Poesia: Eu de Você, Você de Mim

terça-feira, dezembro 11, 2012

Dentre os filmes e livros que pego neste quarto, da caixa empoeirada de gibis antigos às animações que me enchem de saudosismo, o âmago de meu conforto encontra-se em Venerdi quando encontro a menina Bridi. Sim, confesso que as palavras me fogem no momento em que coloco o lápis no papel. Parece que todo os verbos não são mais necessários para formar uma frase: "Eu...você..."

Mas sinto falta de algo... Uma conjunção? Uma preposição talvez... Eu e você, eu de você, você de mim... Como sem sentido de posse, mas como a rebeldia de quem admira algo maior que si mesmo.

Uma vez por semana ela me deixa saudade... Mas creio que em uma reflexão sábia de felicidade, ela sempre me deixa poesia. Não espero promessas pois ela ainda não sabe, mas este foi um engodo que infligi ao meu ego, ao meu orgulho, ao meu desejo, ao meu futuro... A Bridi que eu talvez nunca encontre...

Talvez eu esteja farto de poesia, cansado de noites com a cabeça em textos. Agora quero o diálogo do marquês, o sussurar do amante, a valsa do libertino, o galanteio do burguês... A poesia não funciona... É a bebida que entorpece o bufão e que oferece os fios de Venerdi àqueles que cortejam sem amor. Ah se o drama fosse mais forte que o encontro! Eu e você, eu de você, você de mim...

O drama opera no silêncio, mas o drama não se constrói sem presença. O encontro com Bridi... Beijo-lhe os lábios, entrelaço os dedos nas madeixas. Respiro. Conversamos por cinco horas seguidas... Não me canso. Toco seus dedos. Suspiro... Mas quem pode dizer o que você faria? Un Venerdi insiemie. Eu e você, eu de você, você de mim...

Talvez eu não misture mais a admiração com paixão... Não vou jogá-la aos leões de minha impaciência ou ao declínio de meus devaneios. Se nunca a conheci, se nunca ergui meus braços e te segurei, se nunca sussurrei baixinho o que sinto, não há o que reclamar de minha pantomima. Só este silêncio grita alto sobre o encontro que nunca aconteceu...

Reclamo é da minha arte e dos "Vinicius" que criaram o pedestal onde hoje você está. Meu coração dói... Talvez a minha Bridi será reimaginada, repaginada, esquecida, substituída.... Talvez a próxima Venerdi mostrará outras Bridis... Mas queria que ela, você... queria que Bridi soubesse... Eu e você, eu de você, você de mim.

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