meio para fazer Ewoks, Cameron fez um smurf gigante). Ah, e tem a comemoração do final do Retorno de Jedi quando a batalha é ganha (alguém falou nas casas iluminadas no topo das árvores?).

Alguns clichés são as cenas de romance (como a alienígena sabia o que era um beijo?), o se apaixonar por outra espécie, o estrangeiro (ou inapto) ser o "the chosen one", Jake dominar uma fera alada que só os grandes da tribo já tinham domado, o general louco que força a barra da guerra e ainda o homem de negócios interpretado por Giovani Ribisi que lembra o personagem de Paul Reiser em Aliens (toda vez que Sigourney Weaver levantava da cama do avatar e acendia um cigarro eu me lembrava da Sgt. Ripley).

Não senti muita diferença no uso do 3D, apesar de meus amigos terem percebido mais efeitos de profundidade do que eu. A impressão que tive é de assistir ao antigo brinquedo americano View Master, só que em uma tela grande. Claro que muitas cenas levantaram piadas. A pintura de Jake que nem a do grupo Timbalada, onde estavam os Na'vi gordos, a Ana Lucia de Lost (Michelle Rodriguez), Sam Worthington que não consegue ser humano no cinema, os Nazguls (Senhor dos Anéis) pilotados pelos Na'vi, as plantas de fibra ótica, a árvore da vida do parque da Disney, entre outros. Ainda me incomoda todo alienígena do cinema ser humanóide (o que em Avatar é até que justificável). A semelhança com atores reais foi desnecessária (a cara de Sigourney Weaver no Na'vi vai me dar até pesadelos).

Reaproveitamentos a parte, o filme tem um visual fantástico e uma idéia forte sobre a ligação com a natureza. Pandora não mostra a baboseira espiritual de "Gaia" ou qualquer outra teoria hippie de conexão com a Terra, a união dos Na'vi com seu mundo, plantas e animais, é física, é uma rede neuronal, é algo palpável e real. O design é maravilhoso, a criação de híbridos de criaturas com plantas, a floresta detalhista, o trabalho de 3D super elaborado, tudo acrescenta à obra de Mr. Cameron.

Meus parabéns aos cinemas da rede Kinoplex (fui no da Tijuca pela primeira vez). Não achei as cadeiras tão confortáveis, mas as salas são excelentes, tudo bem organizado e as pessoas viram o filme quietas, sem falar muito ou comer pipoca do meu lado (thank god...). Os novos cinemas do grupo Severiano Ribeiro são uma boa opção contra os cinemas da rede Cinemark que não acompanharam as mudanças visuais e organizacionais das salas mundiais.



[Avatar Dublado]

Esta semana fui ver Avatar de novo, desta vez dublado, no UCI do New York City Center na Barra da Tijuca. Ver o filme dublado permite reparar em diversos elementos da construção visual que antes passaram despercebidos por causa das legendas. Mesmo falando inglês desde os 8 anos de idade, é difícil desviar os olhos daquela coisa amarela piscando na área inferior da tela, acaba chamando muito a atenção, como um banner chato.

No inicio você se sente estranho pois, além da falta de sincronização labial, as vozes parecem não pertencer ao filme. A trilha dos diálogos é eliminada mantendo os efeitos sonoros, mas percebe-se claramente que foram gravações diferentes, usando equipamentos diferentes, pois a dublagem é mais nítida e menos "estéreo" do que os demais sons. Entretanto, depois de uns 20 minutos já não se repara mais.

Claro que as falas dos Na'vis não foram dubladas, uma vez que a censura do filme é de 12 anos. Uma pena ver pais descerebrados levando crianças de menos de 9 anos para um filme destes sem saber do que se trata. Havia várias crianças pequenas na sala para ver os "bichinhos azuis", e quando a batalha realmente começa você vê os pais tapando os olhos das crianças, olhando de rabo de olho, levando a criança para fora do cinema ou reclamando da violência.

Pais, por favor verifiquem a censura! Na censura de 12 anos, menores podem entrar com os pais, mas isso não significa que se pode levar uma criança de 4 anos para ver pessoas explodindo, levando flechadas e se agredindo. Mas para pais aculturados, se o McDonalds vende os bichinhos então é filme de criança (da mesma forma que desenhos animados e quadrinhos adultos). Esses pais qualquer dia vão comprar gibi do Milo Mainara para seus filhos "por engano".

Creio que o problema maior na dublagem foram os dubladores conhecidos. A voz do chefe da mineradora é feita por Nizo Neto, o filho de Chico Anysio e dublador de Ferris Bueller. Toda vez que Nizo abria a boca eu lembrava de Matthew Broderick. Não encontrei quem foram os demais dubladores, mas a direção foi feita por Guilherme Briggs. E por favor caro Guilherme, por que os Na'vis falavam com sotaque de Recife? Tudo bem, meu pai é de Pernambuco, mas fica difícil engolir esses aliens com sotaque nordestino.

Apesar da dublagem não atrapalhar, a tradução é perturbadora. A péssima tradução poderia ser feita de forma limpa, clara, no entanto a tradução me lembrou Batman quando Robin grita Kawabanga e aqui foi traduzido como "Uh tererê". Durante todo o filme você vai escutar gírias cariocas e outras expressões brasileiras como "vamos nessa", "sujou", "filhinha, este é meu video", "meu querido", "chocante", "manero", "beleza", entre outras.  Isso é um grande erro até por que gírias são organismos vivos, daqui a cinco anos os adolescentes vão querer ver o filme e não vão entender. Opte por coisas neutras e seu trabalho se torna atemporal e menos ridículo. Por isso existem as dublagens toscas que vemos hoje na TV, de filmes como De Volta para o Futuro, tudo refeito. Saudade das dublagens clássicas...

Apesar da raiva de ter meus dois primeiros parágrafos apagados pelo Blogger (blogspot) por erro de sistema do Google, esta foi uma tentativa de replicar os dois primeiros parágrafos deste texto de atualização. É complicado quando você desenvolve uma linha de pensamento e os responsáveis pelo sistema não criam um mecanismo eficiente de backup que salve o seu texto em casos de crash no servidor ou erros de desenvolvimento.


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Crítica: Nova York Eu te Amo

segunda-feira, dezembro 21, 2009

É cada vez mais difícil ver um filme no Grupo Estação uma vez que a maioria dos filmes só são lançados nos cinemas cariocas com grande atraso em relação ao mercado estrangeiro, o que acaba me levando a ver os filmes com antecedência de outras formas (nada de pirataria por favor, há outros meios de ver filmes inéditos no Brasil). Quando falo atraso, são grandes atrasos, meses. Mas hoje tive a sorte de ver um filme que há muito esperava, "Nova York, Eu Te Amo" (New York, I Love You, 2009).

O filme faz parte de um projeto do francês Emmanuel Benbihy entitulado "Cities of Love", e já teve seu primeiro título em "Paris, Eu Te Amo" (Paris, je t'aime). Inclusive haverá o "Rio, Eu Te Amo", no mesmo estilo (confira: http://www.omelete.com.br/Rio_Eu_Te_Amo), pequenas histórias de amor (no sentido de afeto e não necessariamente romance), interligadas pela vontade humana de fazer parte da vida do outro, de ser aceito, de manter a felicidade e fazer a coisa certa (mesmo quando se faz as coisas erradas).

O filme lembra diversos filmes de "contos da cidade", muitos inclusive recentes, onde os personagens não se conhecem mas de alguma forma possuem ligações e aos poucos percebem como até um enconto casual pode mudar a vida de quem conversa conosco por 2 minutos, mesmo sem nunca nos tornarmos íntimos. É talvez um novo gênero, digo, um gênero antigo que se firma no ideal cult de Hollywood (onde mais você conseguiria juntar tantos atores talentosos? Em 2012? Não creio...).

Todos os pequenos trechos são excelentes, mas me emocionou mais o garoto no baile de formatura, a conversa entre a judia e o indiano, e ainda o casal de velhinhos. Outro episódio com Hayden Christensen mostra que em NY, você sempre vai achar alguém melhor que você. Já a judia interpretada por Natalie Portman, junto ao indiano Irrfan Khan (Natalie é israelense de verdade) mostra as diferenças entre pessoas, entre culturas, as perguntas dos porquês e ao mesmo tempo a aceitação das tradições com um sorriso no rosto. Acho que esta é a melhor definição de Nova York, um local onde as culturas se entendem e onde tudo pode acontecer.

O melhor deste estilo não são apenas as mensagens, mas a aula de teatro que faria Stella Adler e Stanislavski sorrir em suas tumbas (pardon Lovecraft), uma aula de interpretação e um exercicio e respiro mais do que merecido para alguns atores que são obrigados a fazer filmes para o senso comum (de vez em quando), para sobreviver ao seu estilo de vida. Você pode ver a lista de atores no IMDB (http://www.imdb.com/NY) .

Destaco a linda e doce Blake Lively no papel da menina deficiente e a linda, inteligente e talentosa Natalie Portman. Esses elogios não são de fã e nem despropositados, Natalie pula de um blockbuster a um filme de arte, da atuação a direção, de ensaios fotográficos da alta costura à cabeça raspada em V de Vingança, da conversa boba e besteirol para a seriedade da psicologia que aprendeu em Harvard. Se encontrarem uma "Natalie" no Brasil por favor me apresentem. Frau Portman inclusive dirige um dos episódios de "Nova York, Eu Te Amo". Não jogaria fora também Emily blunt, minha nova Zooey Deschanel.

Quem está muito em alta agora, além de Shia LeBouf, é Anton Yelchin. Depois de Chekov em "Star Trek" e Kyle Reese em "Exterminador, A Salvação", Anton entra em mais um filme destaque da temporada.

Mais elogios e gratidão vão também a Anthony Minghella pelos grandes filmes e por um dos episódios mais emocionantes desta obra onde uma atriz reflete todo o seu passado esquecido pelo mundo, na criação de um garoto deficiente (Shia LeBouf) auxiliar do hotel (se eu explicar estrago a reflexão). O bom deste episódio é ver novamente o saudoso John Hurt.

Se você gosta de entender a atuação, o processo narrativo e os estilos de diretores, como eu gosto, não perca "Nova York, Eu Te Amo". Nota de rodapé, visitar Nova York o mais rápido possível, pegar o tour cinematográfico e voltar lá diversas vezes!

Uma pena que ainda se encontre problemas básicos nos cinemas do Grupo Estação como a visualização das cadeiras na compra do ingresso não corresponderem ao posicionamento dos assentos nas salas, obrigando você a escolher às cegas se não conhecer o recinto. Outro problema é um grupo de tradição artística, de filmes cult, se render aos comerciais antes do filme. Se estou pagando R$ 16,00 para entrar, tenho o direito de não ver propagandas para que o cinema ganhe ainda mais dinheiro às minhas custas.


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Crítica: A Onda (Die Welle)

domingo, novembro 08, 2009

Normalmente eu não elaboro críticas de filmes que vejo em casa, mas apesar de me incomodar filmes repetitivos (cujo conceito já foi trabalhado diversas vezes), os filmes europeus que envolvem estudantes em uma posição crítica da sociedade sempre me surpreendem. Aconteceu recentemente com Entre os Muros da Escola, e agora novamente com A Onda (Die Welle). O filme é baseado em fatos reais, uma experiência chamada "The Third Wave" onde o professor Ron Jones questionou seus alunos sobre a origem de um movimento como o nazismo. A história já foi retratada em 1981 em um média-metragem para a TV.

A Onda fala de uma escola alemã (note que na Alemanha a maioria das escolas é mista, ou seja, não há uma divisão entre ricos, pobres, classe média, na maioria das vezes todos estudam juntos). Na escola, diferente do Brasil, os alunos são obrigados a escolher matérias eletivas, e uma dessas matérias é política, cuja classe é dividida entre autocracia e anarquia. O Prof. Wenger é um roqueiro invicto e quer pegar a turma de anarquia, mas o direto da escola o coloca entre os autocratas.

Wenger tem a idéia de lançar uma pergunta, seria possível um movimento ditatorial fascista surgir novamente na nova Alemanha? Os alunos dizem que não, dizem que deve-se viver para o povo e pelo povo. Nesta construção de comunidade, o preconceito contra os de fora, a expulsão de "traidores", a recriminação de idéias progressistas, tudo começa a sair do controle de Wenger até um ponto em que a massa se torna atraente demais para ser freada.

Como sempre digo, em arte nada se cria, portanto as referências estão espalhadas pela produção. As camisas brancas criticando o movimento Rosa Branca (critica-se o poder, mas se você estivesse no poder, o que aconteceria, seria a mesma coisa?), o filme de Julia Jentsch como Sophie Scholl (os panflhetos espalhados pela escola), os documentários nazistas (a câmera atrás da cabeça do professor mostrando a turba obediente), o garoto problemático (que me lembra Gus Van Sant), entre outras referências e técnicas clássicas do cinema ficção e documental.

SPOILER - Certas coisas no filme são um pouco forçadas. O garoto geek que é perturbado e leva armas para a escola, os bullies, os punks produzidos, os grupos em A Onda são estereótipos da sociedade alemã que normalmente você não vê com tanta frequencia andando pelas ruas (talvez nas cidades maiores).Também os alunos podendo perambular pela escola no meio da noite para tirar cópias e usar equipamentos escolares, e ainda, grafitar toda a cidade só correndo pelas ruas. Será que isso é tão fácil numa grande cidade alemã? Eu não vi isso quando fiquei lá por um mês.

já citei em posts anteriores o problema manipulado por Anna Freud. O descontentamento das massas, o desemprego, inflação, pobreza, enstrangeiros, existem diversos motivos para que pessoas descontentes sucumbam às idéias de um líder influente. Vemos isso nas prisóes americanas, na II Guerra Mundial, em países comunistas e socialistas, e em diversas outras situações. o problema não é julgar o movimento, a ideologia, o problema são as pessoas, estamos lidando com seres humanos que possuem comportamentos estranhos quando em cojunto, e mesmo o líder toma a posição do controlador, o führer, todas os seus julgamentos se tornam deturpados e inconsequentes.

Citando casos recentes, como a diretoria de uma universidade como a UNIBAN controlaria uma turba de estudantes caçoando de uma colega ou chutando o carro de outra? Melhor, por que a diretoria abraça a causa da massa e julga as estudantes sem reprimir o grupo? Não pense nisso como uma revolta, mas como um experimento psicológico. Você usaria a demagogia para apoiar e ter apoio do grupo, ou protegeria o outsider? No Brasil os políticos usam da demagogia para atrair os descontentes, e talvez só não chegue a uma ditadura por causa das pressões internacionais (quem conhece história sabe que o Brasil sempre jogou dos dois lados, Olga que o diga).

Destaque para a atriz brasileira Cristina do Rego, a rebelde rastafari que contesta o professor. Também as lindas atrizes alemãs Jennifer Ulrich, Odine Johne e Amelie Kiefer. Nota pessoal, o visual dos atores e locações está mais para subúrbio inglês do que o universo alemão (mesmo das cidades pequenas).

O média-metragem de 1981: http://www.youtube.com/watch?v=fwZdYuqKGdE&feature=related
O experimento original: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Third_Wave (em inglês)


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Crítica: Distrito 9

sábado, novembro 07, 2009

Quando fiz mestrado tive um professor chamado Ronaldo. O Prof. Ronaldo fez com que nós fizéssemos um exercicio em ergonomia chamado "Caminhada da Empatia". A caminhada da empatia consiste em uma entrevista informal e amiga com alguém fora de sua realidade, social, cultural, emocional, etc. Esta pode ser uma prostituta, um morador de rua, um travesti, um refugiado, um morador de bairros perigosos, qualquer um cujo choque de realidade seja suficiente para mudar sua forma de pensar em relação ao outro, sobre aquelas coisas que você acha que aquelas pessoas são ou fazem.

Distrito 9 é um filme político. A novidade foi trazer a ficção científica para falar abertamente sobre o que podemos ver em qualquer país, inclusive no Brasil. Seja o medo daquilo que é "estrangeiro", o descaso com o que não nos afeta ou a perda de civilidade de um grupo que perdeu as esperanças dentro de um universo contra o qual eles não conseguem lutar.

Não é só contra grupos marginalizados. Quando sento em uma mesa com amigos mais tímidos, ou que não conhecem ninguém, puxo estes para dentro da conversa, nunca os deixo deslocados, mas creio que essa "marginalização" do próprio "amigo" acontece com muita gente sem mesmo perceberem. A própria empatia de uma autoridade menor, como um policial de rua, com um individuo pobre, mostra como a truculência pode sair ao controle (Zimbardo em Stanford que o diga, será que amizade depende de uma situação de igualdade? Não se pode ser amigo do diferente? Do menos hábil?).

Distrito 9 trata de uma nave alienígena que quebra em cima da cidade de Johannesburgo na África e paira por 3 meses até que o governo decide abrir suas portas lacradas. O governo descobre entãio que estão diante de quase 1 milhão de seres em más condições pois por 3 meses não tiveram comida, energia, produtos de higiene, como náufragos em terras desconhecidas. As autoridades decidem trazê-los para o chão e cria um assentamento embaixo da nave.

Aos poucos o assentamento se transforma em uma enorme favela descontrolada, grades e muros são colocados no entorno, a violência é enorme, a criminalidade se acentua. Para resolver este problema o governo decidade que fará um reassentamento dos alienígenas em outra região, mas para isso tem que despejá-los e deslocá-los, o que não é de interesse dos ETs. Ao bater de porta em porta na favela junto a uma tropa de choque, o chefe da operação entre em contato com uma substância diferente é daí começa a ação.

Atenção, SPOILERS. Como pode se ver no filme, a empatia só aconteceu no momento em que um humano começou a se transformar em um dos seres oprimidos. Todo o preconceito e pré-conceitos sumiram dando lugar a uma guerra por proteção aos direitos, um sentimento que creio eu muitos sentem ao decidir proteger o próximo.

Um bom exemplo são mães de classe média alta da zona sul carioca se juntando a mães pobres da Vila do João por que ambos filhos sumiram ou foram mortos por causa da violência. A empatia, a consciência da existência parece só ser percebida quando precisamos passar pelas mesmas emoções de perda.

A mensagem do filme é muito boa, mas esteja avisado que o filme é extremamente violento. E não podia ser diferente. A violência não é gratuita, ela é contextual e, sem quere entrar no mérito de citar Anna Freud e Edward Bernays, o maior medo do governo americano pós depressão e no pós-gerra, era que a população saísse de controle por causa de ansiedades, depressão, tristezas, o American Way of Life foi um produto de pesquisas onde foi implantado um sistema comportamentalista para que o americano comum estivesse feliz com sua condição, apoiasse o governo, apoiasse o crescimento.

Isto não é um discurso Marxista (odeio intelectual de botequim), mas se você ver (ou baixar na internet) documentários de Adam Curtis, vai ver que isso foi real e bizarro. Como controlar uma população que pode ficar descontente e sair do controle, sem necessariamente ter que gastar dinheiro com eles? Pela força? Julgando criminosos somente pela "falta de caráter"? Parece que as autoridades e senso comum acham que sim.

Você começa o filme simpatizando com a própria raça, no meio fica na balança, mais para o final fica do lado dos aliens e no final do filme torce para que Peter Jackson produza a parte II e Christopher volte com seu filho após 03 anos para resgatar seus compatriotas.

O filme não é tão bom assim, é um típico filme com uma idéia excelente e um encadeamento ruim. O chefe da operação parece mais um personagem de Sacha Baron Coen e os alienigenas são nojentos e rápidos demais para ajudar o espectador a compreender melhor a cena sem se preocupar em perder a história ou virar o rosto.

SPOILER - Se não bastasse isso, ainda tem o exoesqueleteo da tenente Ripley, ou um mecha de Ex-Machina no final do filme. Também não me agrada muito este conceito artistico de todo alineígena ter que parecer um inseto e ser nojento (foi feito para ampliar a repulsa do espectador que fica na balança?). O filme também me lembrou o mexicano La Zona de Rodrigo Plá por causa da expansão da favela e isolamento do problema.

Bem, em Hollywood nada se cria, tudo se copia. Nota 10 por terem escolhido Johannesburgo como locação. Manteve os curiosos longe das filmagens, usou pessoas da região e conseguiu transformar o filme em surpresa, algo que em Hollywood é quase impossível hoje em dia com todos os papparazi, jornalistas, curiosos, fãs e outros que estragam a emoção do boca-a-boca que existia nos anos 70 e 80.


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Crítica: Bons Costumes

sexta-feira, novembro 06, 2009

Parece que os melhores filmes que vejo sempre são aqueles que eu descubro quando vou ao cinema sem intenção, sem planejar, de surpresa. Hoje tive que esperar alguns amigos por duas horas e para matar o tempo resolvi entrar no Espaço de Cinema do Grupo Estação para ver Bons Costumes (Easy Virtue), um filme de época na melhor tradição inglesa.

Eu tinha duas horas, portanto tinha que ser o filme que estivesse começando naquele minuto. Li no cartaz que era com a Jessica Biel e comprei meu ingresso (Jessica não teve lá um inicio de carreira muito bom, mas por que não testá-la mais uma vez se O Ilusionista foi tão bom?).

Apesar de desde meus 8 anos de idade a minha relação com o inglês ter sido 80% dentro da cultura americana, me fascina o jeito inglês do inicio do século 20. A pomposidade, o sotaque aristocrata e é claro, as mentes livres que ousavam transgredir a sociedade (muito comum nos E.U.A., mas raro em terras britânicas). Este filme não tem nada de novo. Você já viu a aristocracia inglesa em diversos filmes, Adorável Julia, Howard's End, Muito Barulho por Nada, mas é sempre um prazer ver no cinema interpretações dignas de palcos shakesperianos e fazendo valer tudo o que Stanislavski escreveu.

Você vai ver o choque da cultura americana free spirit, a mãe manipuladora (pode-se dizer que a sociedade inglesa era matriarcal por suas rainhas?), as "irmãs de Cinderela" que nunca conseguem nada e são vencidas pela outsider, e o marido infeliz que é indiferente (mas não covarde) aos problemas do orgulho besta do restante da família.

Há muito tempo aguardava ver Dorian Grey com Ben Barnes (o príncipe Caspian de Narnia) e Colin Firth, mas velos juntos em mais um filme foi uma boa surpresa. Kristin Scott Thomas (A Outra - Boleyn Girl) deixa de lado o papel da mulher bonita sedutora da década de 90 e amadurece em papéis que até então eram dados para mulheres como Helen Mirren. O elenco de apoio, criados, vizinhos, trazem um toque de humor e de sarcasmo digno dos melhores textos de Oscar Wilde.

Não preciso nem falar muito de Jessica Biel. São aqueles filmes que te fazem perguntar se essas mulheres são assim mesmo na vida real. Um deleite visual ver as roupas de época no corpo curvilíneo da namorada de Justin Timberlake.

O filme valeu cada centavo (ainda mais agora sem carteira de estudante), e eu ainda saí do cinema pensando em tudo o que eu posso usar para forçar meu sotaque britânico. Um respiro em meio aos blockbusters que vi essa semana. Rosane Gofman, Tablado e CAL que me perdoem, mas se um dia os atores brasileiros não alcançarem esta excelência, tanto no talento quanto no ensino e aprendizado, sempre teremos os "atores de novela" fazendo cinema e teatro sem ter a mínima noção do que é interpretar para um público que quer mais cultura, e não mais do senso comum que atrai massas.


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Crítica: Bastardos Inglórios

segunda-feira, novembro 02, 2009

Um bom artista sabe diversificar suas obras, ou seja, se sente bem com um novo "produto", algo diferente que possa lhe trazer experiência. Na minha profissão é ótimo fazer o design de sites de e-commerce tanto quanto é bom fazer um site para uma rádio, entretanto, manter-me nos e-commerce geraria uma estagnação das idéias a ponto de criar o vício em técnicas, referências, etc.

Bastardos Inglórios não é um filme ruim, é um “Tarantino” da melhor qualidade, mas não é possível deixar de ver uma cena sequer sem se perguntar: É Pulp Fiction? É Cães de Aluguel? O filme dividido em atos, acontecimentos não-lineares, a mulher que quer vingança, a música a la Ennio Morricone, o diálogo canastrão (em interpretações memoráveis e engraçadas), tudo está lá para você ver de novo.

Bastardos Inglórios conta a história de um grupo de soldados americanos descendentes de judeus que, como os boina verdes no Vietnam, entram em território inimigo com alguns poucos homens para uma missão suicida, neste caso, matar 100 alemães cada um. Ao mesmo tempo uma mulher judia, sobrevivente do massacre de judeus na França, se esconde em um cinema sob outro nome enquanto prepara uma vingança inesquecível para aqueles que mataram sua família. O destino de todos irá se cruzar de uma forma tragicômica que irá surpreender até Joachin Fest.

Ter um Tarantino novo nos cinemas é tão excitante quanto saber que Woody Allen, Almodovar ou Steven Spielberg estão lançando um novo filme. São diretores que costumam acertar em 80% das vezes (senão mais), independente se você acha um mais “comercial” que o outro. Cenas e frases viram cult, viram jargões, entram para a história. Mas e se você tem mais do mesmo?

Diria que isso é um problema, mas no caso destes diretores, a fórmula parece dar sempre certo. Você sabe o que vai ver a seguir, mas você não liga. Da mesma forma, os atores milionários também não ligam e lutam por uma vaga nas produções independentes ou de baixo orçamento de diretores consagrados.

Quem me conhece sabe que sou um admirador da cultura alemã e fiquei muito feliz em ver atores conhecidos do cinema alemão e austriaco como Christoph Waltz, Daniel Bruhl (de Edukators e Adeus Lenin),Til Schweiger (de Agnes e Seus Irmãos), Gedeon Burkhard (o inspetor de policia do seriado Kommissar Rex) e Christian Berkel (que interpretou nazistas em A Queda, Operação Valquíria, Milagre de Saint'Anna e agora Bastardos Inglórios).

Não obstante, ao lado deste fantástico elenco germânico estão pequenas estrelas da tv americana contracenando com um Brad Pitt fanfarrão, em um papel memorável. Destaque para B.J. Novak, astro da série remake The Office com Steve Carrel. E para mais uma vez firmar minha crença, Melanie Laurent aparece em tela provando que as mulheres francesas são mais naturais, mais bonitas, mesmo sem maquiagem e despenteadas

Clichés "tarantinescos" a parte, Bastardos é um exercício dentro de um gênero que está sem criatividade desde que O Resgate do Soldado Ryan chegou aos cinemas em 1998. Não que seja algo novo, é o Quentin de sempre, mas ver guerra ao estilo Quentin, Luciano Vincenzoni, Sergio Leone e John Ford, não tem preço. Chega de câmeras pulando, películas desbotadas e recrutas gritando pela mãe, os Bastardos querem se vingar, ver sangue, tortura, escalpos, sem pedir para voltar para casa (e tudo ao som de David Bowie).

Claro que nenhum oficial do socialismo nacional iria agir como Christoph Waltz, mas assim como em O Grande Ditador ou Primaver para Hitler, é ótimo ver um nazista bem-humorado com sua própria condição de carrasco, lutando para sobreviver, não importa de que lado esteja.

Uma das cenas finais com Brad Pitt e Waltz ao rádio com o oficial americano é uma escola de teatro. Aliás, que me desculpem aqueles que não falam inglês (ou que não gostam de legendas), mas os sotaques e as entonações caricatas são 80% da diversão.

Trazer de volta esta "fanfarronice" nos diálogos, típica dos filmes da década de 40 e 50, foi uma ótima idéia para Bastardos. Até mesmo o aspecto sedutor de mulheres como Lauren Bacall está presente no último ato, na interpretação de Melanie Laurent. O queixo de Brad Pitt a la Marlon Brando é outra caracteristica sensacional da construção do personagem.

Enfim, assim como em Benjamin Button, não espere algo diferente (Button teve o mesmo escritor de Forrest Gump e isso ficou escancarado na tela), mas acredite, você vai se divertir muito, rir, torcer, ficar com raiva e até mesmo gravar algumas frases para o seu repertório. fique agora com a crítica de Isabela Boscov.


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Frases RockGol

sábado, julho 11, 2009

Nós navegamos na internet procurando frases do RockGol (do Paulo Bonfá e Marco Bianchi), mas é sempre um "parto" encontrar um site ou blog que cite mais de 10 frases da dupla. Resolvi então pegar minhas anotações de pelo menos 02 anos e publicar aqui, com as frases mais engraçadas do programa. Sem cortes e sem censura! Se a MTV, Paulo ou Marco quiserem cobrar direitos autorais, me avisem! E visitantes do blog, se souberem de mais frases comentem! Ah, e para quem quer a letra das musiquinhas, deixa pra outra hora...

  1. Tirem as crianças da sala, Rock Gol está no ar.
  2. Você que gosta de rir, você prefere um grande Cômico? Ou já basta um Comicozinho?
  3. Você já foi campeão, mas seu sonho é ser bi?
  4. Você prefere café de máquina, ou no cuador é mais forte?
  5. Se o amor é cego, o negóço é apalpar.
  6. Só médicas gringas, fisioterapeuta da Alemanha, ortopedistas americanas, massagistas do peru.
  7. No fundo todo atleta quer ver o treinador de cabeça em pé.
  8. Você cresceu na mão do seu Chefe.
  9. Grande abraço para todo mundo que for da sua familia, for da sua profissão, for da sua empresa.
  10. Sexo é que nem baralho, se você não tem como cobrir, é bom ter uma boa mão.
  11. Essa voz linda de locutor de supermercado.
  12. Ronaldinho Fenômeno é que nem tubarão branco, de vez em quando come homem.
  13. O cara é mó cabeção. A cabeça do cara já foi até invadida pelo MST.
  14. É inegociável, invendivel e imprestável.
  15. Ainda bem que o mundo é oval por que se fosse uma bola seria um saco.
  16. Tragédia do Jogador português que tentou cometer suicidio e acabou matando o irmão gêmeo.
  17. Por trás desse sujeito calmo e pacato, existe um vibrador?
  18. O pum é apenas o mensageiro de que vai dar merda.
  19. Os caras que comem luz vão para os Estados unidos, por que lá a luz é light.
  20. Por que você está espalhando por aí que a Julia é idiota? - Por que ela não pediu pra guardar segredo.
  21. Se comprar bastante carne, acho que dá pra 20 comer?
  22. Clássico é clássico e vice-versa.
  23. Um poema: Eu cavo, tu cavas, ele cava... Não é bonito, mas é profundo.
  24. É fazendo merda que a gente aduba a vida.
  25. A prática de mosquitênis só precisa de 3 itens, uma raquete de mosquitênis, um jogador e um mosquito.
  26. Quando o carro fica sem bateria, o lance é fazer uma chupeta?
  27. Você pede ao seu barbeiro, desfia na frente e pica atrás?
  28. Seus amigos pedem carona mas não cabe todo mundo no banco da frente. Você leva no traseiro?
  29. Duas bonecas infláveis saem por R$ 120,00, R$60,00 em cada boneca?
  30. Este aqui é o Harry Potter, sua varinha só funciona por magia.
  31. Para a alegria da criança infantil, Rock Gol está de volta para todo o Brasil.
  32. Beijo no cérebro e até a semana que vem.
  33. Qual a semelhança entre fulano e os seringueiros? Ambos ganham dinheiro tirando leite do pau.
  34. Olha que cara feio, a mãe dele não deu a luz, deu curto-circuito.
  35. Ele gosta tanto de futebol que quando levei ele no jogo ele perguntou: - Aí Paulo, quem é a bola?
  36. Pinto pra mulher é que nem o homem, é melhor um pequeno alegre do que um grande bobalhão.
  37. Um oferecimento, Funerária "um Irmão", por que antes eram dois...
  38. Quando seu chefe é muito cabeça-dura, ele te machuca por dentro?
  39. Você fica frustrado quando seu chefe não te coloca no meio?
  40. Um jornalismo sério que atravessa os anus.
  41. Se o estudo é a luz do saber, pare de estudar e pague menos conta de luz, economize energia!
  42. Um abraço pro Mano Brown, Mano Ric, Mano-tenção.
  43. O mundo tem histórias bem cabeludas, você já se meteu em uma cabeluda?
  44. Quando você emagrece o seu dedo fica mais fino. O seu anel já está folgado?
  45. Com que frequencia você faz relação sexual? Semanal, mensal ou anal?
  46. A seleção brasileira é um ótimo exemplo pra juventude brasileira, eles não fumam, não bebem e não jogam.
  47. Quem acha tudo gozado é faxineira de Motel.
  48. Mulher certinha é que nem unicórnio.
  49. O brasileiro sorri feliz comendo cocô. (Lobão)
  50. Pra quem tá se afogando jacaré é tronco.
  51. Quando a nutricionista do time libera a laranja, você chupa um saco?
  52. Após fazer faculdade, o seu sonho é botar a mão no canudo?
  53. Você trabalha muito assim como sua prima?
  54. Veja as coisas pelo lado positivo. Quando uma pomba fizer cocô na sua cabeça, dê graças a Deus por que vaca não voa.
  55. ESAM, Escola Superior Anão Moderno, a universidade com as menores cabeças de todos os tempos. Novo campus em Liliput.
  56. É como dizem os americanos: "- I concord plenament".
  57. FUDERJ(Faculdade Unida Ernesto Júnior)
  58. Antes de conseguir esse emprego, você teve que se virar?
  59. Para atingir o climax, o surfista precisa pegar o tubo?
  60. O público vibra na torcida. Você sente mais prazer quando ele fica de pé?
  61. Se você tiver 05 pranchas sobrando, você vende 04 pra mim?
  62. Eu estou mais ocupado que piolho em cabeça de mendigo.
  63. Estudos comprovam que a posição sexual que os casais mais usam é a de cachorrinho. O marido senta e implora, a mulher rola e finge de morta.
  64. Mulher reclama da dor do parto porque nunca levou um chute no saco.
  65. Há malas que vêm para os bens.
  66. Jesus é o caminho e Edir Macedo é o pedágio.
  67. Em rio que tem piranha jacaré nada de costas.
  68. Neste calor até jacaré na bunda sua.
  69. Malandro é o pato que já nasce com os dedos colados para não usar aliança!
  70. O cara tá se fazendo de leitão vesgo pra mamar em duas tetas.
  71. O cara tá se fazendo de leitão pra mamar deitado.
  72. O cara tá se fazendo de galinha morta pra andar de caminhonete.
  73. Acho o sexo entre duas pessoas uma coisa linda. Entre cinco acho fantástica.
  74. Um dia todos saberão o que se passa na cabeça dos homens. O difícil será parar de rir…
  75. Não julgue as pessoas pelas amizades. Judas por exemplo, tinha amigos exemplares…
  76. Os homens mentiriam muito menos se as mulheres fizessem menos perguntas.
  77. A mulher está sempre ao lado do homem para o que der e vier; já o homem, está sempre ao lado da mulher que vier e der.
  78. Antes um cachorro amigo que um amigo cachorro.
  79. Jacaré parado vira bolsa.
  80. Feliz foi Adão, que não teve sogra e nem caminhão.
  81. Fumo maconha mas não trago, quem traz é um amigo meu!
  82. Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar de segunda a sexta?
  83. O homem é um ser tão dependente que até pra ser corno precisa da ajuda da mulher.
  84. Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima.
  85. Não me considere o chefe, considere-me apenas um colega de trabalho que tem sempre razão.
  86. Mulher gorda é que nem Ferrari...Quando sobe na balança vai de zero a cem em um segundo.
  87. Se rugas fossem sinal de velhice o meu saco seria pré-histórico.
  88. O futuro depende de seus sonhos. Não perca tempo, vá dormir.
  89. Quem dá importância às pequenas coisas é mulher de japonês!
  90. Crianças no banco dianteiro podem causar acidentes. Acidentes no banco traseiro podem causar crianças.
  91. Se você é capaz de sorrir quando algo dá errado é porque já descobriu em quem pôr a culpa.
  92. Pobre vive dizendo que não tem nada....mas basta uma enchente para eles falarem que perderam tudo...
  93. A bebida é inimiga do homem. Porém, o homem que foge de seus inimigos é um covarde!
  94. Aquele lance que você estava agitando no trabalho, melou?
  95. Por trás de fulano existe um ser humano de cabeça em pé.
  96. Abraao - Associação Brasileira de arremessadores de amendoim ornamental/oriental
  97. Aquele famoso personagem do folclore brasileiro que é afro-descendente e portador de necessidades especiais.
  98. Malandro é o siri que anda de lado para tirar o xxx da reta.
  99. Amizade é que nem mijar no pé, todo mundo pode te ver, mas só você sente o calor.
  100. Eu quero morrer dormindo que nem meu avô e não gritando que nem os passageiros do carro dele.
  101. Esquilo vesgo não molha o rabo.
  102. Na hora do cafezinho, comer um cookie é bom?
  103. Cacique Software, empresa especializada em programas de índio.
  104. Of course my horse! (quando alguém pergunta algo estúpido).
  105. Por trás de "fulano" sempre há uma pegadinha.
  106. Profissional precavido para o futuro, vc já guardou um pau na poupança?
  107. Veja o lado bom das coisas, se amanhã é segunda-feira, faltam 07 dias para a próxima segunda-feira.
  108. Em time que tá ganhando ninguém se mexe.
  109. Ele era tão feio que quando ele nasceu o médico tentou cortar a fimose no nariz.
  110. Cantada: Doei todos os meus orgãos, mas o coração deixei pra você.
  111. FOFA: Federação Organizada de Futebol Alternativo.
  112. Políticos são como fraldas. Sempre têm que ser trocados e sempre pela mesma razão.
  113. Se um japonês com ereção corre contra uma parede, ele machuca o nariz?
  114. O xadrez exige concentração. Na hora H, é fácil comer um cavalo?
  115. Você toma chá de minápica?
  116. Se uma árabe dá mole, você passa a mão na burka dela?
  117. Se estiver na rua e perceber um perigo, você corre, ou só caminha?
  118. O saco do chefe é o corrimão do sucesso.
  119. Quando você estiver na rua se achando, lembre que o feio e o ridiculo também chamam a atenção.
  120. Casamento é como submarino, pode até boiar às vezes, mas foi feito pra afundar.

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Mistérios de LOST - Parte 03

domingo, maio 10, 2009

Nas últimas semanas a vida ficou meio complicada e acabei não escrevendo no blog por pura preguiça. Entretanto consegui ver toda a segunda temporada e inicio da terceira, portanto vamos para as questões levantadas neste período. Para mim a série só começou mesmo no sétimo episódio da segunda temporada, mas no meio da terceira parece estar repetindo demais as histórias, tramas, numa tentativa meio "boba" de estender a série. Pensando bem, Lost daria um ótimo filme de duas horas e meia se fosse bem feito... Mas como série de tv não funciona.

Apesar da minha reclamação, isso não é novidade. Há um novo profissional se formando em hollywood. Antigamente tínhamos os filmes de arte, os cult (aqueles que criam legiões de nerds e "nostálgicos"), os trashs e os blockbusters. Nos anos 90 tinhamos menos filmes de arte, ainda os cult, os trashs sumiram, os blockbusters eram poucos, surgiu uma forte cena independente, e se criavam as megas produções. Hoje temos poucos filmes de arte e cult, poucos independentes (a nível profissional, pois curtas temos milhares), nenhum blockbuster (gênero que morreu pois se baseava mais na capacidade inovadora e menos no apelo comercial) e uma bateria imensa de mega produções (estas sim consideram fórmulas de sucesso apelativas).

J.J. Abrams (nerd) é um cara que sabe explorar as técnicas das mega produções e ao mesmo tempo combiná-las com o cult movie, ou seja, aqueles filmes para geeks. Entretanto esta combinação está durando pouco, ela é desgastante, visto que hoje ela é claramente percebida em filmes como Transformers, o novo Star Trek ou séries como Sarah Connor Chronicles. É uma mistura do dramalhão de Barrados no Baile com os mistérios de ArquivoX. Aliás ArquivoX começou a morrer na quarta temporada justamente por causa desta "nova abordagem". Na verdade Mr. Abrams nem gosta de ser questionado nas junkets sobre estas questões dos dramas, dos acasos (inexplicáveis), de estender tramas, ele fica sério e seco quando o entrevistador levanta esse tipo de pergunta.

O novo profissional (que já está enchendo o saco) são estes roteiristas que conseguem combinar o cult com o popular, Felicity com TwinPeaks. Exemplo são Roberto Orci e Alex Kurtzman. Particularmente prefiro muito mais a cena televisiva e cinematográfica dos anos 80 e inicio dos 90 pois era só Robert Zemeckis bater na porta de um estúdio com mais 03 produtores e dizer: "- Tivemos uma idéia que vai dar certo, quer tentar?"... E daí surgia De Volta para o Futuro, Gremlins, Goonies, etc.

Mas vocês estão querendo as questões de Lost não é? Então vamos a elas. Vou publicar primeiro as perguntas que eu anotei, mais tarde escrevo aqui a resposta das perguntas que fiz nos posts anteriores.

Segunda Temporada

1. Por que eles tem que digitar os números a cada 108 minutos (eu sei que a soma dos números dá 108)?;

2. A ilha parece ser parte de um grande experimento da Dahrma e talvez por isso não exista em mapas. Os aviões e os barcos pararem lá pode ter sido pela força magnética, mas isso não explica o navio Pedra Negra com casco de madeira ser tão antigo na ilha;

3. Onde a senhora afro-americana Rose lava as roupas perto da praia se a fonte de água mais perto é nas cavernas? Ela lava com agua salgada do mar? Mistério...

4. Por que Hurley escolheu a senhora Rose para levar até a escotilha? Mais uma vez Mr. Abrams se aproveita do "acaso" para introduzir uma nova trama;

5. Se Hurley sonhou com o depósito de comida e no sonho ele comia uma barra do chocolate Apollo, como pode ele abrir a caixa na despensa mais tarde e ficar surpreso em ter encontrado uma "Apollo Bars"? Não é possível Hurley ter materializado o chocolate pois Jack já havia aberto as caixas antes e mostrado as barras em cena;

6. Por que as pilhas das lanternas nunca acabam? Mistério...;

7. A estrutura subterranea de concreto e titanio pode ser para cobrir uma fonte nuclear de vazamento? Sayd diz Chernobyl... A escoltilha implodiu para proteger esta fonte?;

8. Finalmente vi pessoas fazendo a barba e cortando o cabelo na ilha, mas um dos mistérios da ilha é o cabelo de Hurley. Será que ele quer manter o visual? Ninguém pega piolho na ilha?;

9. Até agora não sabemos como os "outros" não deixam pegadas;

10. Os "outros" são as pessoas que estão na ilha descalços, com roupas sem etiqueta e sujas? Parece que sim por causa das fantasias no abrigo e dos casebres do outro lado da ilha. Isto não explica o projeto Dharma e quem faz parte do projeto e quem não faz;

11. No primeiro dia na praia dos sobreviventes da cauda, por que ninguém ficou de guarda mesmo depois de terem sido atacadas e levadas 03 pessoas?;

12. O que é a lista? Como Ana Lucia leu tão rápido os 09 nomes assim que tirou do bolso de Natham, e ainda no escuro? A lista tinha como as pessoas eram, o que estavam vestindo? Como sabiam de tudo isso? Os "outros" tinham contatos no aeroporto?;

13. Por que o cara que estava com os "outros" matou Nathan sem razão se os "outros" falam que não matam sem motivo?;

14. De quem é o olho de vidro?;

15. Uma faca de 20 anos do exército americano é encontrada com "os outros"? Entre o grupo dos "outros", quem é o militar? Sawyer percebe na terceira temporada que ninguém ali tinha experiência com armas, então quem seria o militar?;

16. Estou tentando várias sensações de Deja Vu pois as tramas estão se repetindo muito. Todos ali tem problemas com os pais, são golpistas, foram "sacaneados", enfim, muita repetição...;

17. Se todos sabiam que só havia uma bala na arma de Sawyer, como Ana Lucia ameaça as outras pessoas depois de ter matado Shannon? Ela pegou outr arma? ;

18. Por que a Dharma tem vários abrigos pela ilha? Ela colocava cada grupo em um ponto e mantia a "Pérola" para observação?;

19. Não deixa de me passar pela cabeça que os personagens estão morrendo por que os atores deixaram o programa. Fail! Mais uma vez o problema do acaso, sem explicação;

20. Como Michael sabia sobre as portas contra explosivos? Ele já esteve lá antes?;

21. Sawyer é o padrasto de Kate reencarnado? Ou ele confundiu Kate com Ana Lucia?;

22. Por que o mesmo cavalo que Kate viu na sua cidade na fuga aparace na ilha? Nos episódios seguintes, onde diabos foi parar o cavalo que sumiu de vez?;

23. Parece piada, mas toda vez que alguém sai do mato, a pessoa de frente faz cara de assustada e a de costas olha pra ela perplexa durante alguns segundos... tá perdendo a graça essa
forma de atuar previsível;

24. O cara da Dharma fala que se tentarem usar o computador para outra coisa pode acontecer um outro acidente. Outro acidente?;

25. Michael é um artista gráfico, por que ele queria verificar o hardware dos computadores do abrigo? Mesmo que ele queira falar com Walt pelo computador, isso não explica o porquê. Foi apenas uma deixa para introduzir um problema?;

26. Walt tem um computador aonde? Onde ele estava na vila dos "outros"?;

27. Por que as pessoas vêem Walt toda hora?;

28. O que é a criatura de fumaça negra?;

29. Todo mundo nesse grupo arranja um motivo pra ir para o centro da ilha, daí formam um grupo, vão atrás de quem foi primeiro, passam dificuldades e depois todo mundo retorna. Isso está se repetindo tanto que tá dando nos nervos...;

30. Zeke, o cara que pegou Walt, é alemão? Pq ele tem uma pistola lüger?

31. Por que Ana Lucia confundiu Scott com Steve se ela não estava lá antes? É uma inside joke dos roteiristas e produtores? As pessoas do campo confundiam antes sim, mas Ana Lucia não estava lá antes....

32. Foi sem sentido Sawyer tentar virar o xerife local pegando as armas... Por tudo que já havia acontecido, foi muito forçado;

33. A música Moonlight Serenade faz referência a Glenn Miller que sumiu durante a segunda guerra;

34. O que é o composto RX-1 que é dado a Claire e ao bebê?. Por quê o quarto de bebê para Claire, ela ia morar lá?;

35. Todo mundo tem medo dos "outros", mas todo mundo entra na floresta com a maior calma para resolver algum problema, catar frutas, caçar javalis, e nada acontece;

36. Mistério! Como Claire aprendeu a tricotar (visto a vida dela antes do acidente)?

37. Por que a mulher diz que eles vão ficar com o bebê e matar Claire? Para que eles querem as crianças?;

38. Você já pensou que as grávidas e mulheres casadas foram levadas para lá só para terem filhos e os "outros" querem proteger as crianças para manter sua comunidade? Os outros têm habilidades que ajudam a mantê-los vivos, Jack é médico, Locke especialista em selva, Sayd sabe tudo de comunicação, Ana Lucia é policial, Kate e Sawyer são hábeis com armas, Jin e Sun têm facilidade em achar comida, Rose é uma mãe veterana, tudo parece ter sido feito para que aquelas pessoas mantenham-se vivas enquanto dão a luz a bebês ou cuidam das crianças. Isso pode ter sido apenas a ladainha de série de tv de misturar vários tipos, mas também pode ter sido proposital. Se não fosse ladainha haveriam mais médicos, profissões diferentes como engenheiros, arquitetos, economistas, teria mais pessoas da mesma raça ou origem, ou ainda gordas como Hurley...

39. Aparentemente a ilha é um hexágono que possui túneis subterraneos por toda sua extensão, como mostra o mapa que Locke viu quando ficou com a perna presa. O mapa parece destacar um ponto de entrada, mas não define o que há no meio da ilha, o que pode ser a vila dos "outros";

40. Se o amigo de Hurley Dave não existe, de onde ele tirou os números?;

41. O personagem de Michael saiu da jogada por alguns episodios provavelmente po que o ator precisou sair?;

42. Libby também é maluca? Como ela virou psicóloga? Como ela estudou medicina?;

43. Por que a Dharma continua jogando paraquedas de comida na ilha se o projeto é antigo e não prosseguiu?;

44. Michael ter um surto absurdo por causa do filho foi muito "acaso" pro meu gosto. Muito sem sentido. Parece que Jack também está surtando;

45. Por que Locke sonhou com Yemi, irmão de Eko, se nunca o conheceu?;

46. Como pode Eko e John terem visões semelhantes?;

47. Zeke, no outro episódio, diz que achou Kate por que ela estava seguindo Locke, Jack e Sawyer. Kate ainda diz que seguiu eles por que Jack a estava excluindo do grupo. No entanto no episodio 22 Kate aparece seguindo Michael e não o grupo de Jack;

48. Charlie jogando as estatuas de heroina no mar é quase uma metáfora contra religião;

49. Toda vez que alguém morre ou volta para o acampamento tem aquela cena de todo mundo andando na praia de forma esparsada em direção ao enterro ou à pessoa que chegou... cena de drama muito manjada Sr. Abrams!;

50. Michael matou Libby por que ela apareceu de repente ou foi premeditado, ele espionou o campo antes de matá-la?;

51. Como os "Outros" sabem o nome da pessoas se Ethan não levou a lista? Eles procuraram os dados no Google? Ou será que tinham um espião seguindo cada sobrevivente antes do acidente?;

52. Já reparou que todo mundo na ilha tem uma mochila? Será que morreram vários estudantes secundários na queda? Tudo bem existirem algumas mochilas, mas todo mundo ter a sua é exagero....

53. Quem são os caras de amarelo que pegam Desmond? Kelvin Inlman é o militar que manda Sayd para a missão de trair o amigo e depois o ajuda a fugir do país. Como ele foi parar na ilha? Kelvin pega Desmond com vários outros caras de amarelo. Onde esses amarelinhs foram parar?

54. O magnetismo tão forte liberado pela bateria no abrigo de Desmond é responsável por atrair barcos e aviões? Se isso é verdade, como foi parar ali o galeão de escravos Pedras Negra que é bem antigo e de madeira?;

Terceira Temporada

1. Que falha absurda no primeiro episódio da terceira temporada... Juliet está de camiseta e quando o sinal do fogão toca ela corre para apagar de pullover rosa!;

2. Por que os "outros" só querem Jack, Hurley, Kate e Sawyer? Parece que só Jack é relevante ali;

3. O que é aquele zoologico? Haviam animais grandes ali? Eles criavam os ursos polares ali, dentro de uma ilha tropical? COm que motivo?;

4. Será que o avião caiu por que JAck tinha que salvar Ben?;

5. Quem é o padre com mão de pele branca para quem Eko se confessa quando era criança?;

6. Por que a fumaça mata Eko? A fumaça é o monstro que derruba plantas?;

7. Quando Ben está morrendo e Jack pede para falar com Kate, Danny conversa pelo walktalkie. Mas quando ele vai na direção de Kate ela já está com o braço estendido para pegar o Walkie Talkie. Como ela sabia que Jack queria falar com ela? Falha na atuação de Evangeline?

8. Os "outros" devem ter um puta designer para fazer os motion graphics que Karl estava assistindo quando Sawyer e Kate foram resgatá-lo. Um referência à LAranja Mecânica? Lavagem cerebral?;

9. Uau! Juliet também tem o poder de materializar coisas! Matou o ex-marido... De onde vêm estes poderes?;

10. Como as pessoas vão parar de repente no meio do oceano que nem Claire? Claire fala que nada todo dia e foi levada pela correnteza. Ela nada todo dia de roupa completa? Por que não vai só de sutiã e calcinha ou de maiô? Como ela tira o sal do corpo se a água está nas cavernas?;

11. Charlie acha uma garrafa de whiskey lacrada nas coisas de Sawyer para deixar Desmond bêbado. Entretanto, Desmond consegue arrancar a rolha com a boca! Uau! O cara é ninja! Eu só consigo com saca-rolhas;

12. Desmond acorda no chão de casa. As pessoas estão tendo um sonho coletivo? Elas só podem sair do sonho quando conseguem fazer alguma coisa boa que ajude as pessoas e não seja egoísta? Desmond vai e volta deste sonho?;

13. Uau, Desmond está vivendo tudo de novo o que já viveu antes... Provavelmente a época que estamos vendo não é a primeira vez que Desmond encontrou o grupo, por isso ele já sabia de Claire se afogando e do raio. Me pergunto o que teria acontecido na primeira vez em que Desmond viveu aquilo tudo pois ele não sabia de nada antes e Charlie morreu...;

14.Por que a história de Desmond parece tanto com a de Jin? Falta de criatividade dos roteiristas?;

15. Quem é a mulher que conversa com Desmond? Será o arquiteto da Matrix? Se ela diz que não pode fazer nada contra o universo salvando o cara de sapato vermelho, isso significa que Charlie vai morrer, não importa quantas vezes Desmond tente salvá-lo?;

16. Desmond viaja no tempo toda vez que leva uma pancada? E viaja no tempo nu? Será ele um exterminador bonzinho?;

17. Por que Charlie tem que morrer?;

18. Cindy estava com o outro grupo do lado da ilha e quando eles foram encontrar com o grupo de Jack, Cindy se perde do grupo sem nunca ter conhecido Jack oficialmente a não ser como aeromoça do avião. Entretanto quando preso na jaula, Jack diz que achava que ela havia sido capturada pelos "outros". Como Jack sabia tanto de Cindy?;

19. Como Jack sabia que a menina era filha de Ben se ninguém nunca disse nada a ele?;

20. Sawyer é o único que conseguiu fazer sexo até agora na ilha... Sawyer rules!;

21. O cara que estava com Desmond não sabia da existência do cara das vacas? Rousseau também não sabia? Era tão pertinho da casa dela....;

22. Uau. Claire desejou a morte da mãe e ela morreu também? Mais uma que materializa coisas? E Jack é irmão de Claire pelo jeito...;

23. O que o whisky tem a ver com a história? Aparece com o pai de jack, pai de Locke, pai da Sun...;

24. Como tem tanta gente nessa ilha que dá golpes! Acaso? Falta de criatividade? Ou faz parte da trama?;

25. Charlie sabia que Artz explodiu? Ele não estava com o grupo... Quem falou pra ele?;

26. Caraca! Paulo e Nikki foram enterrados vivos! Bizarro...

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Já conhece o Flutter?

sábado, abril 25, 2009

Com toda essa mania de Twitter, um grupo americano resolveu fazer uma paródia dessa obsessão das pessoas por novas ferramentas tecnológicas (hardware ou software) cuja validade e importância as pessoas nem param para avaliar. O video é hilário, ele critica os longos textos do Twitter com 140 caracteres e propõe o "nanoblog", mensagens de 26 caracteres aleatórios. Os gadgets para utilizar o Flutter são incríveis, o óculos para visualizar Flutees no trabalho são perfeitos! Se você entende inglês, vale muito a pena. Deixe seus comentários.

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Marketing de Cinema

sexta-feira, abril 24, 2009

Você com certeza já viu milhares de vezes as diversas formas que os grandes estúdios utilizam para divulgar seus filmes. Hoje em dia certas ações de marketing e publicidade se tornaram previsíveis, virando até mesmo motivo de chacota como no filme "O Show de Truman", entretanto continuam em prática ao lado de procedimentos virais ligados às novas mídias (como foi feito com Batman Dark Knight em diversos locais do mundo, inclusive em São Paulo). Se você não conhece eu vou te apresentar às formas de marketing mais comuns na indústria atual. Se eu esquecer de algum detalhe por favor me lembrem que irei adicionar aqui ao post.

Televisão e Rádio
Estes são os meios preferidos dos "marketeiros" oldschool. Começamos com os anúncios pagos apresentando trailers curtos, também chamados de "spots de TV". Raramente trailers são apresentados na íntegra, mas mostra-se apenas teasers dos melhores momentos do filme (mesmo que a montagem do spot seja melhor do que o filme).

O product placement também é bem comum, não é uma prática exclusiva dos filmes. Produtos, posters, bonecos (action figures), gadgets e outros itens do filme anunciadio são colocados em programas de TV, séries, sitcoms, webTV, videocasts, podcasts, etc. Em alguma situações os filmes são apenas mencionados no diálogo escrito pelos roteiristas. Por exemplo, a Fox pagou em American Chopper, uma moto totalmente baseada no filme Eu Robô (I, Robot).

Outra forma comum na tv americana é um programa ser totalmente dedicado a filme especifico. Pode ser um programa de entrevistas, um desenho animado, uma série de TV, ou seja, um episódio temático que constrói a marca do filme ou reforça a marca de filmes já conhecidos (Star Wars é campeão neste marketing televisivo). A prática se estende aos programas de entrevista que chamam atores e diretor para falar, ou ainda aos especiais para TV que mostram bastidores, efeitos especiais, entrevistas, etc (prática muito comum em canais de entretenimento como MTV, Nickelodeon, Cartoon Network, E!, Multishow, FX, Fox, entre outros). Muitas vezes esses programas especiais são pagos pelos estudios.

Por último estão os trailers longos, previews e cenas de bastidores colocadas em DVDs para locação, webTV (já viu aqueles programas na internet que aparece um comercial antes de começar o video?) , etc.

Internet
Apesar de já ter citado os videocasts e podcasts (que na minha opinião se misturam dividindo a audiência com a TV e o rádio), há ainda outras práticas para o patinho feio dos estúdios (por que os executivos acham que é apenas uma pequena parte da estratégia e não um dos principais meios). A mais conhecida talvez sejam os hotsites, websites feitos especificamente para o filme em questão e divulgados em posters, revistas, anuncios, etc. Normalmente no endereço do website as palavras do tíutlo são separadas por hífen (ex. batman-dark-knight.com).

Outra prática é a distribuição prévia de trailers e spoilers (cenas curtas que você não deveria ver) para sites, blogs e redes sociais, construindo assim uma campanha viral ond em algumas situações o video por até ser baixado, enviado para amigos ou anexado ao seu website (através de um código copiado do site original).

O marketing iral no meio digital está presente como qualquer ã ação de qualquer outra empresa, mas tem um roteiro mais ou menos pronto e não foge muito deste esquema. Quem fugiu mais do esquema "hotsite, trailers e fotos exclusivas" foi o último Batman que enviou pistas no meio virtual e colocou objetos escondidos pelas cidades, incluindo São Paulo.

Impressos
Anúncios em revistas, jornais, fanzines, quadrinhos, livros e postais (daqueles que você encontra em restaurantes) . Nos livros é a prática mais curiosa pois muitas vezes uma versão novelizada do roteiro é lançada como literatura. Outras vezes a capa do livro ou a dust jacket (capa contra poeira) é modificada ilustrando atores e cenas do filme em que o livro foi baseado. Em alguns casos há o selo "do filme..." ou "que gerou o filme...".

Nos quadrinhos a prática são similares às séries de tv, cenas no fundo, palavras no diálogo, contra-capas com propagandas, mas o mais comum, principalmente em filmes de super-heróis, é a editora lançar muitas revistas especiais, títulos novos, coletâneas, oferecer brindes junto com os gibis, etc. Neste caso a promoção do filme é quase uma troca de favores entre editora e estudio.



Merchandising

Além do muito criticado product placement, outras práticas são o co-branding e o co-advertising. Assim como Eu Robô, Eragon também esteve em dois episódios de American Chopper. Ainda a BMW tem uma parceria de sucesso com os filmes de James Bond e alguns fabricantes já formaram aliança com a saga de Transformers.

A segunda e talvez uma das práticas que mais dão dinheiro (veja George Lucas) são os brindes e produtos licenciados. Estas peças são distribuidas a jornalistas, "blogueiros" e até mesmo para alguns fãs em promoções, locais especificos (shoppings, cinemas) ou estréias exclusivas.

Tour Promocional
Esta é só para jornalistas, blogueiros e outros que escrevem sobre cinema e que são bem acompanhados pelos fãs (como é o caso do Omelete e do Collider). Atores, diretor, produtores, técnicos em efeitos, aparecem para a televisão, rádio e mídias impressas para entrevistas sobre o filme, na maioria das vezes intercalada com clips do filme. As entrevistas são conduzidas pessoalmente ou remotamente por telefone ou pela web.

Durante a produção do filme esses "sortudos" são chamados para realizar seu trabalho nos próprios sets de filmagem. Depois de terminada as filmagens são realizadas aparições do elenco nas principais cidades. Este trabalho caracteriza uma prática estranha neste meio que são as "entrevistas controladas", as chamadas Junkets. Fiz uma curta entrevista com Erico Borgo do site Omelete através do Twitter e o que ele me disse é que as Junkets são corredores ou circulos onde cada ator, diretor ou produtor está dentro de uma saleta e os jornalistas é que circulam por cada uma carregando suas perguntas. O tempo de cada entrevista é rigidamente cronometrado. O pessoal técnico é todo do estúdio e ao final das entrevistas os jornalistas recebem a fita beta com as duas câmeras (do jornalista e do ator) para poderem editar por conta própria intercalando cenas do filme.

É estranho sim, mas creio ser mais cansativo para os atores e diretor que precisam responder a mesma pergunta diversas vezes. Já se perguntou por que todo programa de cinema que você vê tem o mesmo fundo (com posters)? Respondido, todos os canais de tv, revistas, videocasts, etc, utilizam o mesmo cenário, na mesma sala, no mesmo lugar. Se um canal de mídia lhe disser que tem uma entrevista exclusiva, não acredite. Era assim que a quase extinta revista SET conseguia a maioria das suas entrevistas (que nas últimas edições eram a única coisa que prestava... até eu descobrir este esquema).

Nos Cinemas e Locadoras
"Em um cinema perto de você!" Com esta frase terminavam os trailers e propagandas do grupo Severiano Ribeiro. Na tela grande o que se vê são basicamente trailers. No cinema americano ainda existe a propaganda de games baseados no filme, hotsites, quiz (jogo de perguntas), promoções, etc.

Para as redes de cinema e para as locadoras (mais para os cinemas), existem peças promocionais físicas, como os posters (em tamanho normal ou gigantes), banners (aquele anúncio que você prende de uma parede à outra ou pendura em um prego), standups (figuras em tamanho real feitas em papelão mostrando personagens ou cenas de um filme) e por último os displays 3D que são aquelas grandes peças de papelão montadas na frente dos cinemas, muitas vezes dando alguma sensação de profundidade e às vezes com efeitos sonoros. Em poucos casos foram utilizados bonecos e cenários gigantes em complexos de cinema maiores como na promoção dos filmes King Kong, Senhor dos Anéis, Indiana Jones, entre outros.

Referências
Será que eu esqueci alguma coisa? Por favor me informem para que eu possa adicionar novas práticas do marketing de cinema a esta lista. Referências:

http://en.wikipedia.org/wiki/Movie_junket
http://www.chicagoreader.com/movies
http://en.wikipedia.org/wiki/Product_placement
http://productplacementtoday.blogspot.com/2007
http://www.developmentguruji.com/Blog/Online_Movie_Marketing
http://biblioteca.universia.net/
http://lazer.hsw.uol.com.br/
http://pipocadebits.blogspot.com/2009

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