Crianças Levadas a Sério

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Os filmes infantis a partir dos anos 90 tomaram uma direção "boboca" e um pouco sem sentido... Não sei se devido às leis, a psicólogos (o que duvido muito por ser um grupo muito bem instruído) ou a simples dedução não cientifica de políticos incompetentes e pessoas que acham que conhecem a mente das crianças, mas a verdade é que os filmes se tornaram "idiotas", passivos e feitos sob a ótica protetora adulta sob o mundo infantil.

Claro que você não é mais criança, e é quase impossível lembrar seus desejos e sonhos infantis (ou como isso te influenciava), mas não é muito dificil lembrar de filmes como Goonies, Garotos Perdidos, Gremlins, A Lenda, Labirinto, até mesmo Poltergeist que te fez se esconder debaixo da cama. Estes filmes pensavam nas crianças como seres com idéias próprias, sentimentos, opiniões, vontades, e não como o ser "boboca" que deve só ver bonequinhos dançando e pulando ao som de músicas com letras pobres...

Não tiro o mérito de programas como Barney, Backyardigans, Teletubbies, princesas, entre outros, mas se eu tivesse mais de 6 anos e fosse obrigado a ver essas coisas, eu realmente iria ficar com raiva. Na verdade a criança não fica com raiva por que não entende. Poucas vão reclamar com você sobre o conteúdo dos filmes ou da TV pois estão extremamente condicionadas a aceitar aquele tipo de programação. Quando o filho do meu primo viu Senhor dos Anéis aos 5 anos de idade, os pais de seus coleguinhas achavam aquilo um absurdo enquanto o garoto trazia a curiosidade para os seus coleguinhas de escola.

Nós mesmos víamos filmes e desenhos de melhor qualidade quando crianças, e mesmo não entendendo diversas coisas, nos divertíamos muito, trazemos boas lembranças e até hoje descobrimos coisas novas que naquela época não percebemos. Esta descoberta sumiu, deu lugar a produções "mastigadas" que explicam tudo e privam a criança do pensar (já viu os DVDs da Xuxa? Já foi ver uma animação no cinema sem ser as da Pixar ou da série Shrek?). Até mesmo filmes como a Fantástica Fábrica de Chocolates de Tim Burton teve sua visão deturpada em relação ao livro para criar algo mais "aceitável" para o público infantil (na visão dos adultos é claro).

Você não deve tratar a criança como um adulto pois seus modelos mentais ainda não foram formados, mas isso não significa que esta deve ser tratada de forma estereotipada, as crianças devem ser levadas a sério na concepção de produtos áudio-visuais para que estas mídias sejam responsáveis pela sua própria construção como individuo. A descoberta do amor, do sexo, da morte, das amizades, do perigo, da aventura, nós recebems isso nos anos 80... Hoje o que as crianças recebem é como dançar, pular, rodar, cantar, como comprar "brinquedos fofinhos", robozinhos falantes e imitar golpes japoneses (as que se importam, pois a maioria está mais preocupada com games). Adoro todas essas atividades e esses gadgets, mas eles não podem ser 100% do aprendizado de cultura pop de uma criança.

Mas este quadro está mudando. Fimes como Spiderwick e Ponte para Terabitia vêm mudando a ótica adulta para concepções mais fantásticas da imaginação infantil. Após 15 anos de filmes bobos, as produções voltam com temas familiares ao cotidiano real dos pequenos como a escola, os amigos, as descobertas, a morte de pessoas próximas, etc. Afinal, Disney já mostrava uma visão sombria iconoclasta de princesas e dragões muito antes de Caverna do Dragão ou dos novos desenhos deste século, e ninguém se tornou mau ou cresceu perturbado por causa disso...

Criança deve ser levada a sério no cinema e novas mídias sociais! Filmes e TV devem trazer boas memórias e descobertas e não um passatempo "educativo" bobo. Acordem para um novo mundo, não sejam analfabetos sociais que escondem o conhecimento e descobertas das crianças com medo que elas mudem muito a rotina das velhas idéias...

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Morre Bettie Page

sábado, dezembro 13, 2008

Numa época em que apenas fotos de mulheres com roupas íntimas já abalava o mais puritano dos garotos, onde a sensualidade era mais discreta e os meninos ainda se preocupavam em esconder dos pais que tinham certas revistas em casa, onde era considerado imoral comprar revistas de mulher de lingerie naquela estante do canto das lojas, nesta época surgiu Bettie Page. Hoje é muito normal para adultos e crianças ver grandes outdoors ou peças de propaganda pela cidade com a Gisele Bündchen de calcinha e sutiã em poses sensuais, mas isso nos anos 50 era papo para muita polêmica.

Estava aí uma época de inocência onde era legal ser um garoto e desfrutar daquela cumplicidade com os amigos, da descoberta do sexo nas revistas "proibidas" e liberar a curiosidade reprimida. Hoje as ciranças já nascem vendo na tv, bancas e jornais as fotos mais explícitas possíveis... perdeu-se muito daquela magia em torno das pin ups pois tudo agora é mostrado com fotos que até o Kamasutra duvida e com o melhor que a ferramenta Photoshop pode retocar.

Nascida em 1923, Bettie Page, como mostrado no maravilhoso filme de Mary Harron (The Notorious Bettie Page, 2005), foi a segunda de seis filhos de Walter Roy Page e a Edna Mae Pirtle. A família vivia em condicões financeiras precárias não repousando por muito tempo no mesmo lugar, com a queda da bolsa em 1929 a situacão piorou. Os pais se divorciaram em 1932.

No ano anterior Walter havia sido preso por alcoolismo e desordem. Edna Pirtle se estabeleceu em dois empregos, enviando Bettie e duas de suas irmãs para um orfanato por um ano. Aos quize anos de idade de Bettie fora violentada pelo próprio pai, quando ele havia voltado a morar com a família. Em idade tenra Page conheceu responsabilidades duras e aprendeu a tomar suas próprias decisões.

Entre o coro da igreja e o salão de beleza que Edna trabalhava, Bettie mantinha seu tempo costurando. Bettie foi considerada uma estudante excepcional. Mostrou sempre interesse pelo cinema e a vida de modelo. Coordenou um grupo de arte dramática e se formou Bacharel em Artes no Peabody College em 1943. Pernas a parte, seu trabalho fotográfico é um marco na história, tanto das fotos sensuais quanto nas técnicas de fotografia dos anos 50. Bettie morreu nesta quinta-feira 11/12/2008 em Los Angeles.

Pioneira da liberação sexual nos anos 50, até hoje é reverenciada pelo cinema, mídias em geral, músicos de rock, artistas gráficos, fãs de automóveis, tatuadores, entre tantos outros artistas/profissionais. Afinal de contas, quando nossa avó era menina, passar batom era coisa de prostituta. Quando nossas mães eram pequena, usar minissaia era coisa do diabo.

Quando nossa prima mais velha usava minissaia, ainda não podia ver filmes picantes (que hoje passam livremente em um cinema perto de você!). As coisas mudam, o mundo muda... Não fiquemos presos aos preceitos culturais de nossa época pois a vida é maior que isso e o certo e o errado só se aplica quando você fere física ou emocionalmente o próximo... Assim nos ensinou Bettie Page.

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Crítica: Por Favor Rebobine

quinta-feira, novembro 27, 2008

Be Kind Rewind é mais um daqueles filmes americanos que mostram o valor do espírito humano diante das dificuldades do dia-a-dia, e que mesmo na pior das tragédias a união de uma comunidade pode amenizar qualquer sofrimento. Isto não tira o seu valor, nem mesmo o coloca na posição de um filme com clichês. A idéia é muito louca pois a explicação para a perda das fitas de video é ao mesmo tempo cômica e inverossímil, mas não deixa de ser uma parte muito divertida de introdução para o restante do filme.

O personagem de Jack Black é quase o mesmo que você já viu em Escola de Rock e outros filmes, mas o principal deste filme é a idéia dos "Sweden Movies", ou seja, você recriar um filme conhecido apenas com os recursos que você tem na sua casa, no seu prédio, na sua vizinhança, sem uso de softwares gráficos, edição nem nada sofisticado. As cenas recriadas são hilárias e apesar do filme ter uma mensagem de drama americano, nas entrelinhas ele mostra o que vem acontecendo com todas as indústrias cujas conteúdos podem ser convertidos para mídias áudio-visuais. As pessoas hoje estão mais interessadas naquilo que é novo, diferente, pessoal, e dão menos atenção ao mainstream, preferem algo que reflita suas aspirações na vida, a realidade de sua comunidade, as histórias do seu povo, mesmo que estas histórias sejam contadas em pequenos filmes por pessoas do outro lado do mundo... (vê-se YouTube, entre outros sites de video).

Quando no final do filme os "vilões" aparecem para destruir os filmes da locadora, vê -se claramente o medo das grandes corporações que diante do cenário atual não sabem mais o que fazer, não conseguem ser criativos para elaborar campanhas de marketing que funcionam sobre um cliente que muda a cada segundo e que não é mais afetado por velhas fórmulas da publicidade. Até mesmo o marketing por sites como o YouTube estão ultrapassados uma vez que agora todo mundo já sabe que isso acontece e fazem questão de denunciar as empresas que praticam esta atividade de Web Marketing em diversos sites Open Social.

Se J.K.Rowling processou um fã de Harry Potter por causa de um site, o Metallica manda prender jovens por escutar suas músicas na internet e Bob Dylan e outros da velha geração dão chiliques contra os "downloaders" , o que vai acontecer com estes que não sabem divulgar o seu trabalho no novo mundo? A resposta é que ficam mal vistos. Você pode até comprar os produtos, mas você sabe que estã comprando algo do artista e empresas que não souberam lidar com mudanças.

Be Kind Rewind é um filme muito bom e bem útil para as reflexões de nossa época. Não veja o filme como uma mera comédia, mas como uma metáfora dos acontecimentos. E aconselho a todos a se divertirem bastante tirando 1 hora do seu final de semana para fazer "Sweden Movies" com suas câmeras! Distribua na internet, coloque no Youtube, mande por e-mail! Ser bobo de vez em quando não faz mal a ninguém, distrai um pouco a cabeça e tira um sorriso do rosto até das pessoas mais sérias.

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Exposição Corpo Humano

quinta-feira, novembro 20, 2008

A exposição itinerante alemã Body Worlds (Körperwelten) sediada na Inglaterra (pois é, o domínio deles é co.uk) já esteve em diversos locais do mundo, inclusive estava na própria Alemanha quando estive na Europa, e quem lê muito jornal, revistas e vê documentários aqui no Brasil, sabe que ela já rodou meio mundo nos últimos 10 anos. Polêmica, a exposição trás cadáveres injetados com um composto (talvez plastilina) que os mantém rígidos permitindo ao médico/escultor colocá-los em posições em que sejam mostradas partes interessantes da anatomia humana. É uma pena que a exposição Corpo Humano não seja tão completa quanto a Body Worlds que rodou o mundo que tinham os corpos jogando basquete, montando cavalo, escrevendo, tudo no mesmo estilo, exibindo músculos, veias, ossos e orgãos.

Mesmo assim foi fantástico ver corpos onde podemos ver como funcionamos, como somos por dentro, como são feitas cirurgias, reconstituições e tratamentos, o que certas doenças causam e até mesmo sabermos por que é tão importante cuidarmos do nosso corpo, nossa alimentação, exercícios, psique, etc. Parabéns à iniciativa da sala onde o corpo e partes de um fumante são mostradas. Havia até mesmo um local para que as pessoas jogassem fora seus maços de cigarro. Para quem ainda não adotou uma vida saudável, é hora de começar! A exposição mostra o fígados de quem tem cirrose, como são as artérias entupidas, entre outros problemas que você deve evitar cuidando melhor do seu corpo. Eu ando com uma dor complicada nos calcâneos, e fiquei muito tempo tentando perceber como aquilo, aquela máquina de tendão e ossos na extremidade da minha perna funcionava...

Muitas pessoas acham assustador e nojento, mas o melhor da exposição é ver a reação das crianças, sem inibição, sem pormenores ou vergonha, elas perguntam tudo, brincam e ficam fascinadas. Um menininho do meu lado falou até pra mãe que queria ser cortado daquele jeito! (o que a mãe respondeu:"-Deus me livre!").O meu único desapontamento é que a lojinha do Museu Histórico Nacional, local da exposição, não aceita cartão de débito automático... Fiquei sempre comprar todos os livros que eu queria de artes, históricos e principalmente da exposição do Corpo Humano. Isso significa que ainda irei retornar algum dia para fazer aquele "mercado" de livros na lojinha.

http://www.corpohumanorio.com.br/
http://www.exposicaocorpohumano.com.br/
http://www.bodyworlds.co.uk/
http://www.bodyworlds.com/
http://www.ocorpohumano.net/

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Crítica - 007: Quantum Solace

domingo, novembro 16, 2008

É verdade que a maioria dos filmes hoje em dia dão grande valor ao realismo das cenas (mesmo quando beiram o impossível) do que filmes da década de 80 ou 90. Podemos observar este fenômeno em Batman, 007, entre outros filmes de ação que estão optando por uma abordagem mais pé-no-chão, menos fantástica. Ver mais um filme de James Bond é sempre uma tarefa dificil pois desde os meus 10 anos vejo James Bond no cinema (Licença para Matar com Timothy Dalton, primeiro que vi no cinema) e já entro na sala com uma certa expectativa... Confesso que estou gostando muito desta nova abordagem da série com Daniel Craig, o personagem se aproxima muito mais do Bond dos livros de Ian Fleming e menos do galante sedutor imortalizado por Sean Connery e Roger Moore. Gosto disso, a maioria dos filmes atuais estão tentando uma aproximação com os trabalhos originais dos escritores, da forma como foram pensados, e não de uma forma romantizada para atrair platéias.

Bond neste filme é violento, mata quando precisa (e às vezes quando não precisa), não hesita em contrariar seus superiores, se vinga e torna as missões em algo pessoal. O filme começa do ponto onde o filme anterior terminou, e se vocês lembram (é bom lembrar para aproveitar melhor), Bond pensa que Vésper o traiu. Ele tenta acreditar no contrário e, além de buscar vingança contra o homem que matou Vésper, Bond precisa desmantelar uma organização, salvar uma democracia e pegar o homem que ameaçou sua líder M. Claro que beldades não faltam, com destaque para Gemma Arterton e Olga Kurylenko (particularmente prefiro Gemma que estará em Prince of Persia em breve).

Vale muito a pena ver este filme no cinema. Tudo o que você espera está lá, ação, perseguições, tiroteios, mulheres bonitas, um vilão carismático, capangas caricaturados e muito mais. Sinto falta de John Cleese, mas não acho que ele se sentiria bem nestes filmes mais realistas de Bond. Destaque também para o fantástico ator francês Mathieu Amalric que vi recentemente nos filmes A Questão Humana e O Escafandro e a Borboleta.



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Crítica - Sombras: Cassavetes

Hoje vi três filmes no cinema (pra variar), e nenhum dos três me decepcionou. Começo pelo último pois foi o mais curioso. Sombras (Shadows - 1959) foi um dos primeiros filmes de John Cassavetes, um ator que nós que somos mais novos reconhecemos melhor pelo seu trabalho de ator em O Bebê de Rosemary e na série sessentista Viagem ao Fundo do Mar (que passa na TV a cabo). Alguns ainda lembram de Whose Life Is It Anyway?, filme de onde o comediante Drew Carey tirou o nome para o seu programa de tv.

Sombras não possui um roteiro bem definido, e isso se percebe logo nas primeiras falas do filme. As interpretações soam falsas, a movimentação um pouco caricata e os takes um pouco nervosos e acelerados. Na medida em que o filme avança, esquecemos a falta de roteiro para prestar mais atenção na evolução que o filme trás ao longo de 81 minutos de descoberta cinematográfica. Descoberta sim, pois ao final do filme Cassavetes revela que toda a película foi uma improvisação. Isso mesmo, é claro na passagem do tempo o desenvolvimento da intepretação, a interação entre os atores, o conforto na frente da câmera, e da parte da produção vê-se que a câmera passa a ser mais forte, quase que como mais um personagem da cena que de repente se habituou a conviver com aquelas personas. Esta passagem é um show a parte.

Basicamente o filme não tem uma história, mas gira em torno de 3 irmãos (02 jovens e 01 garota) que tentam passar o seu dia-a-dia da melhor forma possível. A garota, a mais nova, busca um amor sincero e confiável, mas ao mesmo tempo gosta de provocar os homens. O irmão mais velho é um cantor cuja fama aos poucos decai na medida em que novos shows mais populares são apresentados nos cabarets. O irmão do meio é um trompetista de jazz que adora farrear com os amigos mas vê seu ganha pão indo embora por causa da forte ascensão do rock'n'roll nos bailes da cidade (mostra de forma implicita esta passagem dos jovens que largaram as danças com as bands de jazz para dançar o rock e o twist). Os irmãos ainda tem que lidar com o preconceito racial e os males da cidade.

Outra coisa legal foi que só haviam 3 pessoas na sala (contando eu) e o técnico do cinema demorou a colocar o filme. Como a sala 02 do Estação Botafogo é pequena, levantei e fiquei olhando lá pra trás onde o técnico pegou aquele rolo enorme de filme, observou os fotogramas, colocou na máquina e botou pra rodar! Pura nostalgia que só os filmes mais antigos podem trazer. Ver aqueles milhares de quadros no rolo de filme pra mim já valeu o ingresso.

Dificilmente você vai ver este filme no cinema com esta facilidade que eu tive, mas vale a pena baixar (duvido que você consiga alugá-lo) e fazer uma sessão meio "cinemão dos anos 60". Fico pensando também onde estão hoje esses atores, todos tinham aqueles rostos jovens e agora estão velhinhos, mas será que estão atuando? Será que estão vivos? Mais uma curiosidade, John é pai de Nick Cassavetes, diretor de filmes bem atuais como Alpha Dog.



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Ouvidos Mutantes Globalizados

sexta-feira, novembro 14, 2008

Não trabalho para a Viacom nem em nenhuma de suas dezenas de subsidiárias (MTV, Nickelodeon, etc.), mas pelos meus interesses estarem muito ligados a cultura tween (jovens de 12 a 35 anos), acabo absorvendo, meio que por osmose, boa parte do que há de novo na música, cinema, séries, shows, programas, produtos, consumo, etc. O que me surpreendeu ultimamente é a quantidade de bandas, normais ou experimentais, que surgiram lá fora nos últimos anos e a juventude brasileira nunca ouviu falar... De repente até alguns jovens de São Paulo ou outros centros do Brasil (com exceção do Rio que é saturado de coisas comuns), até conhecem algumas dessas bandas através de clips na MTV, pela internet ou por outros canais de comunicação.

Quando eu era adolescente surgiu Nirvana, Soudgarden, Screaming Trees e todas essas bandas do Grunge, além de diversos sons pop e hardcore que embalaram a minha "passagem" de criança para a juventude. Nesta época (inicio dos anos 90), pra você conhecer sons diferentes você tinha que comprar a revista Bizz, fuçar lojas de CDs comprando música sem nem saber o que tinha dentro, ou até mesmo pegando aquelas coletâneas de novelas, séries e filmes e encontrando o CD do artista daquela trilha sonora que você gostava...

Hoje a dinâmica mudou muito. Mesmo com estas possbilidades limitadas, eu nunca iria encontrar sons alemães, suecos, australianos, ingleses, franceses, indianos, ao menos que estes estivessem explodindo na mídia e/ou cantando em inglês. Saber que Ravi Shankar existia, só lendo sobre os Beatles. Saber de Australia Crow, só andando com surfistas, ou seja, a cultura simplesmente não alcançava o jovem por que não era do interesse mercadológico trazer toda aquela bagagem musical para os ouvidos dos brasileiros. Mas claro que as pequenas tribos e viajantes acabavam trazendo alguma coisa.

Hoje, mesmo não encontrando alguns CDs, acho tudo na internet, do som mais underground ao minimalista, techno, trance, eurodance, heavy metal, trash metal, hardcore, punk, pop regional, e por aí vai. Ecletismo é uma benção, e o ouvido treinado sabe aproveitar todos estes sons para tirar o máximo das obras para o seu dia-a-dia, seus trabalhos, seu lazer, até mesmo suas decisões de vida. São estas músicas fora do mainstream (ou presas a um grupo especifico) que hoje contribuem fortemente para a trilha sonora de filmes, comerciais e mídias interativas (é mais fácil você ouvir Frou frou e Kate Nash em propagandas do que a Britney Spears). O som experimental deixou de ser exclusivo do undeground, alternatuivo e festivais internacionais, para fazer parte do MySpace, YouTubee outras mídias sociais.

Eu particularmente conheci as bandas que vou citar no fim do post através do YouTube, sites da MTV americana, alemã e inglesa, MySpace, o programa Saturday Night Live, o E-Mule, o site Pandora.com (que agora é limitado aos EUA devido a direitos autorais), amigos que viajam e livros (sim, citações do clássico ao moderno, até Oliver Sacks cita suas músicas eruditas). Você já parou pra pensar que existem até mesmo músicas clássicas de compositores que você nunca ouviu falar?

Sons da década de 30 que estão sendo regravados mas que você nunca soube da existência? Mesmo no Brasil, as músicas da minha avó também são ótimas pra relaxar e dançar, e até na época dela havia os sons experimentais e as músicas que não atravessavam o Atlântico devido a falta de um canal de mídia eficiente e que permitisse a inclusão social.

Pense bem o quanto se perdeu com essas distâncias na época da minha avó. Nem os mais criativos músicos conseguiam conceber o que se passava em outros continentes e muitas vezes voltavam maravilhados com aquele som novo que ouviram em uma viagem a terras estranhas. Até hoje, mesmo depois de Paul Simon, Toto e outras bandas terem enchido o mercado de sons africanos, muitos artistas ainda buscam a percussão e jogos vocais de Angola, Zimbabue, os lamentos e cordas da música árabe e o som eletrônico dos DJs alemães. O mundo é um só, a música é um amálgama de tudo que cada cultura tem, e nossos ouvidos são cada vez mais treinados para perceber a arte dos sons, a textura de uma melodia, as cores de uma canção (isso não são metáforas, pessoas com audição bem desenvolvida realmente conseguem perceber estas caracteristicas).

Para aguçar os seus sentidos e passar o tempo, estou colocando aqui alguns clips de artistas dos quais você ainda vai ouvir falar (se já não ouviu). Alguns são muito famosos em seus países de origem, outros são internacionais mas fechados ao cult/alternativo. Busquem, procurem, aproveitem o muito moderno, o pop, o experimental, o cult, o rock, minimal, o samba, maracatu, música africana, até sons aborígenes e dos índios brasileiros estão valendo! Te Garanto que isto é apenas uma pequena parte do que existe, e tirar meia hora do seu dia para navegar e escutar novidades não vai tomar muito do seu tempo. Fiquem com os clips.

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Morre Michael Crichton

quinta-feira, novembro 06, 2008

Quando eu tinha 14 anos ainda queria muito trabalhar com cinema. Ficava fascinado com os efeitos especiais, pirotecnia, miniaturas, maquiagem, monstros, robôs hidráulicos e tudo mais que criava a magia do cinema. Nem preciso dizer que quando tinha 14 anos fiquei meio deslumbrado com toda aquela tecnologia utilizada para trazer a vida os dinossauros de Jurassic Park, filme baseado no best-seller de Michael Crichton. Como bom viciado em mídias desde pequeno, comprei o livro antes do lançamento do filme por que sabia que ia sair a película, e vejam só, acabei devorando 300 das 500 páginas do livro em apenas uma noite.

Em tempos em que mentirosos como Dan Brown escrevem livros populares utilizando falsas informações como marketing de vendas, Michael era médico de verdade, e mesmo quando suas verdades não eram reais, ele nunca negava a ficção de suas palavras. Hoje pessoas que nunca tocavam em um livro, que não liam livros na escola e que adoram publicações de auto-ajuda, vivem comprando best-sellers do momento como Código Da Vinci ou Marley e Eu, mas perderam a melhor época da recente literatura de ficção por ignorarem (como ignorância) os melhores escritores dos anos 80 e 90 que quase nunca saíam na mídia. Crichton sem dúvida foi fantástico.

Michael Crichton, que também é o criador de Plantão Médico (ER), morreu nesta terça-feira aos 66 anos, vítima de câncer. Nascido em Chicago em 1942, Crichton era filho de um jornalista e publicou seu primeiro texto no New York Times aos 14 anos. Em 1960 entrou em Harvard com o objetivo de se tornar escritor, mas mudou para antropologia quando seu estilo foi criticado por um professor. Após completar antropologia e passar um ano como conferencista em Cambridge, voltou aos Estados Unidos para estudar medicina em Harvard e escrever oito livros sob o pseudônimo de John Lange. O autor também usou o pseudônimo de Jeffery Hudson e chegou a trabalhar como médico um ano no Salk Institute antes de se dedicar à carreira de escritor em tempo integral

Eu tinha tudo de Jurassic Park, desde camisas e livros até maquetes e revistas especializadas. Não tinha passado por este vício desde o primeiro Batman de Tim Burton em 1988. Quando fui a Universal Studios na Florida, a excursão não ia ao local de Jurassic Park, portanto entrei numa discussão com o os guias de que eu, com 15 anos, havia pago uma viagem caríssima e não ia ver o que eu mais queria. Deixei eles lá onde estavam e fui sozinho, tirei fotos com os carros e com os modelos em tamanho real utilizados no filme escrito por Crichton.

Desde Odds On, O Homem Terminal até Jurassic Park e Next, os livros de Crichton deixam sua incrível capacidade de criar hisórias e envolver o leitor. Muitos filmes ainda vão sair baseados em seus livros, e acredito que Stan Winston e Crichton estejam só esperando a morte de Spielberg para fazer mais um grande blockbuster no céu.

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Gostar de Fazer vs. Trabalhar

sábado, outubro 25, 2008

Quando eu estava no segundo grau vi muitas pessoas que não sabiam o que fazer, alguns que faziam alguma idéia e outros que tinham plena certeza. Hoje em dia vejo que passar por vários cursos universitários nos 3 primeiros anos depois do segundo grau é uma opção muito boa para quem quer escolher a profissão, inclusive você pode assistir aulas em universidades federais e estaduais sem estar inscrito. Mas este não é o tema de hoje.

O tema de hoje é a sua escolha, aquilo que você gosta, aquilo que você quer fazer. Eu sou designer por profissão, mas posso dizer que sou ilustrador e jornalista por vocação (nunca fiz jornalismo mas se gosto de escrever, poderia ter escolhido este caminho). Ainda no meu colégio, havia um amigo que queria fazer Belas Artes de qualquer jeito por que gostava de desenhar. Eu acabei convencendo-o a fazer Programação Visual, mas a questão é, aquilo que você gosta de fazer, não necessariamente vai ser aquilo com o que você vai gostar de trabalhar!

Não adianta você gostar de desenhar e achar que vai ser artista, designer ou arquiteto, não adianta gostar de filmes de tribunal e querer ser advogado, não adianta fazer engenharia mecânica achando que vai fazer robô, não adianta fazer veterinária por que gosta de animais, não adianta estudar letras por que gosta de ler, assim como não adianta fazer um curso por que tem as melhores oportunidades de concurso (até por que todos os seus colegas de profissão vão te considerar um incompetente que estudou só para o concurso). Você tem realmente que gostar de trabalhar com aquilo e não só gostar de ver, de fazer como hobby ou achar bonito ou "legal".

As profissões são muito mais do que isso. Entrar em um curso por que tem relação com o que você gosta de fazer no seu tempo livre pode te frustrar depois... Nas áreas criativas isto é ainda pior. É como diz Luli Radfahrer: "Se a questão financeira pesar, mas pesar muito, abandone a área. Você sempre poderá ser um bom advogado ou cirurgião plástico com uma coleção de belos quadros em casa". E isso pode ser expandido para quadros, livros e até os robôs. A diferença é que nas áreas criativas (como artes, ensino, publicidade, marketing e informática) todo mundo acha que "conhece" o seu trabalho e que sabe o quanto deve te pagar.

É por causa desta visão equivocada que todos se sentem na posição de avaliar a qualidade do seu conhecimento (mesmo que você não seja designer isso se aplica). Neste caso você deve mostrar no seu trabalho algo além do seu hobby, além do que você gosta de fazer no tempo livre, deve mostrar uma visão de mudança... Mas infelizmente, isso não vai te garantir um bom emprego (pelo contrário, as empresas brasileiras são "cabeças-dura", teimosas e de mente fechada). Ao investir em conhecimento conceitual e pesquisa, você se transforma em um talento, um multidisciplinar, um pesquisador nato, um inquieto, um descobridor, diferente do tecnocrata corporativo a que estamos acostumados.

Mas isso dá muito mais trabalho do que os cursos de design, direito, medicina, engenharia, arquitetura, infromática, etc, irão te mostrar nas salas de aula ou mesmo do que aqueles livros e documentários que você gosta de ler e ver. Até mesmo os autodidatas têm problemas com isso por não conseguirem organizar o seu pensamento, procurando muitas vezes se firmar fortemente em uma única idéia sobre ferramentas e técnicas da moda ao invés de procurar o conhecimento conceitual não atrelado à prática técnica (lembre-se técnicas passam, idéias ficam).

Vi muitos amigos da área de design se frustrarem com a profissão por que achavam que iam desenhar bastante e perceberam que isso era 10% do trabalho. Alguns são profissionais bem estabelecidos em programação, redes de computadores, atores, desenhistas de moda, marketing, tem até uma menina em medicina, mas muitos terminaram quase 5 anos de curso para depois pular para outra coisa diferente.

Por isso abram os olhos seja qual for a sua profissão! Você chega em casa estressado? Você não tem "saco" pra se atualizar ou cria empecilhos psicológicos de tempo e cansaço? Você pensa em fazer concurso ou ir pra uma empresa grande só por que é mais fácil trabalhar lá (ou não)? Pense bem... Repito, aquilo que você gosta de ver e fazer no tempo livre, não é necessariamente aquilo com que você vai gostar de trabalhar.

E trabalhar é viver todos os dias, a todo instante, o conhecimento, não o conhecimento técnico, mas o conceitual aplicado na prática. Você se preocupa em saber muitas técnicas de gestão, muitos softwares gráficos, muitas tecnologias, muitas técnica de cirurgias, decorar muitas leis? Você já está estressado e no caminho errado, e mais, esqueceu que a criatividade e o ser humano são as partes mais importantes da aceitação do seu trabalho.

Quando você realmente gosta do que você trabalha você vira um talento. E sim, ninguém contrata talentos no Brasil. Você tem grandes expectativas para sua carreira, não aceita salários baixos, contesta seus chefes (de uma forma amigável, mas muitos não gostam), briga pelas suas idéias, aceita conselhos até do porteiro (pois como profissional criativo, qualquer que seja sua área, acredita no ponto-de-vista de todos) e não está muito preocupado em correr para conseguir um emprego pois tem dezenas de contatos por fora.

E mais, a cada vez que você se atualiza isso piora pois as pessoas não querem pagar o que você vale e isto também abre margem para você cobrar o quanto quiser pois quando estes precisarem de você, você vai cobrar muito caro para manter-se durante algum tempo. Ou seja, o mercado de trabalho brasileiro criou uma relação com os profissionais altamente capacitados onde os dois lados saem perdendo.

As empresas acabam contratando o profissional "prostituto", o "sobrinho", que não faz um trabalho de qualidade mas ganha menos e não contesta, e por outro lado contrata consultores terceirizados que cobram caro. Essa é a grande diferença entre o Brasil e os países de 1º mundo. Eles pagam o quanto você vale e toda nova idéia é bem-vinda.

A verdade é que o talento tem horror ao chicote, a ficar preso, a trabalhar de 8 da manhã às 7 da noite (sem contar horas extras), a não poder visitar um museu, restaurante, praia ou fazer um curso no meio do dia durante a semana útil. O talento já muito adulto quer levar seus filhos na escola antes de trabalhar, quer pegá-los a noite, quer nadar, quer ir a academia, e quando você priva o talento de todas as coisas que criam o "ócio criativo" ou melhor, o relaxamento físico e mental, a satisfação da vida, ele simplesmente não produz ou não trás a qualidade de tudo que ele estudou para dentro da sua empresa (até mesmo por que certos ambientes de trabalho são claustrofóbicos, tensos, metódicos, com muitos conflitos e com pessoas com medo de serem passadas pra trás e que desconfiam de todos).

As empresas clássicas no Brasil, e a maioria das instituições ligadas ou não ao governo, ainda querem o profissional "adestrado", o tecnocrata que trabalha demais, que não vive, que não tem qualidade de vida, que dá o sangue pela empresa, que só estuda aquilo que é preciso para a empresa, que não é interdisciplinar, que não faz correlações com outras ãreas e que o dia que vacilar pode ser trocado.

A criatividade, inquietude, as boas idéias, o pesquisador nato (que quer testar coisas novas), o contestador, este não é bem visto, o que leva muitos bons profissionais frustrados a procurarem o serviço público, freelas, ou trabalhar no exterior pois têm garantia de um salário bom e não precisam se preocupar com ser mandado embora. A era da exploração vai acabar pois o talento brasileiro que não trabalha para o governo vai virar freelance, seja ele advogado, engenheiro, designer, arquiteto, etc.

Mas abrir os olhos do leitor não vai mudar esta situação. Uma coisa é um procedimento de trabalho, outro é quando o procedimento vira cultura, e esta imposição do mercado brasileiro já virou cultura... Até mesmo as empresas estrangeiras querem abrir suas filiais na América Latina pelo perfil do profissional que trabalha muito, ganha pouco, não contesta e é facilmente subsituido.

Da mesma forma que o brasileiro é associado ao sexo, samba, futebol, agora ele é reconhecido mundialmente como o profissional especializado que custa "baratinho"... E abram seus olhos empresas! Se essa cultura for perpetuada serão criados concorrentes em potencial que não têm nada a perder e são altamente capacitados. Não quis contratá-los? Agora é preciso concorrer com eles pelos mesmos clientes.

Existem 3 tipos de profissionais capacitados, os Game Changers, os Games Players e os Game blockers. Os Changers são inquietos, criativos e contestadores. Os Players são os tecnocratas que chegam na hora, saem na hora e só sabem aquilo que foram treinados para fazer.

Os Blockers são os pessimistas que apesar de sua formação acham que nada vai dar certo e só reclamam do emprego. O talento é um Changer, e "gostar de fazer no tempo livre" não vai te ajudar a ser um Changer e sim um Player, um Blocker. Lembre-se que pessoas como Bill Gates, Steve Jobs e Richard Branson não têm diploma, apenas boas idéias e uma irritação constante que os leva a mudar tudo e fazer de novo de uma forma diferente.

"I been working so hard
Keep punching my card
Eight hours, for what?
Oh, tell me what I got
I get this feeling
That time's just holding me down..."

- Kenny Logins (Footloose) -

Goste daquilo com que você trabalha, certifique-se que você sai de casa feliz e volta sorrindo, que você vê seus filmes, lê seus livros não-profissionais, leva seu filho na escola, dorme um pouco mais um dia no meio da semana, passeia sem compromisso, enfim, certifique-se que o trabalho faz parte de sua vida e não é só aquele lugar que você vai todo dia e desliga quando sai de lá.

Pergunte-se, onde você está? Está feliz na sua profissão? Conseguiria ser autônomo? Conseguiria dar uma virada e mudar de profissão? Quer fazer um concurso? Procure qualidade de vida! As possibilidades são infinitas, e por isso termino este texto com uma transcrição do filme Quem Somos Nós (odeio filmes e livros de auto-ajuda, mas esse dá pra engolir):

"Por quê continuamos a recriar a mesma realidade? Por quê continuamos tendo os mesmos relacionamentos? Por quê temos o mesmo tipo de emprego repetidamente? Neste mar infinito de possibilidades que existem à nossa volta, por que recriamos as mesmas realidades? Não é incrível que temos opções e potenciais existentes e não temos consciência deles?

É possível estarmos tão condicionados à nossa rotina, tão condicionados à forma como criamos nossas vidas, que compramos a idéia de que não temos controle algum sobre como direcioná-la? Fomos condicionados a crer que o mundo externo é mais real que o interno. É justamente ao contrário. O que acontece dentro de nós é que vai criar o que acontece lá fora. "

As pessoas querem te ensinar a ser feliz com as coisas que você não pode mudar. E eu afirmo você pode mudar sim, é só se empenhar para ter uma vida melhor e feliz.

Ilustrações de Bill Watterson

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Trabalhando Demais Pra Quê?

quinta-feira, outubro 16, 2008

Este tópico e o anterior se caracterizam mais por considerar o trabalho dos artistas liberais (designers, arquitetos, desenhistas, etc.) e profissionais de informática, mas acho que pode ser absorvido de forma qualitativa por qualquer tipo de profissional liberal. Todos passamos por isso na nossa juventude e quando paramos para respirar o tempo passou e nós nem vimos...

Continuando o tópico anterior sobre querer saber tudo, igualmente existem pessoas que mesmo trabalhando não sabem dizer não. Querem pegar todas as tarefas do mundo, lidar com todas as áreas da empresa, carregar toda a responsabilidade pelo sucesso e pelos erros das metas. Da mesma forma o autônomo (lê-se freelance) resolve aceitar todos os trabalhos que tem disponível, às vezes sem poder fazer, e outras vezes se estressando por ficar até altas horas trabalhando, se movimentando de um local para outro para visitar clientes (muitas vezes distantes) e perdendo um precioso tempo de descanso, de ver tv, de ir ao cinema, de ler um livro (não profissional), de dormir. Será que vale a pena? A ganância vai dar um retorno significativo? Você trabalha demais e cai no "ostracismo corporativo"?

E mais uma vez os "especialistas" da internet (formados ou não) vão te dizer, relaxa! Principalmente se você confia na sua educação, currículo e força de vontade. As possibilidades são infinitas, e se matar de trabalhar só vai afetar a sua saúde. Como dizia na parede de um viaduto aqui do Rio: "O homem perde sua saúde para ganhar dinheiro e depois gasta tentando recuperá-la". Hoje têm-se a possbilidade de ser autônomo (dedicado), de fazer concursos, de trabalhar meio período, o mundo está aí fora para que você faça sua vida sem deixar que o estresse domine o seu dia-a-dia trazendo cansaço, e o cansaço com certeza te impossibilita de crescer. Como diria Domenico De Masi, é o ócio criativo, são os momentos de descanso e de lazer que te fazem pensar melhor, raciocinar, criar, ter idéias.

Para ilustrar a questão, um evento real em um hospício francês. O médico Philippe Pinel resolve tirar as correntes normalmente usadas com os loucos na instituição, então o politico George Couthon diz a ele: "- Ah! Então cidadão, és tu mesmo louco ao querer liberta-los das correntes?". Pinel responde calmamente: "- Tenho a convicção de que estes alienados não são intratáveis senão porque se lhes priva de ar e de liberdade", o que Couthon retruca, "Temo que sejas vítima de sua presunção". Será mesmo? É presunção assumir que o ser humano, sejam quais forem as suas condilões, precisa de liberdade? (e nem vou entrar no mérito da Mais Valia de Marx).

Você com certeza já passou por momentos em que a vida está tão corrida que você não consegue fazer nada (ou até mesmo se atualizar na própria profissão). Você chega tão cansado em casa que não aguenta mais ver o seu programa preferido na TV, você para de alugar filmes pois sabe que vai dormir durante o DVD, não sai na sexta a noite pois sábado você quer dormir até tarde, não sai sábado pois precisa terminar aquele trabalho por fora que você aceitou fazer ou quer estudar para uma prova que só vai acontecer daqui a 6 meses. E aí pronto. Você foi fisgado pela rotina do cansaço. Você não existe mais, quem existe é o trabalho, são os estudos. E não estou nem falando daquilo que você gosta, você pode estar insistindo em algo que você nem tem muito apreço... Este é o recado, faça o que pode, dentro dos seus limites, dê grande valor ao seu tempo livre!

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Saber tudo é impossível!

terça-feira, outubro 14, 2008

Você é um expert na sua área de trabalho? Não importa sua profissão, você já achou que deveria abraçar o mundo? Esta é a sensação pela qual muitos profissionais passam nos primeiros anos após terminar a faculdade (aqueles que decidem por não fazer um concurso público...). Quando comecei a fazer design achava fantástico saber modelagem 3D, design gráfico, design de produto, marketing, projeto (daqueles com MS Project e Mind Manager), entre outras funções relacionadas ao trabalho do designer...

O problema é que descobri que é impossível! Chega um ponto em que a frustração é muito grande. De repente você percebe que sabe bastante de tudo mas não sabe o suficiente, e ainda, perdeu seu lazer procurando milhões de informações e esqueceu que o necessário mesmo era focar em uma atuação e se divertir no tempo livre. E acredite, você nunca vai achar que sabe o sufuciente e tudo vai virar uma bola de neve de ansiedade, neuras e preocupações constantes com o futuro.

Isto é um aviso para quem está começando ou para quem ainda não teve este insight. Se você trabalha com informática, áreas criativas como design, arquitetura, ilustração, publicidade, ou mesmo área de humanas como administração, marketing e psicologia, não perca o rumo querendo saber tudo, não pare para ler livros e artigos de outras áreas de sua profissão por mais de meia hora ao invés de "caçar" coisas que são realmente relevantes para o que você gosta e quer fazer. Pense naquela pergunta de entrevistas: "Onde você se vê daqui a 5 anos?". Você irá descobrir que responder esta pergunta é mais dificil do que você imagina... (a não ser que você seja um freelance muito bem sucedido).

Aprenda o que você precisa, não se preocupe com o mercado de trabalho, uma hora você será chamado por ser o expert daquela área que você escolheu. Se seguir as tendências você irá enlouquecer imaginando o que você ainda não sabe, que tem gente melhor que você, que os jovens com menos de 20 anos sabem muito, etc. Relaxe! Foque! Acerte o ponto e insista. A insistência é a melhor forma de ser o melhor na sua profissão. Saber tudo de tudo não vai te levar a lugar nenhum. É como diz Luli Radfahrer em outro contexto: "Um mundo de abundância é um mundo de escolhas. Quando praticamente tudo é possível, o que faz a diferença não é mais o volume, mas o critério. É isso que os designers modernistas queriam dizer quando proclamavam que “less is more”: menos só significa mais quando os elementos escolhidos têm valor."

Veja bem os seus professores de faculdade e pós-graduação. Eles participam de bancas de centenas de alunos, mas todos têm suas respectivas pesquisas e não ficam estudando sobre o tema de cada aluno para avaliar melhor. Aqui vai meu conselho, seja fantástico naquilo que você realmente gosta! "Se nunca dizes não, o teu sim não vale nada." Mais sobre ansiedades profissionais em: http://saberviver_psicologia.blogs.sapo.pt/tag/trabalho

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Crítica - Valentino, Último Imperador

quinta-feira, outubro 09, 2008

Hoje mais uma vez fui ao cinema numa daquelas investidas a esmo onde não sei exatamente o que eu vou ver até sentar na cadeira. Como está acontecendo o Festival do Rio, isso piora a situação, pois são exibidos dezenas de filmes diferentes todos os dias o que torna imposível lembrar que você viu ou leu alguma coisa sobre um filme. O anúncio dizia, "Valentino, O Último Imperador", e como era o filme que estava começando naquela hora, fui ver esse mesmo.

Achava que era um filme de época como Sissi ou Ludwig, ou poderia ser até algo sobre um chefão qualquer, mas logo no inicio o que vi foi um desfile de moda (algo que até então não me atraía muito)... Pensei logo, "que diabos estou fazendo aqui?", mas logo vi que a meta da produção na forma de documentário era mostrar os últimos dias da carreira do estilista Valentino Garavani antes de se aposentar. O filme mostra a produção das comemorações dos 40 e 45 anos de carreira do artista e a sua relação com sua equipe de costureiras, marketeiros e principalmente seu amigo de longa data Giancarlo Giammetti.

Todo mundo conhece Valentino, mesmo que você não conheça a figura, conhece a marca. Valentino reforça o estereótipo que nós temos sobre estilistas, cabeleireiros e artistas, mas o que fica claro de forma sutil é o estrelismo do estilista ao lidar com suas obras, equié e seu sócio. Não que isso seja um defeito, Valentino é um pouco como eu, nunca acha que seu trabalho está bom o suficiente ou que suas festas estão perfeitas, mesmo quando todos a sua volta estão derramando elogios. No fim ele sempre percebe que tem a sua volta pessoas em que pode confiar, que trabalham para fazer a mais bela das peças, desde iluminação, cenários, roupas, as festas e desfiles se transformam em espetáculos nas mãos de Giammetti.

Mas a mensagem principal do filme é de alguém que nunca desistiu da criatividade, mesmo quando as coisas estavam ruins, Valentino nunca viu sua empresa como uma corporação mas sim como uma máquina de fazer arte. Isso fica claro na luta entre os antigos colaboradores e o novato que quer tratar tudo com números e campanhas de marketing. Valentino e Giammetti cortam a ganância, mesmo depois da venda da empresa, dizendo que o objetivo não são os números, a meta é ser fantástico! E esse deve ser o objetivo de todo profissional. Claro que você precisa de dinheiro para sobreviver, mas você só vai conseguir glória sendo fantástico, e para isso muito trabalho e criatividade já bastam! Eu quero ser um designer gráfico e de produtos fantástico e reconhecido algum dia, assim como Valentino é no mundo da moda: http://www.valentinomovie.com


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Por que não Escrevi e Filmes que vi...

terça-feira, outubro 07, 2008

Tá com preguiça de ler o post todo? Passa direto para os filmes lá embaixo. Otherwise, leia tudo que é bem interessante. Antes de tudo deixo minha tristeza pelo cinema e o mundo da arte ter perdido mais uma grande personalidade este ano, Paul Newman. Minha primeira reação ao receber a notícia foi rever Butch Cassidy and The Sundance Kid. Sempre lembrarei mais de Sir Newman pelo filme Golpe de Mestre (Entertainer, The) que eu via quando era pequeno sem entender nada só para poder escutar a trilha sonora de Scott Joplin...

Muitos me perguntam se não fui mais ao cinema, se não vi mais exposíções, se parei de ler livros, de acompanhar a indústria de entretenimento ou de estudar design, mas afirmo que continuo firme e forte no caminho do espetáculo, criando e vendo criações! Confesso que após o mestrado sofro de um bloqueio criativo, mas o que bateu forte mesmo foi a preguiça de publicar novos posts aqui no blog, coisa que estou consertando hoje mesmo para que todos os leitores que descobri que tenho (pois é, o Google Analytics serve pra alguma coisa) não fiquem chupando o dedo atrás de novas resenhas, novidades e tutoriais (em breve tutoriais bem legais baseados em meus trabalhos conceituais).

Bem, antes de comentar os filmes que vi nos últimos meses, tenho algumas sugestões para quem gosta de arte e entretenimento. Como um bom adulto (será?) parei de comprar gibis, mas infelizmente continuo sustentando os jornaleiros recolhendo revistas de artes e design, nacionais e importadas. Recomendo as revistas Computer Arts Brasil (arte digital), Www.com.br (web, design e desenvolvimento), Photoshop Creative (Portugal), Cinefex (a mais famosa revista de efeitos especiais do mundo), Computer Graphics World (EUA), Computer Graphics (periódico do IEEE) e a fantástica revista nacional Zupi que traz trabalhos maravilhosos de artistas modernos, desde o grafite, pinturas e colagens até o 3D.

Como bom curioso compro também as revistas medianas (com pouco conteúdo de qualidade), entre elas a Digital Designer (que já foi boa mas hoje está sofrível e com "reportagens pagas", onde já se viu fazer matéria sobre um curso em uma universidade específica ou apresentar o tutorial de um software mostrando a embalagem do produto nas páginas?) e a WebDesign (que trás mais propaganda de agências do que informações relevantes). Sinto falta da revista Aqua de natação, mas esportes não são muito valorizados no Brasil a não ser em época olímpiadas né... Acho que eles faliram.

Quanto a livros estou tentando ler até o final o livro Criatividade e Grupos Criativos do Domenico De Masi (tentando pois Domenico é um chato por que até chegar no ponto foco, ele explica desde de o surgimento da primeira ameba na terra) e puxando algumas coisas sobre marketing digital (não custa nada aprender por que está todo mundo errando na internet brasileira... internet é viral meu Deus! Não é catálogo pra ficar online e ninguém acessar!) . Além disso comprei uns livros da série Icons da Taschen na Amazon que são muito legais, mas é só pra ver figura mesmo, trabalhos de artistas do mundo inteiro.

Quanto ao mundo do entretenimento (lê-se TV e internet), escutei novas bandas, fiz downloads, descobri coisas que todo mundo já conhecia, ouvi o álbum novo do Metallica, redescobri John Scatman, Tom Cochrane, Roy Orbinson e Concrete Blonde e ainda vi algumas séries, com destaque para Chuck, Tudors e Masters of Horror (excelente série de horror com episódios dirigidos por diretores famosos como Dario Argento, George Romero, John Carpenter, Joe Dante, John Landis entre outros).

Depois disso tudo ainda arranjo tempo para brincar com meu cubo de Rubik (o cubo mágico matemático colorido, lembra?) e pra ver a exposição BodyWorks no Museu Histórico Nacional. Mas o que vocês estão curiosos para saber são os filmes não é? Pois a lista é grande e este post já está enorme portanto vá direto para as minhas opiniões abaixo (um pouco distorcidas pois pelas datas dá pra perceber que muitos detalhes do momento eu esqueci).

11/09 - Ao Entardecer (Evening, 2007)

De vez em quando algum diretor(a) resolve fazer um filme com diversas atrizes do primeiro escalão de Hollywood como Glenn Close, Meryl Streep, Vanessa Redgrave, Mia Farrow, Anjelica Houston e as mais novas que já se tornaram clássicas como Toni Collette, Natascha Richardson, Claire Danes, Natalie Portman, entre outras. Este filme trás mais uma vez esta fórmula trazendo algumas destas atrizes intepretando as mesmas personagens em épocas diferentes.

O que o filme traz é a pergunta que muita mulher deve se fazer na vida adulta: "-e se eu tivesse tentado ser feliz com o cara que me amava de verdade ao invés de escolher o caminho errado com outro, o caminho da sedução, da conformidade e das escolhas da juventude?". O filme mostra uma mulher que sofre por ter feito esta escolha mostrando que apesar de todo conforto, bens materiais, aparência e segurança que suas escolhas deram pra ela, ela nunca foi realmente feliz em nenhum de seus relacionamentos. O pior é que a pessoa que mais podia amá-la incodicionalmente, enfrenta um problema na juventude que irá impedir que ela o encontre novamente.

Vale muito a pena ver o filme, principalmente pela bela Claire Danes com roupas de época, uma época e lugar onde eu gostaria de ter nascido... As veteranas do cinema também estão impecáveis muitas vezes fazendo-nos esquecer que a personagem envelheceu, pois os trejeitos da atriz jovem e das clássicas são muito parecidos. Não recomendo ver nenhum filme em DVD em casa, se puder assista no cinema para aproveitar o máximo da fotografia e closes do filme.

28/08 - O Procurado (Wanted, 2008)

Quando disse que parei de ler revistas em quadrinhos, quis dizer de super-heróis. Claro que ainda leio os clássicos e a produção alternativa, e tive a felicidade de conhecer O Procurado primeiro nas páginas do gibi de Mark Millar. Apesar de manter apenas o tema, trocando a maior parte dos pontos da história, Procurado é um filme muito bom, entretenimento despretensioso, passatempo divertido e mentiras aceitáveis e incríveis de se ver na tela grande. A única coisa que estraga um pouco é a mania de Hollywood de usar heavy metal nas cenas de ação no lugar das trilhas sonoras instrumentais, e também a narração em off de James Mcavoy. Se não fosse isso seria perfeito. Mas vale a pena verm, principalmente se você vai ao cinema ou tem um bom sistema de som em casa. Atenção para as dezenas de referências no filme.

21/08 - Encarnação do Demônio, A

Quando era pequeno costumava ver os filmes de Zé do Caixão nos canais da TVE ou na madrugada, uma vez que meus pais não implicavam comigo ao ficar acordado até tarde. Devo ter visto os primeiros filmes quando tinha 11 ou 12 anos, e ambos me impressionaram bastante e até hoje quando vejo acho que o cinema brasileiro tinha um grande potencial que foi largado de mão na década de 70 para dar lugar a porcarias e diretores pseudo-intelectuais metidos a artista.

Não vou negar que a produção do filme me impressionou. As locações foram muito bem feitas, a fotografia é mutio boa, os ângulos de câmera surpeendem e mesmo os efeitos especiais são dignos de um episódio da série Masters of Horror. Mas como todo o filme brasileiro produzido em maior parte aqui, por pessoas daqui, a película sofre de alguns males, principalmente na interpretação falsa, forçada, sem graça e risível dos atores (incluindo Mojica). É um show de palavrões, frases feitas (forçadas demais para parecer real), jograis, interpretação de prompt (aquela que parece que o ator tá lendo um prompt que nem Jornal Nacional) e figurinos muitas vezes forçados para simular aspectos de terror do cinema americano (sem sucesso).

Vale a pena ver para conhecer o trabalho de efeitos visuais, cenários e edição, mas não serve como entretenimento. Zé do Caixão não é mais o mesmo, adoro os filmes antigos dele mas está na hora de aposentar a cartola. Acho que nós espectadores já estamos de saco cheio de diretores que passaram anos fora da cadeira e agora resolvem voltar achando que vão abafar (uma crítica construtiva a Mojica e George Lucas, experts em estragar seus personagens mais famosos).

18/08 - Star Wars: Clone Wars

Não vou negar que adoro animações. A cada ano as animações impressionam até mesmo nós artistas que trabalhamos com isso todo dia. Claro que existem níveis artísticos e também níveis de conteúdo, e esta diferença pude ver claramente no último Anima Mundi, principalmente ao ver os trabalhos de Juan Pablo Zaramella que são simples mas incrivelmente bem resolvidos com conteúdos de primeira.

Clone Wars é mais uma tentativa de George Lucas de negligenciar todas as suas idéias da época da USC (University of Southern California) para ganhar montanhas de dinheiro em cima de nerds e crianças. Lucas defendia na sua juventude os filmes artísticos, as histórias elaboradas e a independência, entretanto se entregou a indústria da pior forma possível, visto os 3 filmes do prelúdio de Star Wars que seriam totalmente repugnantes se não fosse o trabalho de artistas de design e figurino como Doug Chiang.

Isso não torna este filme ruim. O filme é uma introdução a série de desenhos do Cartoon Network e deixa isso bem claro por não ter começo, meio e nem fim. A animação parte do episódio II de Star Wars e mostra os Jedis tentando resolver um problema político desencadeado pelo General Dooku quando este sequestra o filho de Jabba, The Hutt. A história do desenho é bem melhor que a dos 3 primeiros filmes live-action da série, não sei nem por que fizeram essa escolha uma vez que torna as intrigas políticas mais evidentes, coisa que criança não entende. É bom ver que a história chegou a este ponto de mostrar algo realista em relação às maquinações de políticos, militares, gangues, corrupção e os próprios Jedis servindo como uma "polícia" do espaço.

O melhor na animação é a estética. O desenho é muito bonito mesmo, cada cena é de tirar o fôlego em termos de excelência artística. Os traços são estilizados na medida certa e os shaders e texturas utilizados na renderização dos modelos 3D dá um visual de uma pintura, bem parecido com livros infantis e desenhos de animação dos anos 80. Vale a pena ver Clone Wars mesmo que voê não goste da série, aproveite e leve seus filhos ou sobrinhos como desculpa para apreciar um dos melhores trabalhos de arte do ano. "May the force be with you".

13/08 - A Múmia 3: A Tumba do Imperador Dragão

Se você tem mais de 10 anos, não vá ver esse filme. Não que o filme seja ruim, mas provavelmente é um filme que você só aproveitaria com gosto se fosse ainda criança. A quantidade de clichês é assustadora, como descreveu um crítico do site Omelete: "O espectador consegue ver na sua frente os templates sendo preenchidos: entra cena de ação (explosão, frase engraçada, troca de tiros, frase engraçada), corta para elemento dramático (imperador ganha poderes de volta, coadjuvante explica em voz alta "o imperador está ganhando seus poderes de volta!"), fecha cena de ação (começa a avalanche na montanha, coadjuvante explica em voz alta "avalanche!"), corta para transição de set pieces (todos inexplicadamente a bordo de um avião), começa a cena de ação seguinte, e assim por diante.".

É como filmes tipo Massacre no Bairro Japonês ou o O Último Dragão (mesmo que os entusiastas queiram me enforcar, é verdade, vocês nunca achariam estes filmes fantásticos se tivessem visto pela primeira vez com mais de 20 anos). Mas com certeza seus filhos e/ou sobrinhos vão adorar, lembrar pro resto da vida e ainda te pedir para comprar bonecos de Rick O'Connell (Brendan Fraser, mais uma vez usando sua famosa peruca para esconder a calvíce). Teve muita coisa desnecessária como os Homens da Neve, as transformações do imperador em monstros de seriado japonês e mesmo o filho canastrão de Rick, mas vale a pena como passatempo caseiro. Os efeitos são um show a parte apesar de utilizados desnecessariamente. Lembre-se que eu vi este filme a 2 meses e ainda não havia comentado, por isso posso ter esquecido muita coisa.

04/08 - A Banda (Bikur Ha-tizmoret, 2007)

Vou ser sincero que desde que vi Gosto de Cereja, tenho um preconceito contra filmes vindos do Irã, Iraque, Egito ou Israel. Não que as histórias sejam ruins, pelo contrário, são extremamente originais e criativas, entretanto os filmes destes países possuem um estilo narrativo mais chato que propaganda eleitoral... É super parado, demora para acontecer alguma coisa, fica horas mostrando uma mesma cena, como se quisesse dizer que isso é "arte", que isso é para fazer o espectador "refletir" (conversinha intelectual de cinéfilo idiota que anda de aro grosso e gola rolê). Mas A Banda realmente me surpreendeu.

O filme narra a história de uma banda de músicos egípcios que viaja para Israel para tocar na comemoração de abertura de um centro árabe de artes. Porém o transporte não é enviado para a rodoviária eles são obrigados a encontrar a cidade de destino por conta própria, desta forma se perdendo e acabando em uma cidadezinha entregue às moscas e à personagens intrigantes e bem comuns que mostram o caráter, comportamento, felicidade e arrependimentos do ser humano.

O ator Sasson Gabai interpreta de forma fantástica o general, e sua relação de amizade com a dona do boteco (Ronit Elkabetz) da pequena cidade garantem os melhores momentos do filme. Os coadjuvantes também estão excelentes, garantindo boas risadas, cenas cômicas, drama e lágrimas. Uma boa metáfora sobre a esperança de um dia ver a união entre os povos daquela região. E como curiosidade nerd, Sasson Gabai não é um total desconhecido, o ator interpretou Mousa no filme Rambo III ao lado de Sylvester Stallone. É dele a famosa frase em Rambo: "God must love crazy people, he makes so many of them!". Não percam A Banda!

* As imagens reproduzidas são de direito dos respectivos artistas e estudios não podendo ser reproduzidas com fins comerciais a não ser na divulgação do trabalho. As imagens serão retiradas se requisitado pelos artistas e estudios.

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Morre Don LaFontaine

quarta-feira, setembro 03, 2008

Apesar de gostar muito de filmes, sempre gostei mais dos trailers. Mesmo quando o filme não é tão bom, os trailers costumam ser espetaculares, engraçados, com timing perfeito e uma narração que parece a voz de Deus. Pois essa voz morreu essa semana. Todos os trailers que você já viu até este ano quando foi ao cinema (e quando digo todos estou falando de 95%!) foram narrados em inglês por Don LaFontaine. Da comédia a fantasia, do terror aos filmes de ação, dos filmes de arte aos suspenses, Don fez de tudo desde os anos 60 até agora... Don será sempre lembrado como a voz do cinema, o motivo pelo qual decidiamos ver filmes. Assista uma entrevista com Don no video abaixo.

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Morre o Shogun do Harlem

sexta-feira, agosto 22, 2008

É tosco, é nostálgico e é muito triste... Na última terça-feira morreu o ator Julius Carry III. Nostálgico? Sim!! Julius era o Shogun do Harlem no filme do Último Dragão (1985), aquele clássico da sessão da tarde que apresentava a batalha entre Julius Carry e Bruce Leroy. Julius também teve pequenos papéis na TV e alguns bem conhecidos como o Bowler do seriado Western Brisco County Jr. (1994), trabalhando ao lado de Bruce Campell (aquele ator de Uma Noite Alucinante). Vai deixar muita saudade para todas as crianças dos anos 80.







- Xandre Lima - Imprimir esta página

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Morre Dercy Gonçalves

domingo, julho 20, 2008

Quem me conhece sabe que não sou muito fã de filmes nacionais, principalmente por causa da falta de experiência dos atores nacionais com o cinema, trazendo aquelas interpretações falsas e exageradas para a tela grande, o que não tem nada a ver...

Entretanto, a comédia é algo que se for bem feito, a interpretação dramática passa de longe e pode ser colocada de lado uma vez que até mesmo Jerry Seinfeld dava seu sarcasmo nas piadas do programa lembrando ao espectador que se tratava e um programa de TV com atores. E a comédia nacional também era assim. Por causa do meu pai acabei me acostumando com grandes filmes e grandes nomes como Grande Otelo, Mazzaropi, Catalano, Badaró e Dercy Gonçalves.

Dolores Gonçalves Costa, (Santa Maria Madalena - 1907) surgiu no teatro de revista, e fez muitos filmes e ficou famosa nas décadas de 1950 e 1960. Celebrada por suas entrevistas irreverentes, bom humor e palavrõeso, foi uma das maiores expoentes do teatro de improviso no Brasil. Abaixo coloquei a filmografia da Dercy. Vale a pena ver algumas pérolas do cinema nacional, principalmente para ver como eram cenários, locais, roupas, carros, as cidades e costumes brasileiros nos anos 50 e 60.

1943 - Samba em Berlim
1944 - Abacaxi Azul
1946 - Caídos do Céu
1948 - Folias Cariocas
1956 - Depois Eu Conto
1957 - Feitiço do Amazonas
1957 - A Baronesa Transviada
1957 - Absolutamente Certo
1958 - Uma Certa Lucrecia
1958 - A Grande Vedete
1959 - Cala a Boca, Etelvina
1959 - Minervina Vem Aí
1960 - Entrei de Gaiato
1960 - A Viúva Valentina
1960 - Só Naquela Base
1960 - Dona Violante Miranda
1960 - Com Minha Sogra em Paquetá
1963 - Sonhando com Milhões
1970 - Se Meu Dólar Falasse
1980 - Bububú no Bobobó
1983 - O Menino Arco-Íris
1993 - Oceano Atlantis
2000 - Célia & Rosita

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Efeitos Não-digitais

terça-feira, julho 15, 2008

Hoje em dia é moleza falar sobre efeitos especiais no Brasil principalmente por causa de comerciais conhecidos com tartarugas dançantes, filmes como O Coronel e o Lobisomem, produções da Globo com um fantástico trabalho de compositing ou até mesmo os Mutantes da TV Record (bem, nem tudo tem tem qualidade, muitos deixam óbvio de forma tosca o uso do 3D, mas vale a tentativa).

Entretanto efeitos especiais , como sabem os entusiastas, não é feito só de pixels e polígonos, e nem de cromaquis verdes e azuis nos softwares Inferno, Combustion ou Motion. Efeitos deslizam desde simples objetos de cena até as mais complexas maquiagens, fantoches, cenas de ação, acidentes, dublês, fachadas de cidades, robôs, plataformas hidráulicas, tanques para filmagem de ocenanos, pirotecnica, sonoplastia, entre outros efeitos que passam despercebidos hoje em dia se não tiverem o brilho da renderização (que até hoje evita cenários abertos e claros pois os modelos 3D ficam mais que evidentes).

O Brasil entretanto não está longe desta realidade. Pelo contrário. Desde muito tempo, dos filmes de Zé do Caixão aos Trapalhões, das produções da Globo aos infantis do SBT, os efeitos chamados "mecânicos", as maquiagens especiais (como as de Rick Baker?), sonoplastia, e as famosas props são utilizadas aqui desde muito tempo. Pode-se citar alguns nomes no Brasil como Eric Rzepecki (maquiagem), Antônio Faya (sonoplastia) e Gabriel Queiroz (efeitos mecânicos, bonecos e miniaturas). Infelizmente só tenho infrmações sobre Gabriel Queiroz. Tentei pegar o minimo de informações possível da internet e mais de livros e arquivo.

Gabriel Queiroz começou em 1967 e durante muito tempo foi responsável pelo núcleo de efeitos especiais da Rede Globo. Possui trabalhos memoráveis como a explosão da Dona Redonda (é, também não é da minha época), flechadas na novela A Rainha Louca, capotagem de carros, incêndios cenográficos, explosões grandes e pequenas (reais e com miniaturas) e os trabalhos ao lado de Phillipe Laurente como em Pindorama e Sinal de Alerta. Mais informações podem ser encontradas no livro Melhores Momentos: A Telenovela Brasileira ou entrem em contato comigo que eu passo mais detalhes.

Bem, eu nunca fui muito fã de novelas, mas sem dúvida era um espectador assíduo da finada TV Colosso. Um trabalho incrivel feito com a ajuda de magos amercianos e ingleses com experiência em programas como o Muppet Show e Sesame Street (não é o Vila Sésamo da Sônia Braga não hein! Que aliás não é da minha época! rs...). Como estamos falando de efeitos mecânicos, os puppeteers, ou titereiros, não podiam ficar de fora. Roberto Dornelles e Billy Accioly fizeram um trabalho incrível na produção do programa com a parceria de empresas como a Inventiva (http://www.inventiva.com.br/), o grupo 100 Modos de Teatro de Bonecos, Criadores e Criaturas, não esquecendo do diretor Luiz Ferré.

Vocês não sabem como é dificil encontrar material sobre isto no Brasil, mas posso citar para terminar a Fixxon (http://www.fixxon.com.br/) ... Pode deixar que a busca continua e fiquem ligados aqui no blog para atualizações. Vou tentar descobrir quem mais fez e/ou faz efeitos não-digitais no Brasil. Se souberem de algo me passem que irei publicar aqui mesmo.

Veja Videos de efeitos especiais: http://www.youtube.com/view_play_list?p=437357C02690CB16

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Crítica: A Outra (The Other Boleyn Girl)

sexta-feira, julho 04, 2008

Já sabia há algum tempo sobre o filme "A Outra" (The Other Boleyn Girl) por causa de Natalie Portman, uma excelente atriz e uma pessoa super inteligente e simpática (formada em psicologia, a menina fala diversas línguas e é bem engraçada, como pude ver na entrevista com James Lipton no Inside the Actors Studio). Entretanto estava adiando ver este filme e quase o perdi no cinema. Normalmente filmes assim, quando não vejo no cinema, acabo não vendo em lugar algum pois não sou muito fã de locadoras como era na minha infância.

Apesar do defeito de tentar mostrar uma outra época e cultura com trejeitos e comportamentos que provavelmente só surgiram na "cultura humana" no século XX, principalmente após as duas grandes guerras, o filme é uma aula de teatro, uma aula de interpretação, uma trama muito bem arquitetada e uma romantização de uma história trágica que é amenizada em um drama de qualidade.

Quando me refiro a "cultura humana" me refiro ao modo de pensar, ao modo de tratar as mulheres, o modo de comer, o jeito de se mover, as idéias da época e a romantização do amor romântico, típica do ocidente do pós-guerra e não de uma época em que a vida era dura, cruel, dificil e traiçoeira.

Já havia visto o documentário da BBC sobre as esposas de Henrique VIII, na verdade conheci a história na minha adolescência quando na ânsia de adquirir álbuns de artistas de rock progressivo tive contato com a banda de Jon Aderson chamada YES, consequentemente depois comprei algumas obras do tecladista e pianista de rock Rick Wakeman. Wakeman tem um álbum todo dedicado as esposas de Henrique VIII, Ana bolena, Catarina de Aragão, Jane Seymour, etc. um pouco antes de sair o filme também pude ler o livro de Antonia Fraser traduzido para o português.

O tema portanto não me é novo, mas vê-lo sob a ótica do cinema sempre é uma experiência diferente, principalmente por que ádaptações para a grande tela tendem a modificar pontos históricos importantes, apesar de muitas vezes não serem relevantes (por exemplo em Elizabeth com Cate Blanchet, na época de Elizabeth ninguém usava a cor azul nas roupas mas o diretor insistiu que o figurino fosse feito destacando o azul, totalmente contra a retratação fiel da época).

Ainda não sei por que o brasileiro é meio burrinho e fica querendo traduzir nomes próprios como Nova York, Hamburgo, Munique, etc., mas nome de gente é pior ainda... A inglesa Anne Boleyn recebe o nome de Ana Bolena nas midias nacionais, mas isso não é importante hoje. Anne Boleyn foi a segunda esposa de Henrique VIII, irmã de Mary Boleyn (amante do rei) e mãe da mulher que se tornaria a maior rainha de todos os tempos, a ruiva Elizabeth.

Na verdade Anne era mais nova que Mary e não era considerada muito atraente, apesar de no filme mostrarem o contrário. Anne entretanto foi uma mulher de personaldiade forte e muito carismática que foi responsável por uma aproximação forte entre França e inglaterra no século XVI.

Lamentável é que os cinemas do grupo estação no Rio de Janeiro apresentam seus filmes como se fossem aquelas fitas de locadora adaptadas para passar em uma TV de tubo de tela quadrada. Nenhum dos filmes que vi ultimamente nos cinemas do Grupo Estação preenchiam toda a tela do cinema, apenas o centro da tela, mostrando uma imagem quadrada, talvez até mesmo cortada nas lateriais, perdendo aquele efeito do verdadeiro cinema, o "Widescreen".

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As Plantas Contra-atacam

quinta-feira, julho 03, 2008

"Fim dos Tempos", ou "What happened to The Hapenning"? Apesar dos pequenos clichês inseridos de forma sutil na trama e de cenas inverossímeis para um filme que se propõe a mostrar algo de estranho invadindo a vida real, Fim dos Tempos é um bom filme. Claro que a escolha do título pela distribuidora mais uma vez ganha o prêmio de cagada do ano (que são muitas durante todo o ano). Ainda acham que o público brasileiro é estúpido para entender um nome que não explica o conteúdo do filme. Bem, o nome do filme em inglês é "The Happening", ou O Acontecimento, O Evento, ou até mesmo A Aparição dava pra engolir (apesar de ser o nome dado àquele filme do Charlie Sheen que passava no SBT quando você era criança). Mas o titulo escolhido não tem absolutamente nada a ver com o conceito do filme.

A idéia é interessante, não siga adiante se você não viu o filme. As plantas e árvores da região oeste e meio oeste dos Estados Unidos, onde há maior concentração de usinas nucleares e indústrias, resolvem se "vingar" liberando uma toxina sempre que identificam grupos de pessoas (elas consideram qualquer pequeno grupo que se aproxima como uma ameaça e liberam o veneno). A palavra vingança foi mal utilizada, o termo certo para uma planta seria um mecanismo de defesa gerado pela evolução que permite às plantas eliminarem aqueles que estão lhe causando mal, ou seja, o homem.

M. Night Shyamalan é um diretor de um filme só (lê-se O Sexto Sentido), e mesmo tentando ele não consegue emplacar um ótimo filme novamente. Claro que alguns vão gostar, mas quem gosta de filme assim são pessoas que vão ao cinema só para passar o tempo, no máximo uma vez por mês e sem a capacidade de desenvolver uma visão crítica ou comparativa dos filmes ou midias que vê, lê ou escuta.

Entretanto foi ótimo conhecer o "conceito" do filme, mesmo que não tenha atendido às expectativas. A idéia é muito boa, porém mal desenvolvida, especialmente no que tange às explicações cientificas do fenômeno. Coisa básica que Spielberg sabe desde Contatos imediatos e Jurassic Park, não basta um diretor e/ou roteirista escrever um roteiro, as informações cientificas contidas na película não podem ser explicações de livros de 2º Grau... Eles ainda têm a coragem de colocar uma espécie de especialista aparecendo em jornais de TV durante o filme falando coisas primárias como Maré Vermelha, o vento bate e árvore libera sementes, coisas desse tipo... É absurdo não haver uma pesquisa para pelo menos utilizar termos científicos a nível universitário e teorias atuais. O roteiro inteiro é baseado no que Shyamalan se lembra da escola.

Para terminar é sempre um prazer ver a linda Zooey Deschanel no cinema, os grandes olhos azuis em tela gigante que me deixam maluco! O papel dela no filme é totalmente diferente das personagens que ela interpretou em outros filmes, sempre sarcásticas, irônicas e cheias de atitude. Foi mais o papel mesmo da Girly Girl esperando ser salva pelo pacato Mark Walhberg. Pena que o John Leguizamo apareceu tão pouco, pois é um ator fantástico mal aproveitado pelo cinema americano, talvez por seu visual latino sem apelo às mulheres como Antônio Bandeiras (vai acontecer a mesma coisa com Javier Barden, vocês vão ver, logo vai ser colocado sempre em papéis de coadjuvante).

E atenção, não levem crianças ou pessoas com problemas de coração para ver o filme. Ele é bem forte, apresentando diversas cenas de mortes casuais, portanto pode impressionar bastante crianças ou pessoas fracas ou emotivas que com certeza vão esconder a cara com a mão diversas vezes durante o filme.

Outras críticas:
(1) http://www.omelete.com.br
(2) http://www.collider.com/
(3) Early Review



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Morre George Carlin

terça-feira, junho 24, 2008

Morre mais um grande artista nos últimos dias... George Carlin morre aos 71 anos. Grande colaborador dos filmes de Kevin Smith, e muito conhecido no meio cult como o Rufus dos filmes de Bill e Ted (aqueles com Keanu Reeves e Alex Winter), Carlin participou também de filmes como O Príncipe das Marés, Car Wash, além de fazer diversas vozes em animações como Tarzan II e no seriado dos Simpsons.

Já estou de saco cheio de escrever sobre mortes nos últimos dias. É aí que você começa a ver que está envelhecendo, quando todos estes artistas fantásticos começam a ir embora dando lugar a uma nova geração que talvez não tenha nem metade do talento e criatividade destas inesqueciveis figuras do cinema e da TV americana.

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Morre Cyd Charisse

quarta-feira, junho 18, 2008

Quando era pequeno não entendia muita coisa de cinema (óbvio), mas claro que como toda criança, eu gostava dos filmes da sessão da tarde e das aventuras no cinema (Howard O Pato, Labirinto, De Volta para o Futuro, Caça-fantasmas, entre outros). Mas o que era fora do comum eram três tipos de gosto que eu desenvolvi na infância, o primeiro por filmes de terror, o segundo por filmes de guerra e o terceiro por clássicos, principalmente musicais. Costumava ficar acordado até tarde com minha mãe ou sozinho (meus pais nunca encrencaram com horário de dormir), para ver Cantando na Chuva, O Mágico de Oz, Ben-hur, Quo Vadis, Spartacus, Mary Poppins, Noviça Rebelde, entre outros clássicos que passavam perto de dias de festas como Natal, Ano-novo, Páscoa, etc.

Claro que vi Cantando na Chuva diversas vezes nessa época, e essa introdução foi necessária para dizer que uma de minhas cenas preferidas (ao lado daquela de Donald O'Connor cantando Make'em Laugh), era a cena chamada de Lullaby of Broadway, ou Broadway Melody (também Melody Ballet), onde aparecia a mulher mais linda do mundo e as mais belas pernas do cinema (até então). Eu ficava vidrado naquela mulher de cabelos tipo Louise Brooks, o que em associação a outras imagens de filmes pode ter influenciado fortemente o meu gosto por certo tipo de mulheres (será que filmes podem influenciar os pares que você escolhe?). Foi a primeira mulher a conseguir uma apólice de seguros por suas pernas.

Esta semana está braba para o mundo do cinema. Primeiro foi um dos meus "espelhos" profissionais Stan Winston, que morreu de câncer, agora esta mulher que mexeu com muitos marmanjos nos anos 40 e 50, morreu aos 86 anos de ataque cardíaco. A "Bela Dinamite" como era chamada por Fred Astaire, Cyd Charisse (nome real Tula Ellice Finklea) nasceu no Texas e começou no cinema em 1943 em Something to Shout About. Fez filmes com Fred Astaire, Don Ameche, Gene Kelly, entre outros, e até o final da vida ainda fazia peças na Broadway como Grand Hotel em 1992.

O cinema perde mais uma grande artista, mas seu trabalho continua a povoar nosso imaginário. Tomara que nenhum estúdio resolva refilmar estes clássicos jogando no lixo o valor desta obras para o cinema mundial. Agora vejam as fotos de Cyd Charisse pra ver que eu não menti, não estava brincando, era gata paca!



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Morre Stan Winston

terça-feira, junho 17, 2008

Neste domingo dia 15 de Junho de 2008, morreu de câncer nos E.U.A. aos 62 anos o grande mago dos efeitos especiais Stan Winston. Desde os anos 70, Stan e sua equipe criaram personagens memoráveis e influenciou a vida e carreira de centenas de diretores, produtores, atores, atrizes, outros artistas e principalmente, toda essa geração atual que trabalha com a magia do cinema, a criação do fantástico, o trabalho com efeitos visuais.

Este gênio do cinema, amigo de Fay Wray e colaborador de James Cameron, Steven Spielberg, George Lucas, John Favreau, Tim Burton, entre outros, é responsável por figuras icônicas como o exoesqueleto do Exterminador do Futuro, os animatronics dos filmes de Alien de Ridley Scott a James Cameron (design de H.G. Giger), os dinossauros gigantes dos filmes de Jurassic Park, a versão "black" do Mágico de Oz com Michael Jackson, o Predador, Edward Mãos-de-Tesoura, Batman, Entrevista com o Vampiro, Planeta dos Macacos, Jumanji, Zathura, Intaligência Artificial, a armadura do Homem-de-ferro, entre muitas outras maquiagens, robôs, animatronics e marionetes, criaturas que ficarão para sempre no imaginário de quem gosta de cinema. O Blog Vida de Cinema deixa aqui esta homenagem a este grande homem de cinema, um dos poucos que conseguiu deixar a sua marca na história do cinema no ramo de efeitos visuais.

Stan deixa para trás uma empresa com um backgroud fantástico (http://www.stanwinstonstudio.com) e um livro que todos que gostam de cinema deveriam ter (http://www.amazon.com/Winston-Effect). Eu comprei este livro a 2 anos e nunca me arrependi. Um grande abraço Stan, onde quer que você esteja.

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Crítica: Hulk (Edward Norton)

domingo, junho 15, 2008

Assim como no filme do Homem-de-ferro, o filme do Hulk procurou ser fiel aos quadrinhos, mas distanciando-o ao máximo da "sensação de quadrinhos" para tentar tornar a história do gigante esmeralda uma experiência que poderia acontecer enquanto você lê este texto. Apesar de Edward Norton se declarar um fã, o diretor Louis Leterrier fala claramente que nunca foi de ler as histórias de Hulk, mas era um grande fã do antigo seriado com Bill Bixby,´por isso neste filme o que se vê é muito parecido com a série de TV, Bruce Banner fugindo e se escondendo enquanto o exército americano o persegue por todo o mundo (a primeira sequencia do filme é bem longa e foi toda feita na favela Tavares Bastos no Rio de Janeiro com panorâmicas de helicóptero da Rocinha).

Muitos criticos estão dizendo que Hulk não chega aos pés de Homem-de-ferro, porém acho que se iguala em qualidade sim, prende bastante a atenção e mostra o que promete. Ficamos ainda mais curiosos para saber o que há nos 70 minutos que Leterrier disse ter cortado da edição final. A única crítica que tenho é em relação ao Brasil tratar estes filmes (como Narnia também) como filmes para crianças. Filmes de super-heróis e filmes como Nárnia estão saindo no Brasil em versão dublada e sem censura quando os mesmos filmes no Estados Unidos são lançados como PG13 (maiores de 13 anos). Isso gera cenas um pouco engraçadas (se não fossem tristes) de pais impressionados, olhando de rabo de olho para ver a reação da criança perante a violência, ou mesmo escondendo os olhos da criança durante o filme.

Estes pais, e mesmo aqueles que não conhecem quadrinhos ou livros de fantasia, têm que acordar para perceber que boa parte das obras em quadrinhos e da literatura fantástica não são histórias de criança! Pelo contrário, são pesadas, violentas e em alguns casos com cenas picantes. Aposto que nas primeiras cenas em que Hulk é metralhado de forma assustadora pelo exército americano dentro de uma fábrica, ou quando Bruce tenta se controlar durante o sexo com Betty, muita mãe se arrependeu de levar a criança... percam essa idéia!! Quadrinhos não são sempre coisa de criança (como veremos no filme Procurado com Angelina Jolie e James McAvoy).

SPOILERS, cuidado! Demais, as referências estão presentes em massa neste novo Hulk, a SHIELD inclusive é citada o tempo inteiro, até mesmo como patrocinadora das atividades do exército e da universidade de Betty. Stan Lee é o cara infectado no Brasil, por isso descobrem o paradeiro do Hulk. Lou Ferrigno (o Hulk da antiga série de TV) é o guarda da universidade onde Betty Ross trabalha, além de fazer a voz do golias verde nas poucas falas do filme. O Dr. Samuel Stern (o Líder, personagem cabeçudo do universo Marvel) está lá, e ao final cai aquela gotinha do sangue de Banner na cabeça dele (nos quadrinhos não é Stern, mas Samson que representa o Mr. blue. Samson é um médico psiquiatra infectado por um quantidade baixa da radiação, que ajuda Banner a lidar com o monstro. Ele tem apenas o cabelo verde e é bem forte).

Ao final do filme Bruce finalmente consegue se esconder e passa a controlar melhor o monstro, daí assume uma identidade falsa ao enviar uma carta para Betty, com o nome de David Banner (o nome de Bruce trocado na antiga série de TV para David). Para terminar as referências óbvias, Tony Stark aparece ao final do filme (você não precisa esperar os créditos terminarm) consolando o General Ross que afirma que nenhuma arma pode pegar o grande homem verde. Tony diz para o General que na verdade há algo sim, pois eles estão tentando formar uma equipe (referência aos Vingadores).

SPOILERS, quase esqueci! Sabe quando dizem que áparece o Capitão América? O que realmente aparece é o soro do supersoldado. Quando Emil Blomsky questiona o General Ross sobre a origem do monstro, este fala de um antigo programa que existe desde a 2ª Guerra para desenvolver o soldado perfeito. Na verdade Banner trabalhava numa continuação deste programa sem saber, Bruce achava que trabalhava numa nova forma de restaurar tecidos ou curar pessoas (algo assim). Ross pergunta a Blomsky se ele quer testar uma nova fórmula para o combate com o Hulk, Blomsky aceita e enfrenta o Hulk cara-a-cara dando saltos, ágil como um "Capitão América". Ele só se transforma no Abominável quando ameaça o Dr. Stern para injetar o sangue de Bruce nele.

Você também vai ouvir a música melancólica do seriado de TV que mostrava a angústia de Bruce em achar uma cura e não poder viver uma vida normal, nem com seu amor. O que chama mais atenção a quem leu histórias recentes nos quadrinhos são as referências a história Split Decisions (Mente Sombria, Coração das Trevas), escrita por Bruce Jones e ilustrada nos E.U.A. pelo brasileiro Mike Deodato, de onde saíram essas conversas entre Mr. Blue e Mr. Green e a fuga de Bruce, com direito a um monstro deformado muito parecido com a versão do Abominável para o cinema (o Abominável nos quadrinhos parece mais um grande peixe humanóide). Para terminar as referências menos óbvias, Leterrier faz referência a alegoria da caverna de Platão, presente na obra A República (livro VII):

Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali. Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.

Os prisioneiros julgam que essas sombras eram a realidade. Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza. A referência a obra de Platão acontece quando Hulk e Betty se escondem numa caverna na floresta e logo depois Bruce descreve no carro a sensação de se transformar no monstro como algo de outra realidade, o que aos poucos até o final do filme ele descobre que pode controlar.

Para terminar esse longo texto, vá ver o filme. Vale a pena mesmo que você não perceba as referência e se nuna foi fã de quadrinhos na adolescência. Claro que a experiência fica mais interessante se você conhecer as referências, mas o filme é bom e desmistifica a aura de "nerdismo" dos quadrinhos, atraindo pessoas que tem preconceito pelos quadrinhos para ver um filme que é derivado de um dos personagens mais clássicos da casa de idéias da Marvel. Boas histórias vêm de filmes, quadrinhos, livros, desenhos animados, qualquer mídia pode ser utilizada, portanto o preconceito e hipocrisia em relação a certas mídias deve acabar, afinal se você acha quadrinhos e desenhos coisa de crianças e nerds, para que você perde seu tempo com tanta avidez para ver o filme? Pense nisso...

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