Crítica: A Chave-Mestra

sexta-feira, novembro 24, 2006

Muito boa história. Apesar de alguns clichês, o filme é interessante. Para quem é cinéfilo e lembra dos filmes de vudu da década de 80 como A Maldição dos Mortos-vivos com Bill Pullman, pode parecer um pouco repetitivo pois é um tema que já foi muito explorado pelo cinema. A atriz Kate Hudson está em alta no momento no cinema americano então nada mais coerente do que chamá-la para um filme de suspense da mesma forma como foi feito com Naomi Watts no filme O Chamado e Sarah Michelle Gellar no filme O Grito.

Mas tanto Kate quanto Naomi não possuem as características de uma mulher forte, meio detetive, meio “vou lutar para descobrir a verdade”...elas estão mais para modelos. Este filme mereceria uma Jodie Foster ou Claire Danes, afinal os filmes precisam de atrizes bonitas (Claire Danes pra quem não sabe fez O Exterminador do Futuro 3, A Estranha Família de Igby e começou sua carreira num seriado que passou no Brasil pelo canal Multishow).

Houve também um exagero na utilização da música de suspense e efeitos sonoros. Os filmes de suspense da década de 70 como O Iluminado eram bem silenciosos e assustavam muito mais. O fato também de terminarem o filme com uma “canção” de hihop estragou totalmente o clima de terror que se instalou nos espectadores, foi como dizer: - Ei, acabou! Vai pra casa e aluga outro!. É por isso que Walter Salles disse que nunca mais fará um filme de estúdio depois de Água Negra com a Jennifer Connely.

O restante não pode ser revelado se não estrago o filme. Ressalto que tudo o que disse aqui não afeta a apreciação do filme, mas se alguém entender o porquê da situação com os espelhos na casa, depois me explique, pois eu não entendi (vocês vão vir com uma explicação meio óbvia que eu também deduzi, porém, irei retrucar esta afirmação com um paradoxo...mas isso fica para depois que vocês assistirem o filme). Mas vale a pena ver o filme como passatempo de sessão da tarde, só não leve muito a sério.

Site oficial:
http://www.theskeletonkeymovie.com/

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Sobre Deus

domingo, junho 25, 2006

"Quando eu era jovem, eu tinha muitas idéias sobre o que Deus era. Hoje entendo que não tenho consciência o suficiente para saber o que este conceito significa. Sei que sou um com o grande ser que me criou e me trouxe para cá e que criou as galáxias, o universo etc. Mas não é difícil a religião se aproveitar disso. Muitos dos problemas que a religião produziu através dos séculos vêm da concepção que a religião tem de Deus, ou seja, algo distinto de nós a quem devemos adorar, cultuar, agradar, esperando ser premiado no fim da vida. Deus não é isso, isto é uma blasfêmia.

Deus é uma coisa muito mais ampla, e apenas é muito associado à organização religiosa. E a religião assombra o mundo... Fez mal às mulheres, às pessoas oprimidas, ao World Trade Center. Ainda assim temos no mesmo ponto um resumo de uma grande ciência. A ciência que mais se aproximou para explicar o ensinamento de Jesus de que uma semente de mostarda era maior que o Reino dos Céus foi a física quântica.

Hoje temos uma incrível tecnologia. Imãs anti-gravitacionais, campos magnéticos, energia ponto zero, realidade virtual... Mesmo assim ainda temos um conceito retrógrado e supersticioso de Deus. As pessoas entram na linha quando ameaçadas por essas "sentenças cósmicas", pelo "castigo eterno". Mas Deus não é assim. E quando você começa a questionar tais retratações de Deus, as pessoas te taxam de agnóstico, um subversivo da ordem social. Deus é maior do que a maior das fraquezas do ser humano. E Deus precisa transcender a grandiosidade da habilidade humana de forma incrível para ser visto em seu absoluto esplendor? Como um homem ou uma mulher pode pecar contra algo tão supremo? Como pode uma pequena unidade de carbono na terra, no quintal da via Láctea, trair o Deus todo poderoso? É impossível. O tamanho da arrogância é o tamanho do controle daquelas que criam Deus à sua própria imagem.

Qual é o único planeta na via Láctea em que seus habitantes estão impregnados e subjugados pelas religiões? Você sabe o porquê disto? Como as pessoas estabelecem o que é certo e o que é errado? Se eu fizer isto, serei castigado por Deus. Se fizer aquilo, serei recompensado. Isso é uma descrição muito pobre que tenta mapear um caminho para seguirmos na vida, mas com resultados lamentáveis. Pois realmente não existe algo como "bom" ou "mau". Dessa forma estamos julgando as coisas de uma forma muito superficial.

Isso quer dizer que está tudo liberado e você está livre para pecar? Não!! Simplesmente significa que temos de aprimorar nosso entendimento com o que estamos lidando aqui. Existem coisas que eu faço e sei que me evoluem. Existem outras coisas que não vão me evoluir. Mas não há "bom" ou "mau". Deus não vai punir você por ter feito isso ou aquilo. Não existe um deus condenando as pessoas, senão, todos seriam Deuses, pois todos criticam uns aos outros. Da mesma forma que Deus é um nome utilizado pela massa para explicar as experiências que temos no mundo que de alguma forma são transcendentais, que de alguma forma são sublimes.

Eu não faço idéia do que Deus seja exatamente... Contudo, eu acredito que Deus exista e que é muito real. Só não sei como definir Deus... Ver Deus como uma pessoa, ou como algo ... bem, eu não sei como explicar. Pedir para um ser humano explicar o que é Deus é o mesmo que pedir para o peixe explicar a água em que nada. Somos pessoas que estão construindo a fé, e temos que seguir por este caminho até o dia em que iremos amar o intangível da mesma forma que amamos nossos vícios. A única maneira de estar sempre bem comigo mesmo não é cuidando só do que sou, mas sim cuidando da minha mente, questionamentos e interpretações. "

Do filme - Quem Somos Nós? - Imprimir esta página

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Anos 80 - A Peça

sábado, abril 01, 2006

Eu nasci em 1979. Um ano antes, o general Ernesto Geisel acabou com o AI-5, restaurou o habeas-corpus e abriu caminho para a volta da democracia no Brasil. Numa época de incertezas e esperanças, o governo Figueiredo trás de volta políticos, artistas e demais brasileiros exilados por crimes políticos. Nos anos que se seguiram, apesar de alguns atentados, vimos à volta do pluripartidarismo, movimento de diretas já, fortalecimento de sindicatos, e, entre outras coisas, a abertura e liberdade conquistada pela juventude. Foi neste contexto que eu nasci... Filho da revolução? Sim. Filho de uma geração que desde a Revolução de 64, lutou para termos uma infância melhor.

Esta introdução foi necessária por que nunca havia visto a minha pessoa e meus amigos desta forma. A liberdade cultural que os jovens viveram quando éramos crianças nos trouxe lembranças para a vida toda. Desde um doce diferente, programas de TV, até as festinhas americanas na escola, os Anos 80 foram o "boom", uma efervescência de produtos, marcas, modas, manias e músicas que nunca vamos esquecer. Por isso digo para vocês, não deixem de ver "Anos 80: A Peça" de Cristina Fagundes.

Anos 80: A Peça trouxe de volta muitas coisas, às quais alguns já haviam esquecido devido a vida tribulada de adulto. As frases célebres de heróis de desenhos animados, apresentadoras de programas infantis, programas do Silvio e Chacrinha, os cantores e músicas da época (muitos esquecidos como Naim, Rosana, Trem da Alegria, entre outros), o aumento absurdo de preços na época da inflação, a moda da época, brinquedos (o Batman com o Cubo Mágico é fora de série), as festinhas americanas em que a gente ficava com vergonha de chamar a menina mais bonita do colégio para dançar, os cabelos arrepiados na escola, as frases de comerciais da TV, o We Are the World na televisão, entre outras coisas que me fizeram rir horrores durante uma hora e meia de peça! Nem um pouco cansativo, pelo contrário, platéia cheia, rindo o tempo inteiro e aplaudindo de pé no final.

O que mais me impressionou foi o improviso dos atores na parte em que interagem com a platéia imitando os programas do Silvio Santos e Chacrinha. A cada tirada da platéia o elenco soltava uma nova piada na medida exata para fazer rir. O mais interessante foram os próprios estarem se divertindo com toda a encenação e não conseguirem segurar o riso junto ao público.

Ao lado do palco um telão passava, durante intervalos de 2 a 3 minutos, cenas da época, clips, entrevistas (inclusive uma com o Luciano Nassyn do Trem da Alegria), cenas de filmes, seriados, programas, entre outros.

Apesar de sentir falta de algumas coisas da minha infância que não foram representadas na peça, todo o elenco e direção estão de parabéns. Espero que a peça sempre se renove acrescentando novas "sketchs", outros assuntos e modismos dessa época maravilhosa.

Corrijam-me se encontrarem erros acima, deixo aqui o resumo para quem ainda não assistiu: "Quem não se lembra de como foram divertidos os anos 80? Das ombreiras enormes, do Chacrinha, do He-Man, de Guerra nas Estrelas e da Ilha da Fantasia? E quem nunca foi ao Tívoli Parque ou cantou Eduardo e Mônica? Anos 80: A peça veio para matar a saudade dessa década inesquecível! Direção e texto de Cristina Fagundes, com Marcelo Dias, Zé Guilherme Guimarães, Cristina Fagundes e Marcella Figueira”.

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