Como Comprar Filmes

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Aqui estão algumas recomendações para quem gosta de comprar filmes. Fique atento ao que você compra, como compra e onde compra. Vale a pena seguir estas dicas para comprar seus filmes favoritos ou para montar sua filmoteca. As dicas são importantes principalmente para você comprar originais baratos e com todos os extras que você merece, sem cair na exploração, "enganação" e agressividade do mercado de filmes e fonográfico. Sugiro ler depois o post anterior a este para saber como a indústria no Brasil mudou ao longo dos anos e hoje está em forte decadência, principalmente na qualidade de seus produtos e serviços.

1. Aguarde antes de comprar. As distribuidoras tendem a lançar novos produtos com o dobro do preço que eles valem. Se você conseguir esperar 3 meses, provavelmente vai comprar um produto de R$ 49,90 por R$ 24,90. Sempre aproveite e aguarde promoções;

2. Preços de lojas online são quase sempre mais baratos que lojas físicas;

3. Verifique se o filme ou box existe em lojas estrangeiras como a Amazon. Veja os tipos de extras que a versão americana tem, legendas e outras vantagens. Se a diferença de preço contando o frete for menos de 50%, vale mais a pena comprar a versão gringa com os extras;

4. Verifique em lojas estrangeiras se existe uma versão especial, Director's Cut, box especial ou qualquer outra versão mais "turbinada" do DVD que você quer comprar. Em alguns casos a versão "lixão" é lançada primeiro no Brasil para os apressadinhos comprarem, por isso espere até que a versão mais completa saia no Brasil ou compre a estrangeira. Entre em contato com a distribuidora, em alguns casos eles informam se haverá uma nova versão;

5. Divida o preço das lojas pelo número de discos que vêm na caixa. Se o valor de cada disco sair por mais de R$ 15,00, espere baixar o preço ou procure outra alternativa;

6. Ao pesquisar preços na internet nunca esqueça de considerar os valores de frete, mesmo quando os preços parecem mais baixos;

7. Você não precisa comprar em lojas online muito conhecidas como Submarino, Americanas, Fnac, Saraiva ou Shoptime que quase sempre oferece produtos mais caros (com exceção das promoções pontuais). Procure no Google lojas como 2001 Video, DVD World, DVDs King, 100% Video, etc;

8. Nunca compre o DVD na primeira loja que você vê, na internet você leva segundos para pesquisar e não se cansa, por isso não banque o bobo. Se estiver com preguiça e quiser economizar alguns segundos, procure sites como o Buscapé ou o Bondfaro que compara preços de várias lojas;

9. Aviso por experiência própria. Quando você compra DVDs na internet é mais fácil reclamar e trocar do que nas lojas físicas. É menos cansativo, mais prático e dá menos dor-de-cabeça. Nas lojas físicas você lida com regras específicas de cada loja (apesar de ilegais), lida com funcionários inexperientes que ganham pouco e por isso não têm paciência com suas reclamações e vai perder metade do seu dia. A loja virtual não tem esses problemas e o máximo que vai acontecer é você ter que queimar a loja virtual em sites como o Reclame Aqui.com.br, antes do seu problema ser totalmente resolvido;

10. Pode ser que o Blue-Ray se torne um novo Laser Disc que como este, não fará sucesso e será subsituido por outra mídia. Entretanto, avalie direitinho se vale a pena comprar agora um DVD de baixa definição para depois, quando baratear, ter que comprar todos os titulos que você gosta de novo, em Blue-Ray;

11. Última dica: a tendência real do mercado de produtos "intangíveis" (leia-se filmes, música, sons, videos, softwares, games, etc.) é se tornar tudo gratuito e livre ou no mínimo muito menor (um filme em pendrive por exemplo, para ajudar a manter a indústria que já está perdida com a pirataria), mas se você não quer esperar 10 anos para que o mercado se adapte e isso realmente aconteça, vá na loja e compre um original.

+ Continue a ler este texto

Crítica: Milk, Voz da Igualdade

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Mesmo se você se diz simpatizante, para ver Milk - A Voz da Igualdade é preciso estar livre de preconceitos e abraçar a causa do filme. Eu não sou gay, mas sei que quando muitas pessoas dizem que não se importam, por trás há um verdadeiro medo e às vezes asco de presenciar situações românticas (mesmo que leves) entre pessoas do mesmo sexo. Na época de Harvey Milk isto era muito pior. Milk foi perseguido para depois ser adorado na sua vizinhança e cada vez que ele crescia politicamente no país, precisava agradar mais gente para continuar à frente de suas idéias.

O filme Milk - A Voz da Igualdade conta a história de Harvey Milk, seu encontro com suas paixões, tanto românticas quanto políticas. Harvey se muda para uma pequena rua de São Francisco para abrir uma loja de fotografia. No principio ele tem problemas com a vizinhança e com a policia, mas logo passa a ser adorado por atrair grande parte do público gay de São Francisco para comprar no comércio local. As ambições politicas de Milk vão crescendo até que ele se candidata diversas vezes ao cargo de supervisor municipal até vencer. No cargo Milk luta pelos direitos civis dos gays e confronta Anita Bryant e John Briggs em diversas ocasiões até ser assassinado ao lado do prefeito Moscone, por um de seus colegas de trabalho que vê sua carreira política arruinada pela força de Milk junto aos eleitores.

Os maiores opositores de Milk durante sua ascensão foram Anita Jane Bryant e John Briggs. Anita, uma ex-cantora, foi uma das maiores ativistas contra os direitos dos homossexuais enquanto Briggs, trazia a Proposição 6, algo como o AI5 gay, o que retiraria direitos civis de pessoas que fossem abertamente homossexuais, inclusive "bisbilhotando" a vida de "enrustidos" e simpatizantes para descobrir suas inclinações. Um McCarthismo ao público GLS. Hoje Anita Bryant é um grande fracasso na vida enquanto Briggs teve mais sorte, porém é um defensor de causas polêmicas como energia nuclear e pena de morte.

O problema do mundo é que só não abre os olhos quem não quer. É como Sean Penn disse na noite do Oscar, se você vota contra os direitos civis do público GLS, seus netos e bisnetos provavelmente terão vergonha de você. O mundo está mudando e está na hora de esquecermos o que é cultural ou socialmente imposto para reavaliarmos a ética, o certo e o errado. Deus faz 10 mandamentos e o homem inventa 500, uma sociedade indiana aceita e no ocidente não, pare para se perguntar se alguém morre por causa disso, como isso afeta a sua vida. Se a sua defesa for somente cultural/social, você provavelmente está errado. Imposições culturais e sociais não são sinônimos de ética.

Você com certeza vai sair do filme revendo seus valores e com vontade de lutar, não pelos direitos gays, mas os direitos de qualquer pessoa seja ela gay, afro, asiática, branca, idosa, criança, mulher, homem, qualquer um. Todos merecem respeito, consideração e compreensão. Mickey Rourke foi muito bom em O Lutador e não ganhou nada por ele, apenas porcentagem dos lucros, mas a interpretação de Sean Penn é que realmente pode mudar os seus valores sobre o universo GLS. Não é a toa que nos Oscars Robert DeNiro perguntou a Sean Penn como ele havia conseguido tantos trabalhos como "straight" (hetero).

Interessante a semelhança dos atores com os personagens reais do filme. Emile Hirsch está irreconhecível como Cleve Jones e mostra mais uma vez por que filmes como Na Natureza Selvagem, Meninos de Deus, entre outros, fizeram tanto sucesso (só não entendo Speed Racer). Josh Brolin (ex-Goonies) participa de Milk como o político que mata Milk. James Franco também trabalhou muito bem, mas acho que há uma tentativa ridícula dos atores hoje emdia de tentar se promover interpretando personagens homossexuais no cinema. Claro que se eles não aceitassem outros iriam aceitar, mas o problema não são os atores e sim a academia.

+ Continue a ler este texto

Crítica: Operação Valquíria

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Operação Valquíria não tem nada de novo, e desculpe a minha intolerância, mas se você tem mais de 18 anos e é de classe média pra cima e não sabe o que foi a Operação Valquíria, você é bem burrinho(a)..... (pra que Bryan Singer diz no começo que é uma história real?) A tentativa de Stauffenberg de matar o führer já teve um filme alemão (com Sebastian Koch) em 2004, também um especial de 2 horas no Discovery Channel, um documentário da National Geographic, outro no History Channel, e sem contar todos os outros filmes, livros e revistas que falaram do atentado. Por este motivo o filme soa como um dejá vu, algo que você já viu antes.

Isto não tira o mérito do filme, é um bom passatempo, mas uma experiência pobre. É duro aguentar, a cada cena, a tomada terminar com uma "frase de impacto" do tipo: "- Temos que salvar a Alemanha!" aí Tom sai de uma sala: "- Estamos fazendo isso pelo mundo" e depois vai ao banheiro: "- Preciso correr para destruir o mal na Europa!". Meu Deus, pra que frase de efeito toda hora? Mas a reconstituição histórica é muito boa e algumas cenas da Toca do Lobo me lembraram a vez em que fiquei perdido na floresta perto do campo Buchenwald em Weimar em 2005.

Se você forçar um pouco o cérebro dá até para tirar uma mensagem disso tudo. A maioria do povo e dos soldados alemães não tinha simpatia pelas ações do governo. Mesmo aqueles que não gostavam de judeus, homossexuais, imigrantes, etc., não queriam ver essas pessoas mortas e sim fora do país (o que também é errado, mas é menos radical). Só mesmo um grupo de oficiais para perceber que aquela megalomania estava destruindo o país e toda a Europa, e que tudo iria acabar rápido com a chegada dos aliados.

Sempre reclamo de personagens não-americanos falando inglês, mas a "sacada" de Operação Valquíria foi interessante. O filme começa em alemão e o inglês vai se fundindo ao alemão bem devagar até que a única língua seja o inglês. Escute Tom Cruise falando alemão! Muito bom ver Terence Stamp representando novamente um general (seu outro general foi o General Zod de Superman - O Filme) .Tom Wilkinson também prova mais uma vez que é um ótimo ator, e Kenneth Branagah também rouba a cena algumas vezes. Destaque para o ator alemão Christian Berkel que fez um médico do exército alemão em A Queda. Nunca ouvi falar de David, mas David Bamber como Hitler quase me confunde com Bruno Ganz, os movimentos de Hitler parecem ter sido perfeitamente ensaiados, verdadeiro trabalho de um grande ator.

Gostei de ver um filme da II guerra que não mostra só a guerra na Alemanha e Rússia, mostrando a campanha na África que praticamente nunca aparece nas produções. Este filme tinha tudo para ser um novo clássico de guerra (já que os americanos não gostam de filmes em outros idiomas), mas a presença de Tom Cruise não convence e Bryan Singer, pelo amor de Deus, tem que voltar para X-Men pois com filmes de guerra e com Superman ele só consegue fazer filme para o "povão" chorar e não uma real obra artística-comercial.

Há hoje um movimento muito forte nas mídias em geral em defender os alemães civis e soldados rasos (Menino do Pijama Listrado, Um Homem Bom, entre outros). Concordo e apóio pois muitos não podiam deixar de cumprir ordens, outros não sabiam de tudo e outros ficaram calados para não serem presos, e qualquer ditadura é prejudicial para o seu próprio povo. A Alemanha de hoje ainda tem violência contra estrangeiros, mas é menos de 1% da população que sofre de preconceito. É impressionante como eles recebem bem os estrangeiros, gostam de conhecer novas culturas, gostam de festivais brasileiros, jamaicanos, africanos, latinos, e o mais surpreendente é em Berlin o Paralmento ter aquela linda abóbada para que o povo esteja acima do governo.

Tom Cruise é o garoto-propaganda da Cientologia, a igreja criada por L. Ron Hubbard. A Cientologia tem na Alemanha um dos mais elevados índices de resistência, processos, alegações críticas, os alemães detestam a Cientologia. Colocar Tom Cruise no papel de um herói da Alemanha obedece uma estratégia de marketing planejada. Operação Valquíria é um bom filme, mas não espere grande coisa de suas qualidades cinematográficas.
Mais críticas em: http://www.omelete.com.br



- Xandre Lima - Imprimir esta página

+ Continue a ler este texto

Crítica: Rio Congelado

Diferente outros filmes que vi no Carnaval, Rio Congelado não é para emocionar e chorar, é mais para assistir o pedaço de uma boa história que não tem começo e que não saberemos o fim. Melissa Leo interpreta uma mulher que vive perto da fronteira entre EUA e Canadá, e que se vê diante de uma crise financeira após o marido alcóolatra deixar a família com o dinheiro da compra da casa. Sem conseguir outros meios de ganhar dinheiro para criar seus filhos ela busca meios ilegais de renda ajudando uma indígena mohawk a trazer imigrantes ilegais pela fronteira (como os famosos "coiotes").

Este filme não tem uma mensagem por trás que nem os outros mas mostra uma crise que creio muitas familias passam em diferentes países, os problemas financeiros. Os problemas financeiros levam a personagem de Melissa a procurar meios escusos de ganhar dinheiro, e a facilidade em manter o jogo da ilegalidade faz com que ela permaneça, pelo menos até ser descoberta...

Se você não viu nenhum dos filmes da temprada, eu recomendaria ver os outros, mas se você não viu nenhum, vale muito a pena ver Rio Congelado. É um daqueles filmes que trazem um pedacinho dos problemas americanos para as telas (você acha que primeiro mundo não tem crise?). Há milhares de familias vivendo em trailers, em abrigos, sem dinheiro para as contas básicas e que também não têm orientação sobre o que fazer.

Não tenho muito o que falar sobre Rio Congelado, eu gostei do filme. Veja e tire suas próprias opiniões. Amanhã vou ver Operação Valquiria e Milk - A Voz da Igualdade, não percam as novas resenhas.
Mais sobre Rio Congelado em: http://www.omelete.com.br

+ Continue a ler este texto

Crítica: Quem Quer Ser um Milionário

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Dos filmes que vi na corrida para o Oscar durante o Carnaval, dois me tiraram da cadeira. Um foi O Lutador com uma trilha sonora de rock empolgante, e outro foi Quem Quer Ser um Milionário com a música indiana misturada aos tambores japoneses. Quem Quer ser um Milionário não é um filme voltado somente para os pseudointelectuais idiotas que acham que o bom cinema acaba em Fellini e Bergman, qualquer pessoa pode aproveitar da mesma forma pois a história não é um simples filme americano de fazer chorar.

Onde Danny Boyle (diretor de Trainspotting e Extermínio) conseguiu atores tão incríveis e ainda fazê-los falar inglês? As crianças pequenas são realmente crianças da favela de Mumbai, acredita? O cinema de Bollywood desponta em produções de diretores americanos que trazem a alegria daquele povo para o mundo, suas tradições, danças, música, medos, problemas, e tudo mais que a empolgante e dicotômica Mumbai pode oferecer. O povo quer crescer, quer ter sonhos, conquistar objetivos, lutar por aquilo que é certo e viver de amor (como diz Jamal para Latika).

Quem Quer Ser um Milionário é a história de Jamal (Dev Patel que não é irmão de Kumar Patel!), um menino que mora em uma das favelas de Bombaim e que passou por vários problemas depois que sua favela foi atacada por rivais e sua mãe assassinada. Ele e o irmão tentam se manter vivos ao lado da menina Latika (Freida Pinto), mas durante uma fuga Latika fica pra trás. Ao crescerem seu irmão está envolvido com a bandidagem de Mumbai e Latika é, contra sua vontade, uma das garotas do chefão do crime na cidade.

Jamal quer muito reencontrar seu amor de infância e tirá-la daquela vida, mas sem forças, resolve aproveitar a chance de participar da versão indiana do "Show do Milhão" (Silvio Santos copiou até a música deste programa indiano). O problema é que os produtores do show não acreditam que um garoto de favela possa saber todas as respostas e desconfiam que eles esteja trapaceando. O filme é justamente Jamal contando à policia local por como sabia todas as respostas. Atenção para a cena em que o jovem Jamal toma um banho de fezes para ver seu ídolo da TV.

Eu sempre anoto no Palm as melhores cenas, frases e comparações, durante o filme. Mas neste filme o Palm ficou guardado no bolso e preferi deixar para escrever minha opinião agora quando cheguei. Você não consegue tirar os olhos da tela e mesmo sabendo todas as respostas do Quiz, você fica esperando a próxima resposta de Jamal como se estivesse para ganhar milhões junto com ele. Destaque para a linda Freida Pinto .

Nota que a Westein Company fez uma campanha, "por baixo dos panos", para promover seu filme O Leitor, dizendo que Danny Boyle usou crianças pobres, pagou muito pouco ou quase nada, e explorou equipes pobres de Mumbai. Tudo uma grande mentira pois Danny fez questão de trazer o máximo de pessoas do filme para a noite do Oscar. A trilha sonora de A. R. Rahman é magnífica .

Não saia do cinema no final, fique para ver o número musical completo. Diferente daquelas comédias bobocas em que todos dançam no final, a dança deste filme é uma ode a felicidade de todos aqueles atores e equipes em estarem participando de um filme que está alcançando milhões de pessoas no mundo inteiro. Só eu já escutei o tema "Jai Ho" umas 100 vezes hoje. No Oscar você via claramente a felicidade daquelas crianças em participarem do sonho, dos closes, da magia do cinema!

O brasileiro ainda tem vergonha de fazer como o americano que levanta no cinema e bate palma, mas até que algumas pessoas desta vez bateram palma e eu acompanhei. Quem Quer Ser um Milionário foi indicado a 10 categorias no Oscar e venceu 8, incluindo os prêmios de canção original e trilha sonora.

Não perca este filme nos cinemas! Não deixe pra ver em DVD e nem na televisão! Melhor, só nesse filme, veja o filme em uma sessão lotada pois você vai ver a emoção nos rostos, o melhor prêmio para qualquer artista.

Filmado nas ruas de Mumbai, a produção inglesa estreou na Índia no último dia 23 e foi acusado de reforçar estereótipos ocidentais sobre o país. Em Bihar, a polícia teve de aumentar a segurança depois que alguns moradores protestaram contra a palavra "dog" (cachorro) durante a exibição do filme. Nas cidades menores o filme - exibido com dublagem em Hindi - também está sendo rejeitado. Um filme mais para o ocidente, os donos de cinema têm poucas esperanças que o filme faça sucesso na Índia. Mais opiniões em: www.omelete.com.br

+ Continue a ler este texto

Crítica: O Lutador

O Lutador é mais um fantástico filme do diretor Darren Aronofsky, diretor de Requiem para um Sonho, Fonte da Vida e Pi, e futuro diretor do remake de Robocop. Requiem e Fonte da Vida estão no top 10 dos meus filmes favoritos, e foi muito bom ver mais uma obra antes do Oscar. O Lutador é uma metáfora sobre envelhecimento e escolhas. Passamos a vida achando que somos invencíveis e que não precisamos de ninguém, mas a certa altura a vida nos cobra toda aquela reflexão que nunca tivemos.

O Lutador é a história de Randy Ram (O "Carneiro"), um lutador de luta-livre (daquelas tipo telecat, lembra? Tudo arranjado, esporte muito comum no México) muito famoso nos 80, mas que 20 anos depois vê sua carreira se deteriorar por causa de problemas de saúde. Como sempre esteve afastado da familia e de relacionamentos amorosos, Ram vê que naquele momento de desespero não tem a quem recorrer. Destaque para a cena de autógrafos que mostra claramente o drama que passam estes artistas da luta-livre após a idade de continuar lutando...

Ainda acho que Mickey Rourke (de Coração Satânico e o Marv de Sin City) é o mesmo canastrão de sempre, não melhorou nada desde 9 1/2 Semanas de Amor ao lado de Kim Basinger, mas o personagem caiu sobre ele como uma "luva", e este é um dos motivos de sua atuação vencedora. Uma pena que na noite do Oscar ele não levou a estatueta (perdeu para Sean Penn em Milk) e nem tirou aqueles óculos escuros ridículos que escondem sua cara deformada pelo abuso e vícios.

Apesar do papel de Stripper-mamãe já estar batido desde Demi Moore, Marisa Tomei dá um show a parte. Desde Meu Primo Vinny ao lado de Joe Pesci não via mais Marisa como aquela mulher linda (que "corpaço") de outrora. Destaque para a linda Evan Rachel Wood (Aos Treze e O Rei da Califórnia) como a filha de Ram.

Mais uma vez vou me repetir, mas este filme também trata da compreensão humana. É dificil lidarmos com todas os fatores que moldam o comportamento humano. Por que Ram abandonou a familia? Por que ele não tinha mais posses depois de velho? Por que tudo chegou àquele nível? Quem pode responder a estas perguntas? A verdade é que a fama pode vir para o bem ou para o mal, e se a cabeça nã oestiver no lugar, seu saudosismo será seu pior inimigo.

Atenção para a trilha sonora com o melhor do metal dos anos 80. Depois da trilha sonora de Quem Quer Ser um Milionário, esta sem dúvida é a melhor trilha de 2008, Cinderella, Gund 'n Roses, Ratt, Bone Crusher, Scorpions, etc. E mais uma vez a mulher de voz chata da VEJA faz seus bons comentários.

+ Continue a ler este texto

Crítica: O Leitor

domingo, fevereiro 22, 2009

Nesta louca corrida para tentar ver todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar, consegui ver mais dois filmes hoje no cinema, O Lutador e O Leitor. Vou começar pelo O Leitor pois as informações estão mais frescas na cabeça. O Leitor é um filme da Weistein Company, baseado no livro alemão Der Vorleser escrito pelo professor e juiz Bernhard Schlink. O filme na verdade é a narração de um pai para sua filha, apresentando-a à história de amor que ele viveu quando garoto.

O Leitor é mais uma obra do diretor de Billy Elliot e As Horas, e trata da relação entre um adolescente e uma mulher mais velha no período posterior à segunda grande guerra. O menino tem sua primeira experiência com o sexo oposto na casa de Hanna e mantém esta relação viva até que Hanna some de repente. O filme parece que irá tratar deste relacionamento durante as duas horas de projeção, mas lá pelo meio tudo mudo e o foco já não é mais a relação menino e mulher. Se eu contar o porquê, acabo estragando a surpresa (o video abaixo já estraga), mas o restante do filme é sobre lembranças, memórias, de quem é a culpa e no que se deve acreditar.

Não siga adiante se não quiser estragar sua sessão SPOILERS! O filme levanta um assunto polêmico que ocorre até hoje em diversas situações que envolvem crimes em massa, ou seja, de quem é a culpa? Os soldados alemães eram culpados por executar ordens ou terem medo de serem executados se as tarefas não fossem cumpridas? O povo alemão é culpado por ficar calado e não fazer nada contra o governo autoritário? Os judeus estão certos de até hoje exigirem compensação monetária dos povos anglo-saxões que criaram a guerra? (questão levantada pela sobrevivente no final do filme " - Não quero o dinheiro pois este significa absolvição...") Dificil responder.

Trata-se da interpretação do certo e do errado, daquilo que fazemos por que somos mandados, influenciados, seduzidos, e nem sempre conseguimos ter controle de nossos atos. Como julgar algo assim? Como julgar o comportamento humano sem considerar as milhares de variáveis que moldam a estrutura psicológica de um corpo feito de carne e pensamentos? Creio que a Alemanha sofra deste arrependimento até hoje, pois sei que meus amigos alemães não gostam muito de conversar sobre história... Seus avós eram culpados pelo mal do governo?

Assim como aqueles filmes em que os mortos nos rodeiam tentando resolver um problema para descansar em paz, Michael Berg também precisa "exorcizar os seus demônios" depois de adulto, retomando contato com sua paixão de adolescente. Isto traz o espectador para mais perto da história pois todos nós temos assuntos mal resolvidos que é provável iremos carregar pela vida toda por que temos medo de enfrentar nossos "demônios interiores".

Com excessão do passado, o restante do filme não é apresentado em ordem cronológica. A filha de Michael aparece pequena e grande em diversas situações. Creio que esta foi uma tentativa de mostrar que a muito tempo o pai queria revelar aquela história para ela mas nunca tinha coragem...

Particularmente não gosto de filmes americanos/ingleses que se passam na Alemanha e todos os alemães falam inglês, mas foi interessante ver que diversos atores alemães famosos estiveram presentes neste filme, a contar Volker Bruch (Barão Vermelho, 2008), Bruno Ganz (A Queda, 2004), Karoline Herfurth (Meninas não Choram, 2002), Fabian Busch (Aprendendo a Mentir, 2003) e Alexandra Maria Lara (A Queda, 2004). Nota, a maquiagem do filme deixa muito a desejar... Dá pra ver claramente que as pessoas não são velhas de verdade.

+ Continue a ler este texto

Crítica: Casamento de Rachel

Como já disse no post anterior, fico impressionado com a flexibilidade de alguns atores americanos. Anne Hathaway me surpreende a cada nova investida. Confesso que a alguns anos atrás eu tinha preconceito contra a atriz por causa de filmes como Diário da Princesa, entre outros filmes comédia romântica e comédia pastelão, mas Anne consegue fazer todos os filmes que ela quer, sabendo exatamente o grau de profissionalismo que cada obra necessita.

O Casamento de Rachel (Rachel's Getting Married) é mais um daqueles filmes americanos de fazer chorar e de mostrar união entre pessoas diferentes (o que já é um chavão depois de filmes como Traffic, entre outros), mas não tenta esconder esta abordagem no meio da história como a maioria dos filmes faz. A intenção de mostrar a diferença entre as pessoas é clara, explícita, e vai desde a cor da pele até os problemas de comportamento (drogas, álcool, tristeza, depressão, etc), tipos de música, danças, raças, etc. Este quadro no filme nunca é camuflado pelo roteiro. Este é um filme de longas tomadas que poderia até ter sido feito dentro das regras do dogma dinamarquês (se você não contar as cenas externas).

Na verdade o filme não é sobre Rachel, mas sobre Kym, sua irmã mais nova. Kym sai temporariamente de um centro de reabilitação para viciados (drogas e álcool) no mesmo dia em que começam os preparativos para o casamento de sua irmã. Kym está totalmente recuperada, mas o pai a superprotege, a irmã não acredita na sua recuperação (apesar de ser seu maior suporte emocional) e os amigos de Rachel se sentem desconfortáveis com Kym. Kym percebe tudo isso e tem que lidar com as pessoas da mesma forma que precisa processar a morte do irmão mais novo em um acidente que eles sofreram quando Kym estava alta (do inglês "high").

Como a casa fica em uma cidade distante do grande centro, todos os amigos de Rachel estão por lá preparando a festa. Rachel vai casar com um afro-americano descendente de jamaicanos, seus amigos são hippies, ricos, pobres, chineses, jamaicanos, brasileiros, e tudo mais que você possa imaginar. Na festa de Rachel escuta-se hip hop, reaggae, samba (hilário ver Anne dançando samba), jazz, rock antigo (Neil Young rules!) e música indiana (inclusive toda a temática da decoração é indiana mesmo o casal não seguindo nenhuma religião).

Mais do que um filme, é uma promessa de uma nova sociedade, uma metáfora da compressão entre os tipos, raças, povos, orientação sexual, idades, religiões, comportamentos "anti-sociais"? Não importa. O que importa é compreender que somos humanos e precisamos de todo apoio possível das pessoas a nossa volta para entermos a nós mesmos e superarmos obstáculos. É mais fácil julgar do que entender, condenar do que ajudar. Kym parece ser a única que compreende isso no inicio do filme e luta para explicar para todos como é se sentir rejeitada.

É como sempre digo, se as suas 2 horas no cinema não serviram para aprender nada, você jogou seu dinheiro fora. Veja Casameto de Rachel com estes olhos e você já terá aproveitado 90% do filme. Não deixe de perceber também a incrível interpretação de Debra Winger como a mãe de Kym.

+ Continue a ler este texto

Crítica: Dúvida

sábado, fevereiro 21, 2009

A formação do ator americano é realmente incrível. Não estou dizendo das caras bonitas que eles encontram na rua para fazer filmes de ação ou comédias românticas, mas sim da maioria dos atores que hoje trabalham no primeiro "front" do cinema americano. A versatilidade deles é impressionante, passando desde as comédias e thrillers até os dramas e aventuras.

Fiquei realmente impressionado com a qualidade dos filmes que vi hoje e posso dizer que o Oscar neste domingo vai ser dificil, quase uma surpresa. Normalmente isso não acontece comigo, mas ambos os filmes eu consegui total imersão dentro do universo das histórias. Claro que o primeiro filme, Casamento de Rachel, é um daqueles dramas americanos de fazer chorar ou que ficam martelando aquela idéia batida de "igualdade", que já virou "chavão", uma fórmula garantida de concorrer a Oscars.

Entretanto o filme Dúvida já vem com uma abordagem diferente. Ambos os filmes tratam de intolerância, aceitação, entender o "outro" e refletir sobre o comprotamento do ser humano como ser instintivo, não racional, porém Dúvida traz mais do que isso, traz a desconfiança, o apego a tradições, a rigidez de pessoas que vivem no passado e temem as liberdades do futuro.

Meryl Streep interpreta uma freira rígida que dirige uma escola católica conservadora. Ao longo do filme ela começa a desconfiar do padre da paróquia e cria um círculo de acusações que em momento algum do filme podem ser provadas. Tudo fica no ar para o espectador interpretar da forma que quiser. Vale destacar a interpretação de Amy Adams. Da mesma forma que Anne Hathaway em Casamento de Rachel, Amy impressiona por ser flexível nos seus personagens.

Ela consegue interpretar a princesa de um filme infantil (Encantada), uma coadjuvante no péssimo Smallville, uma personagem incrível em The Office, outra em Miss Pettigrew e ainda uma freira em uma drama tão incrível quanto Dúvida. Da comédia ao drama "cabeça", do pastelão "descerebrado" ao filme cult, Amy é uma daquelas atrizes perfeitas que podem escolher papéis onde querem, diferente de Jennifer Aniston, Jessica Alba, Jessica Biel, etc. Uma futura Meryl Streep talvez? Quem sabe....


Philip Seymour Hoffman sofre da mesa benção. Ele consegue passar de drogado junkie em comédias non sense até Truman Capote e ainda chegar a um padre suspeito de pedofilia. Simplesmente um ator incrível digno de herdar o manto de Pacino, DeNiro, Justin Hoffmann e Jack Nicholson.

O filme não é feito para emocionar e sim refletir sobre os valores da rigidez, tradições e manias de instituições que dominam a sociedade mantendo-a sobre o domínio do medo, medo de errar, medo de não ser aceito, medo de mudar, medo de fugir, medo de falar o que sentimos, entre outras "moléstias" psíquicas das quais sofre o ser humano devido a ignorância de seus contemporâneos. A tendência do ser humano é julgar o certo e o errado sem pensar em todos as variáveis que permeiam uma situação. Julgar é mais fácil do que entender, e condenar é mais simples ainda, mesmo que suas conjecturas não sejam verdade.

O padre parece ser o único a entender que este mal cada vez mais se espalha na sociedade, de forma que todas as aberturas para o bom convívio entre as pessoas acaba se diluindo em dogmas retrógrados, falta de confiança e "fofocas" descabidas. A garota jovem é idealista e quer acreditar naquilo que é certo, mas a freira superior acaba deixando-a confusa. Neste filme o espectador é a freira jovem interpretada por Amy, que desenvolve um conflito interno sobre o que é certo e o que é errado, ou seja, todas as coisas têm uma razão para acontecer, sejam elas certas ou erradas, e cabe a nós ir fundo na verdade compreendendo os fatores que funcionaram como estopim das situações.

Vale a pena ver o filme Dúvida de forma a refletir e ver a maravilhosa atuação do trio e das crianças, quase como o teatro americano/inglês (por que o teatro brasileiro se perdeu nas comédias de duplo sentido). Recomendo e adiciono a minha lista de favoritos.

+ Continue a ler este texto

Poesia - Retrato

Este texto escrevi quando realmente esqueci

Na velha caixa de balsa, perto de muitas canetas e lápis de colorir, jazia ela em silêncio. Meio desbotada, com as pontas rasgadas, cabeças cortadas e estampas antigas, ela chamou de volta aquele que um dia a amou. - Lembra de onde eu estava? - Perguntava ela. E mesmo assim recusava-se a escutar a loucura daquele pedaço de papel. – Ei, olha pra mim... – Novamente. Não resistiu..., não reconheceu.... Olhou alguns segundos e suspirou. Levantou e esqueceu. - Por quê eu? – Perguntou a si mesmo.

Continue sua arrumação perante a poeira e as roupas velhas! Lembrou-se do local. Sim. Um dia, muitos anos atrás, havia estudado naquele local. Um curso. Sim. Uma daquelas coisas que a gente faz pensando no futuro...o futuro...quantas chances, quantas mágoas, quantas oportunidades perdidas! Mesmo assim foi maravilhoso. Por quê? Reflete. Procurou encontrar respostas para a felicidade. Retornou à caixa de balsa e olhou os rostos.

Quem está comigo ali? Quem esteve comigo antes? Quem me acompanhou...O futuro... Ali estava o futuro. Não, não, digo, o futuro de agora, mas o futuro naquela época... As esperanças, sonhos, amores, ansiedades, medos...PARE!!! Puxa, são tantas coisas...eram tantas coisas... Agora me lembro de você pedaço de papel. Me lembro do dia, me lembro da hora e do local...sabe, me lembro até do que aconteceu antes de eu chegar lá...

As imagens vêm aos meus olhos desbotadas e azuladas, como você papelzinho..., papelote, papelão...mas que papelão. Juro que não vou chorar. Naquele dia, não trabalhei. Fiquei em casa, angustiado para que o relógio me dissesse o momento certo de dizer adeus ao corredor da sala. Esqueci livros e canetas, mas sabia que não importava. As escadas, os corredores, o professor, o intervalo, PARE!! A cabeça dói...não quero lembrar. Mas lembrou.

Lembrou por que não havia como não recordar...- suspiro - ... azulada, desbotada, estampas antigas e pontas rasgadas, ela estava ali. Com os pés cortados, olhos vermelhos e o brilho do flash no rosto, eu lembrei dela. Talvez nem o tempo, nem minha mente que já me falha e nem o amor de meus netos possam arrancar as lembranças das melhores semanas da minha vida.

Este retrato? Bem, este retrato não tem nada...por um descuido meu, deixei a máquina ligada e apertei o botão sem querer...Que magnífica foto do assoalho! O assoalho...a janela...o quadro negro...é papelzinho, você não quer me mostrar...mas ela estava ali...ela estava ali...

Veja outros de meus textos

+ Continue a ler este texto

Poesia - Filmes Antigos

Esta foi a segunda para a mesma pessoa

Como um relâmpago de vida ela surgiu. Juro que quando entrei no recinto e pus meus pertences sobre a mesa, tentei colocar meus pensamentos em sintonia com o que se passava no meu coração. As poucas vezes em que isto aconteceu comigo, coloquei meus pés no chão para os fatos, porém naquele segundo, naquele lugar, no lado oposto da mesa, tudo parecia flutuar num encanto que só vemos em filmes antigos.

Tudo parecia tão perfeito – eu vivia repetindo em minha mente – mas ainda tão preto-e-branco...sim...como nos filmes antigos...E a mágica se encontrava em tomar a decisão certa, em colorir cenas repletas de tons de cinza que viajavam em palavras que nenhum de nós dois entendia muito bem. Mas como conhecê-la ? Como poder conquistar o direito de poder escutar sua voz mais de perto, de esquecer todos os problemas do dia-a-dia em lábios doces e convencê-la de que minha vida hoje melhorou ?

Pois é, não sou mais o mesmo...não sou mais o mesmo pois tenho responsabilidades. Tenho a responsabilidade de fazê-la sorrir, de fazer seus pequenos olhinhos brilharem, de poder conquistá-la todos os dias como se fosse a primeira vez, de segurá-la em meus braços e dizer coisas lindas...sim, não se preocupe, você é uma pessoa super especial e vai conseguir tudo o que você sonha.

E mesmo com os erros e faltas só consigo elogiar seus passos... Passos estes, como vento vespertino, batem em meu rosto a cada vez que te perco. – Odeio te ver ir embora... – Ah se eu pudesse te dizer estas coisas...tantas coisas...como eu queria poder te mostrar o turbilhão de emoções a cada vez que te encontro, e esse seria meu único arrependimento – suspiro - te amei por semanas e nunca encontrei o momento certo para te dizer estas três palavras de afeto.

Queria pegar-te em meus braços, beijá-la sempre que as palavras se tornassem supérfluas e nossos diálogos sem sentido...como seria bom deixar minha imaginação superar minha inteligência, a razão, e com você ter momentos dignos de um filme romântico...filmes antigos...marcados para sempre na memória de muitos...ou só de nós dois...nós dois...

Entreguei sim, em tuas mãos, aquilo que há de mais precioso em meu corpo, em meu peito, meu coração. Agora carrego de ti um cheiro, uma voz, um rosto lindo, uma lembrança...Das tribulações que me afligiam tirei poesia, do sofrimento arranquei música, das ilusões criei amor...mas preciso de você para transformar tudo em paixão. Sim, como nos filmes antigos...

Veja outros de meus textos

+ Continue a ler este texto

Poesia - Perto de Você

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Não acredito em registrar tudo o que escrevemos, desenhamos ou filmamos, muito menos no que os artistas dizem, que a arte deve ser a "expressão do artista" única e simplesmente. A arte, em todas as suas manifestações, deve ser algo voltado ao público, aberto para quem quer abraçar e admirar a vontade criativa dos autores. Este texto escrevi em 2004 (não vou citar nomes), não cabe aqui descrever a inspiração, mas sim deixar aos leitores imaginar, criar, se inspirar e refletir.

Poucas vezes em nossas vidas, temos a oportunidade de conhecer pessoas das quais realmente sentimos falta. Sentimos falta num momento alegre, sentimos falta quando um filme nos faz chorar, sentimos falta mesmo estando tão perto ao nosso lado e até sentimos falta nos momentos difíceis quando o mundo parece ruir sobre nossas cabeças. A palavra e o verbo não são fáceis de utilizar, gestos muitas vezes passam despercebidos.

Dizer coisas dignas de serem aceitas, como a sinceridade de um tolo, muitas vezes não nos liberta. Mas como se portar nesta situação mágica onde a química e o bem-estar falam mais alto do que qualquer sentimento, onde o simples fato de saber que vai encontrá-la consegue mover 14 músculos de sua face e deixar sua mente boba dizendo palavras para fazer esta pessoa especial sorrir? Palavras...sim, palavras. Palavras que lutam para dizer: - Gosto de estar perto de você! – e hoje não consegui calar este grito...

Não é que a oportunidade nunca tenha aparecido sabe...mas é tão difícil achar o momento certo para coisas e sentimentos que não entendemos...Às vezes me indago se tentar entender é deixar passar um momento sublime, jogar fora o clima que acabou de ocorrer ou deixar as mágoas correrem atrás de um pontinho sumindo no final da rua no término da madrugada quando você vai embora...

Tentar entender? Sim, por que tentar entender, se muitas coisas até hoje não compreendo? Não compreendo a felicidade de chegar em casa após um dia difícil, muito menos compreendo a felicidade de estar em uma festa com amigos reunidos...não, não compreendo os diferentes conceitos de felicidade para te dizer o que estou sentindo neste momento. Mas bem que eu tento...e no fundo, adoraria compreender você.

Adoraria entender o que te move a buscar alegria, aquilo que te fascina, as pequenas coisas que te fazem mergulhar na solidão, estudar profundamente os seus medos e poder te consolar e dizer que tudo vai ficar bem. Não é sempre que encontro alguém assim sabe...sinto poder dizer coisas a você que não conto para mais ninguém – suspiro – e cada vez que você diz algo interessante há no meu peito uma vontade louca de te abraçar...e você consegue dizer coisas interessantes a cada segundo... – saudade – nestes momentos, tenho a sensação de ser também interessante, de ser a pessoa mais importante do mundo.

Não posso negar, minha vida sem dúvida está cheia. Cheia de amigos, cheia de boas oportunidades, cheia de portas que se abrem todos os dias, mas de alguma forma, de repente, elas não significaram mais nada...Perto de você...perto de você eu queria escrever uma canção cheia de significado... - seus olhos brilham – e que nos momentos difíceis de sua vida você pudesse cantá-la e lembrar-se de mim – meus olhos brilham.

Desculpa se falo baixinho, se muitas vezes não controlo meus lábios e explodo minhas emoções em palavras que talvez não façam o menor sentido. - Hei você! Sim, a menina da cadeira ao lado, do banco do metrô, da bolsa amarrada na cintura, dos três chopes, que gosta de orquídeas, que curte a música do comercial de cerveja (não esqueci nada... e mesmo assim parece tão pouco...),...você acredita que não consigo ficar longe de você?

Veja outros de meus textos

+ Continue a ler este texto