Crítica Filme: Educação

sexta-feira, março 12, 2010

Quando eu viajava para a Bahia com os amigos em época de carnaval, apesar de me sair bem, eu não tinha o mesmo desempenho que meus amigos mostravam na folia. Eles diziam que eu parecia um lorde inglês. Não por ser convencido ou pomposo, mas pelas coisas que eu conversava, jeio que falava e sendo educado demais. Talvez seja por isso que eu gosto de ver este tipo de filme, por mais que a história seja cliché.

Talvez incoscientemente eu tenha o desejo de ter nascido em uma época de inocência (nem era tanto assim) como a era vitoriana ou os anos 60 (antes da revolução sexual), e ter sido o homem pelo qual as meninas ficam fascinadas pelo estilo de vida libertário, moderno, inteligente e louco.

Por que clichés? Por que a história da menina tímida e controlada pelo pai (Alfred Molina) que se apaixona pelo homem mais velho, experiente e inconsequente já foi feita em dezenas de filmes, centenas de séries e milhares de livros. Nada é novo. A história, a ambientação, os bailes de jazz, a cultura francesa, a sociedade inglesa, as escolas rígidas, tudo está lá.

Mas o que faz do filme tão bom? Boa pergunta. O alarde feito em torno da produção não é justificado visto o que é apresentado, entretanto a atuação, figurino e fotografia tem seus méritos. Até a adaptação do roteiro ficou boa, só poderiam ter feito um "twist" melhor para que a história não fosse uma sequencia de coisas previsíveis.

Educação (An Education) é a história de Jenny, uma menina de 16 anos (intepretada por Carey Mulligan de 24 anos), que vive com o pai que insiste que ela passe para Oxford, e a mãe dividida entre apoiar os gostos da filha ou os caprichos do marido. Jenny toca violoncelo, adora música e ama francês, mas isso não irá ajudá-la a entrar em Oxford, portanto ela tem que melhorar suas notas em latim.

Após um concerto na escola onde ela toca violoncelo, Jenny conhece David, um homem mais velho do qual ela desconfia no incio, mas logo fica fascinada com seus amigos e estilo de vida. Parece que David não quer nada, apenas apreentar o mundo de verdade para a menina, mas aos poucos Jenny descobre que não é a primeira vez que ele faz isso.

Peter Sarsgaard tem aquela cara que serve tanto para galã de filme de época quanto para vilão de filme do Bruce Willis, mas apesar de sua ótima atuação, é um daqueles atores estilo Selto Mello, ou seja, não importa o personagem, é sempre o mesmo tipo de atuação, é sempre igual.

Já Carey eu não posso falar muito pois não vi muitos trabalhos dela, entretanto não há como não elogiar a "beleza inglesa" da novata, sua aparência em roupas de época e expressões de raiva e tristeza fazem com que você queria ter uma mulher assim do seu lado. Me lembra Larisa Oleynick do seriado Alex Mack.

Na minha opinião quem roubou a maioria das cenas foi Danny (Dominic Cooper) e a bela Helen (Rosamund Pike), o amigo de David e a namorada burra de Danny. Alfred Molina (a.k.a. Dr Octopus) e Emma Thompson são atores de alto escalão que foram mal aproveitados neste filme. Senti falta também de uma força "Pink Floydiana" de revolta, de luta contra o sistema escolar inglês e suas tradições e rigidez. Parece que quando seu sonho pode não dar certo, Jenny simplesmente volta a fazer o que todo mundo espera dela pedindo de joelhos para ser aceita de volta no sistema.

Isso realmente não ensina nada às novas gerações que precisam lutar contra as tradições, contra preceitos culturais que ficam arraigados nas raízes da sociedade e que nosso pais e avós (principalmente quando não têm instrução) trazem no insconsciente como se fosse lei. Você não deve se machucar, ferir os outros e se destruir, o restante tudo é válido. Não existe lei quando o objetivo é ser feliz (e se tiver que visitar Paris, por que não?).

Os cinemas do Grupo Estação nas salas de Botafogo, RJ, melhoraram seus assentos. Vale a pena conferir. Está bem melhor e mais confortável. Ah, e o cheiro de carpete dos assentos de cinemas antigos continua lá.


+ Continue a ler este texto

O Wolverine é Exagerado?

terça-feira, março 02, 2010

Hoje na minha vida adulta já é possível,através do meu conhecimento, avaliar muitas coisas do meu passado nas quais nem pensava, ou refletia muito pouco. Sem querer parecer nerd (e já levantando a bandeira), existem alguns personagens de quadrinhos que sinceramente são difíceis de entender.

A gente compreende totalmente o fato de que é um mundo fictício, de que super-heróis não existem de verdade e ainda que os roteiristas possuem liberdade poética, mas se um personagem é estabelecido, ninguém deveria torná-lo algo além da vida, digo, algo absurdo (já pensou abrir os quadrinhos e ver O Capitão América brigando com o Coisa? Agilidade à parte, um soco do pedregoso é de matar).

Esta introdução foi feita por causa de Wolverine. Um de meus personagens preferidos na adolescência, acho que nunca houve um personagem tão "roubado" no universo Marvel e DC quanto o velho samurai. Vejamos. No inicio ele sai da cavera e luta contra o Hulk. Ele tem fator de cura, portanto sara em segundos.

O governo norte-americano, aparentemente testando o projeto Super Soldado em mutantes, transforma seus ossos em adamantium e lhe dá garras (lembra do desenho esquemático das garras nas antigas revistinhas da Abril em formatinho? Sim leitores, no incio não existiam garras de osso, o que depois foi mudado na série Origens). Wolverine portanto é o Arma X, ou seja a décima tentativado governo americano em criar um super soldado (o Capitão América portanto é o "Arma 0"?). Apenas um mutante com as habilidades de Logan (cura) poderia se tornar um soldado perfeito. E ele aceita.

Bem, o que sabemos até agora? Fator de cura, ossos de adamantium, garras e habilidades de luta. Ninguém falou em super força, em voar, em soltar raios e nem mesmo questionou-se como os ossos de adamantium absorvem o impacto (nossos ossos são porosos para isso, sabia?), nem mesmo como ele consegue andar com o peso do esqueleto, como são seus ligamentos ou como ele aguenta dor extrema sem desmaiar (lembra quando o Justiceiro metralhou a cara dele?). Será que os ossos são só folheados que nem as jóias da minha avó (afinal de contas no filme é derramado um metal líquido que era para ter derretido os antigos ossos todos...)?

Pois bem, aceitando tudo isso, por que diabos este personagem que é um humano comum com fator de cura e ossos de adamantium consegue pular de alturas absurdas, sobreviver a acidentes inimagináveis, levar um soco do Hulk ou do Homem-Aranha e manter a cabeça no lugar (conexões e ligamentos de adamantium?) ou não perder um braço?

Por que ninguém nunca separa um membro ou a cabeça de Wolverine? Se ele não tem superforça ou super-ligamentos, qualquer um mais forte seguraria o cara.

Lembre-se não há super-força, o Aranha tem a força de uma aranha de tamanho proporcional a um homem, o Capitão deve ter o dobro ou triplo, o Hulk nem se fala, mas e Logan? Pular super alto, brigar com heróis que podem lhe arrancar a cabeça? What the f*?

Na condição de humano, uma bala ou projétil qualquer que entrasse no olho ou por baixo do crânio, ou seja, áreas não protegidas pelos ossos, mataria o nervosinho na hora. Você vai dizer, mas ela fica alojada e se for retirada ele fica bom. Mas nosso cérebro não dura muito com uma bala, e se a bala ficar por mais de 10 minutos em Wolvi, é adeus ao personagem, a morte de um herói (e por que nenhum vilão pensou nisso antes?). É a mesma coisa do Homem-Aranha levar um tiro... Se Peter Parker levar um tiro, é adeus na certa.

Por isso os personagens coadjuvantes da Marvel (e o Demolidor) costumam ser melhores (vê-se Punho-de-Ferro, Nick Fury, Viúva Negra, entre outros que possuem sagas mais coerentes, sensatas dentro do próprio universo). Você não sabe a história dele, ele aparece pouco, você acredita em seus poderes e ele some. Ninguém sai por aí indo para outro planeta, lutando contra heróis "mega ultra hiper" e nem fazendo coisas impossíveis de acordo com os poderes que lhe são atribuídos.

By the way, o fato de Matt Murdock ter seus sentidos aguçados também não permitiriam pular de prédios se pendurando em mastros de bandeiras e enrolando sua corda durante a queda... Desisto dos heróis comerciais Marvel (nunca gostei de DC e li pouco a Image). Vamos dar conta do cenário independente de quadrinhos, mais sensato e mais pé-no-chão com suas próprias criações.

+ Continue a ler este texto