Poesia: Eu de Você, Você de Mim

terça-feira, dezembro 11, 2012

Dentre os filmes e livros que pego neste quarto, da caixa empoeirada de gibis antigos às animações que me enchem de saudosismo, o âmago de meu conforto encontra-se em Venerdi quando encontro a menina Bridi. Sim, confesso que as palavras me fogem no momento em que coloco o lápis no papel. Parece que todo os verbos não são mais necessários para formar uma frase: "Eu...você..."

Mas sinto falta de algo... Uma conjunção? Uma preposição talvez... Eu e você, eu de você, você de mim... Como sem sentido de posse, mas como a rebeldia de quem admira algo maior que si mesmo.

Uma vez por semana ela me deixa saudade... Mas creio que em uma reflexão sábia de felicidade, ela sempre me deixa poesia. Não espero promessas pois ela ainda não sabe, mas este foi um engodo que infligi ao meu ego, ao meu orgulho, ao meu desejo, ao meu futuro... A Bridi que eu talvez nunca encontre...

Talvez eu esteja farto de poesia, cansado de noites com a cabeça em textos. Agora quero o diálogo do marquês, o sussurar do amante, a valsa do libertino, o galanteio do burguês... A poesia não funciona... É a bebida que entorpece o bufão e que oferece os fios de Venerdi àqueles que cortejam sem amor. Ah se o drama fosse mais forte que o encontro! Eu e você, eu de você, você de mim...

O drama opera no silêncio, mas o drama não se constrói sem presença. O encontro com Bridi... Beijo-lhe os lábios, entrelaço os dedos nas madeixas. Respiro. Conversamos por cinco horas seguidas... Não me canso. Toco seus dedos. Suspiro... Mas quem pode dizer o que você faria? Un Venerdi insiemie. Eu e você, eu de você, você de mim...

Talvez eu não misture mais a admiração com paixão... Não vou jogá-la aos leões de minha impaciência ou ao declínio de meus devaneios. Se nunca a conheci, se nunca ergui meus braços e te segurei, se nunca sussurrei baixinho o que sinto, não há o que reclamar de minha pantomima. Só este silêncio grita alto sobre o encontro que nunca aconteceu...

Reclamo é da minha arte e dos "Vinicius" que criaram o pedestal onde hoje você está. Meu coração dói... Talvez a minha Bridi será reimaginada, repaginada, esquecida, substituída.... Talvez a próxima Venerdi mostrará outras Bridis... Mas queria que ela, você... queria que Bridi soubesse... Eu e você, eu de você, você de mim.

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CREB Botafogo Eu Não Vou Mais

sexta-feira, outubro 21, 2011

Há um mês torci o tornozelo sem melhora, por isso resolvi procurar especialistas em pé. Por incrível que pareça, entre Tijuca, Botafogo e Barra, só consegui marcar duas consultas, uma no COB e outra no CREB, Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo. Chegando hoje ao CREB às 8:05, 10 minutos de antecedência para uma consulta às 8:15, aguardei por 50 minutos.

Na recepção estava uma entrada e saída frenética de representantes farmacêuticos, estes que usam uma mala com rodinhas para apresentar remédios e amostras.

Não aguentei a demora no atendimento. Levantei e falei com a recepcionista. A atendente informou que a doutora ainda estava atendendo o primeiro paciente das oito. Na hora pensei, mas está atendendo às 8:55? Cerca de 03 minutos depois, me chamaram (o que me pareceu estranho, será que me esqueceram?). Me conformei, pois já esperava isso a partir de experiências passadas na clínica.

A médica não olhou ou manipulou o meu tornozelo, mas pediu uma ultrassonografia, exame feito na própria clínica. Eu relatei o que estava sentindo na lateral direita do tornozelo esquerdo e ela me explicou que eu deveria fazer a ultra para visualizar os ligamentos.

Quando fui na seção de ultrassonografia, havia 04 pessoas na minha frente. O médico que faz a ultra deveria ter chegado às 8:00, mas até as 9:00 não havia ninguém. As pessoas se acumulavam na sala de espera e a recepcionista da ultra falava baixinho ao telefone com um tal de Leo, pois estava preocupada com a situação de demora no atendimento e muitos pacientes estavam reclamando. Uma moça ao meu lado falava impaciente sobre quantas vezes já se estressou com a gerência da clínica.

Após ter terminado quase 50 páginas do livro que levei, desisti. Pedi de volta à recepcionista a guia Unimed para fazer a ultrassonografia em outra clínica. Ela não quis me devolver afirmando que já havia pedido a autorização. Como eu não havia assinado, não quis discutir. Falei que iria ligar para remarcar o exame e fui embora com o corpo queimando de raiva. Não liguei e nem voltei. Passei uma hora e 50 minutos no CREB, só tive uma consulta de 03 minutos e a médica nem olhou o meu tornozelo.

No lugar onde faço pilates, alguns amigos me contaram histórias sobre a clínica, principalmente sobre longas esperas e atendimento. Quando desloquei o ombro em 2004, fiz 20 sessões de fisioterapia no CREB, mas sem melhora (na época, pela manhã, só tinha uma fisioterapeuta para vários estagiários). Paguei R$ 50,00 por consulta em atendimento particular e em 05 sessões eu estava perfeito.

Por experiência própria e de amigos, eu não volto mais a esta clinica de ortopedia em Botafogo. Outros casos: (1) http://www.reclameaqui.com.br/4300987/; (2) http://www.reclameaqui.com.br/7220775/

[Atualização Maio/2013]
A diretoria do CREB ligou para mim este mês (um ano e meio depois do texto) se desculpando pelo ocorrido e convidando para verificar pessoalmente como a clínica melhorou. Ainda não tive a oportunidade de conferir, mas não sei se volto. Talvez esteja melhor, cabe a cada paciente julgar. Este comentário de atualização foi feito dando o direito de resposta ao CREB quanto ao texto escrito em 2011, visto que as empresas precisam de feedbacks como esse para melhorar os seus serviços.

[Atualização 08/Junho/2013]
Alguns relatos foram omitidos temporariamente devido a uma carta registrada recebida do advogado da instituição. O texto original está sendo revisado pelo autor junto a um representante jurídico. Por enquanto, todos os pontos citados na carta da instituição foram retirados e estão em análise.

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A Medicina está Morrendo

sábado, abril 09, 2011

Esta semana meu pai teve um aumento de pressão e foi colocado na UTI sob observação. Este é o motivo de começar a escrever. Entre amigos, familiares, médicos e profissionais da área de saúde com quem convivo, não paro de escutar como os hospitais, clínicias e médicos têm agido de forma incoerente com o próprio código que o CRM (Conselho Regional de Medicina) prega.

Tenho amigos que trabalham em planos de sáude e seguradoras e alguns que são médicos, e eles falam que hospitais na área onde moro como Santa Therezinha, a Rede Dor ('Dor), Hospital Pan Americano, Hospital Evangélico, todos sofrem auditorias dos planos de saúde por causa de colocarem pessoas no CTI, pequenas cirurgias, exames, etc. Já percebeu a bateria de exames que pedem pra fazer, exames estes realizados dentro da própria clínica ou hospital?

Outra vez fui ao médico Leo Portnoi, um dos donos de uma clínica na Tijuca, IOT, Instituto Ortopédico da Tijuca, ex-presidente do Clube Monte Sinai e ex-chefe da ortopedia do hospital Quinta Dor. Ele operou meu joelho em 2003 e em 2009 o ligamento cruzado anterior, LCA, já tinha afroxado. Voltei na clínica e ele me disse que estava normal e passou um antiflamatório. Duas semana depois a mesma dor. Fui a um médico no Leblon e ele me mostrou claramente que meu joelho estava "solto". Fui a outro médico no COB Botafogo que disse a mesma coisa. Veja bem, o Leo Portnoi três semanas antes havia dito que o joelho estava normal e passou antiflamatórios. Quando o achei e o questionei pelo Facebook, ele afirmou que isto é normal, que isto acontece com algumas pessoas (o que não é o que dizem artigos científicos publicados em periódicos da área e nem os médicos que fui consultar depois).

Voltando a história. Meu pai foi internado e no mesmo dia o colocaram no CTI. Ele havia desmaiado, mas naquele momento já estava lúcido, falando, um pouco agitado. A ambulância do plano de saúde Eletros da Eletrobrás demorou 02 horas para chegar e levou ele para o hospital Prontocor no Largo da Segunda-feira, zona norte do Rio de Janeiro. Ele foi internado ainda sem um diagnóstico, mas pelo seu histórico médico, acabou ficando lá.

No dia seguinte minha mãe foi visitá-lo e ele estava normal, conversando, calmo e consciente, só reclamava de ter que ficar deitado o tempo todo e da falta de comida. Segundo a médica, vários exames ainda estavam sendo feitos. Hoje, para nossa surpresa, meu pai estava completamente dopado. As técnicas em enfermagem que ficam no CTI (isso mesmo, somente uma médica para várias técnicas de enfermagem em uma unidade de tratamento intensivo - nada contra os técnicos, mas não deveria ter mais médicos e uma enfermeira formada supervisionando o trabalho em um local tão grande?). Disseram que ele ficou muito agitado durante a noite, queria levantar e não deixava ninguém dar banho nele, por isso deram uma injeção com algo que não quiseram dizer o que era.

A médica que nos atendeu depois do período de visita afirmou a mesma coisa, uma história sem detalhes. Afirmou que o que ele teve é normal e é chamado de "Síndrome do Confinamento". Síndrome? Uma pessoa calma que ficou uma noite só no hospital, na manhã do dia seguinte já apresenta uma "Síndrome"? E se este é o caso e o problema é conhecido, por que não há um psiquiatra ou psicólogo de plantão no CTI para lidar com estes casos?

Se o caso foi na madrugada, por que às 15:00 do dia seguinte meu pai ainda estava dopado? Que remédio deram pra ele ficar assim? Qual o diagnóstico ou possíveis diagnósticos? O que ele teve? Se ainda não sabem o diagnóstico, o que estão fazendo de exames e pesquisa? Se não estão fazendo exames, por que estão mantendo ele no CTI e não em um quarto? Se disseram que ele tomou suco de manhã, como ele tomou suco naquele estado dopado e enrolando a língua com as mãos amarradas a cama? Canudinho? O Prontocor Tijuca e os profissionais do CTI não responderam.

O caso é, achei tudo muito estranho, inclusive as respostas vazias da médica do Prontocor Tijuca. Os médicos têm tratado os pacientes e familiares como se fossem bobos, ou seja, leigos que não merecem ouvir termos técnicos. Fico indignado com a forma como escondem informações ou nos tratam como individuos ignorantes que não sabem nada de medicina. Só consigo encarar isso como uma sensação de superioridade do profissional ou medo do hospital ser autuado caso algo seja feito sem necessidade ou o paciente sofra algum mal.

Eu não confio mais em hospitais e médicos fora do meu circulo pessoal e indicações. Tenho um clínico, uma dermatologista e o meu pediatra da época de criança em quem confio, mas o restante, já entro em qualquer insituição de saúde duvidando de tudo e de todos, não só por causa da ganância, mas também da competência e índole. Será que eles não pensam que mesmo o paciente estando bem, todo esse processo de UTIs, CTIs, é extremamente traumático e isto coloca o paciente em um estado depressivo que só acelera a queda? Será que pensam que não vamos ter consciência e empatia com os profissionais e com a instituição se houver ocultamento de informações ou improibidade médica?

O médico pesquisador, aquele que estudava para descobrir causas, este não existe mais. Os médicos só se baseiam nos conhecimentos de faculdade e de especializações, mas no dia-a-dia não pesquisam nada de seus pacientes, oferecendo diagnósticos como receitas de bolo, "se os sintomas são esses, então pode ser isso ou isso...se apareceu isso também, então é isso". É tudo corrido para atender cada paciente em menos de 10 minutos e cobrar uma fortuna. Mesmo que a desculpa seja o pouco que pagam os planos de saúde, isto não é motivo para brincar com uma vida ou ser negligente.

São os erros, o "pré-conceito" contra nosso conhecimento, a demora no atendimento, cada instituição e profissional tem um problema diferente, senão todos. Mas isto a cada dia me deixa mais triste e tenso com o que pode acontecer quando paro frente a um profissional de saúde desconhecido ou que só tem a "fama" e diplomas na parede (de que adianta frequentar congressos?). Será essa uma forma de os médicos mandarem que a gente se cuide melhor para não ter que visitá-los mais? Um programa do governo para as pessoas começarem a ter uma vida saudável? Pois parece, por que a motivação dos profissionais em ajudar o outro não existe mais, nem nos hospitais particulares...

Antes de cirurgias, de internações, de procurar um profissional, pesquise na internet (Google, Reclame Aqui, etc.), converse com os planos de saúde (principalmente áreas de auditoria se possível), mas não confie em diplomas em cima da mesa, em prêmios "jabá" de clinicas e hospitais, em tamanho do hospital, em aparência da clínica, não confie em nada disso. Confie na experiêcia de outros pacientes.

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Melhores Filmes Românticos

sábado, dezembro 25, 2010

Conversando com uma amiga no Facebook sobre o filme (500) Dias com ela, parei para pensar, é sempre difícil aceitar ver um filme ou comédia romântica com a namorada, com a esposa, uma amiga ou mesmo com um grupo que tem mais mulheres que homens. Mas será isso uma constante? Eu digo que não. Existem dezenas de filmes românticos que você pode ver acompanhado e ainda assim aproveitar o filme e se identificar com os personagens e situações.

Fiz uma lista de filmes para você sugerir imediatamente sempre que namoradas, esposas ou amigas quiserem te obrigar a ver filmes que você não quer (pelo menos esses são bons). Considerei 30 filmes que estão entre os meus 50 favoritos de todos os tempos, daqueles que sempre paro para ver de novo se estiver passando. Dividi a lista em duas partes para não ficar cansativa. Fiquem tranquilos que tirei todos os insuportáveis filmes de Jennifer Aniston e Julia Roberts. A lista não está em ordem de preferidos.

1. 500 Dias com Ela (500 Days of Summer)
Dos filmes citados aqui, o mais recente. Eu também tive vários momentos de Tom Hansen na minha vida, mas nada melhor do que um filme com a bela Zooey Deschanel para curar qualquer coisa. Destaque para Joseph Gordon-Levitt da série 3rd Rock From the Sun. Veja o trailer.



2. Sintonia de Amor (Sleepless in Seattle)
Não gosta de Meg Ryan? Mas você vai gostar desse filme da época em que não tinhamos internet. Aborrecido com a tristeza do pai, que está viúvo há um ano e meio e não consegue se recuperar da morte de sua esposa, um garoto liga para um programa de rádio à procura de uma namorada para ele. Longe dali está Annie Reed que, viajando de carro, ouve o programa e acaba apaixonada. Veja o trailer.



3. O Pescador de Ilusões (The Fisher King)
Definitivamente o meu preferido. Muito antes do Rappa fazer a música, este nome já era conhecido. Com Jeff Bridges, Robin Williams e Amanda Plummer (frilha de Christopher Plummer), não é possível ter um filme ruim. O filme emociona pela delicadeza com que aborda a história do mendigo Perry e a redenção do personagem de Bridges. A declaração de amor de Perry na escadaria é uma das melhores cenas do cinema.



4. Harry & Sally - Feitos Um para o Outro (When Harry Met Sally)
Apesar do preconceito contra as comédias românticas de Meg Ryan, Billy Crystal é o cara. Não tem como não se identificar com Harry, afinal, quem nunca se apaixonou por uma melhor amiga? Atenção para a cena do orgasmo no restaurante, uma cena que é reprisada em todas as apresentações da noite do Oscar.



5. ABC do Amor (Little Manhattan)
Eu também tive algumas Rosemarys quando criança. Sabe aquela sensação de sentir falta de alguém e não sabe o porquê? Não saber exatamente o que é amor, mas querer ver aquela menina de novo e cada vez mais, todos os dias? Little Manhattan é essa descoberta.



6. Quero Ser Grande (Big)
Mais do que uma comédia romântica, é uma comédia sobre descobertas e o prazer de ser criança. Não tem como não gostar do personagem de Tom Hanks e seu relacionamento com Elizabeth Perkins. A cena final também é uma daquelas que mais me emocionam.



7. Além da Eternidade (Always)
Um filme de Steven Spielberg com Richard Dreyfuss e a Bonequinha de Luxo Audrey Hepburn. Parece uma mistura de filme de ação com romance, mas é uma maravilhosa história sobre seguir adiante.



8. Em Algum Lugar do Passado (Somewhere in Time)
Esse filme me marcou muito quando pequeno. O eterno Superman Christopher Reeve e a Medicine Woman Jane Seymour trazem uma história de amor impossível em épocas diferentes.



9. Procura-se Amy (Chasing Amy)
Um clássico de Kevin Smith (O Balconista) que serve para nerds, geeks e pessoas comuns. Um escritor de histórias em quadrinhos vira melhor amigo de uma lésbica e descobre que cada vez mais está se apaixonando por ela.



10. Ilusões Perigosas (Haunted)
Mistura de horror fantasmagórico com romance, tem uma das melhores trilhas sonoras de piano que já ouvi. Um professor vai investigar relatos de fantasmas em uma casa de campo. Lá se apaixona por uma moça enquanto percebe estranhos acontecimentos na residência.



11. Círculo de Paixões (Inventing the Abbots)
Apesar de filmes com muita gente bonitinha me incomodar (pois o mundo tem suas imperfeições), esse texto é muito bom. Dois irmãos cortejando três irmãs com as quais não podem ficar.



12. Eterno Amor (Un Long Dimanche de Fiançailles)
A tradução para o português deste filme não faz juz a sua história. É uma história de guerra. Ok, mas por que é romântico? Por que a menina de Amelie Poulain passa o filme todo atrás de seu amado sumido durante a primeira guerra mundial. Ver esse filme no cinema foi umas melhores experiências cinematográficas da minha vida.



13. Meu Primeiro Amor (My Girl)
Sério, me apaixonei várias vezes por Anna Chlumsky quando era criança só por causa desse filme. Se você, como eu, viu esse filme quando criança, ele se torna um marco, mas mesmo para adultos, não tem como não se emocionar.



14. Amor nos Tempos do Cólera (Love in the Time of Cholera)
Javier Berden está em alta e vale a pena ver a adaptação de Gabriel Garcia Márquez. Um homem se apaixona por uma mulher que também o quer. Eles são afastados pelo pai dela mas, quando ela retorna, nada mais quer com ele. Ele passa a acompanhar sua vida, sonhando com o momento em que ficarão juntos.



15. Amor Além da Vida (What Dreams May Come)
Robin Williams vem nesta bonita produção. Os filhos de um casal morrem em um acidente e o casal é bastante afetado. Quatro anos depois é a vez do homem morrer em um acidente e ser mandado para o paraíso. O paraíso é mostrado para ele como uma das pinturas de sua esposa, e ele fará de tudo para reecontrá-la neste lugar.



16. Fonte da Vida (The Fountain)
Bem, a temática não é tão romântica assim, mas emociona a luta do pesquisador médico vivido por Hugh Jackman para salvar sua esposa interpretada pela bela Rachel Weiss.

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Crítica: Resident Evil 4 - Recomeço

domingo, outubro 03, 2010

Eu li críticas na internet de pessoas confiáveis e já sabia o que esperar. Resident Evil Recomeço (Resident Evil: After Life) mantém o que você já viu nos filmes anteriores, sangue a lá Tarantino, mulheres lindas com metralhadoras e espadas, veículos futuristas japoneses, os surrados carros tipo Mad Max e ainda, os zumbis mutantes.

Depois de uma descrição dessas você espera ver um filme de Ed Wood né? Relaxe, é Paul W.S. Anderson (não confundir com Paul Thomas Anderson). Este filme não é o After Life de Liam Neeson e Christina Ricci, mas também têm mortos. E põe mortos nisso. O filme não trás absolutamente nada de novo, diversas coisas copiadas, diversos conceitos muito conhecidos da cultura pop. Isto estragou um pouco a produção pois como leio muito, vejo muitos filmes e dezenas de seriados, é difícil algo me surrpreender como foi com Kick-Ass.

Estão lá as pessoas pessoas confinadas em um presídio com mortos ao redor como nos quadrinhos indie The Walking Dead. As multiões absurdas de zumbis foram usadas no último de George Romero e em Zumbilândia. Os cenários e veículos futuristas da corporação Umbrella são das animações de Final Fantasy e Apple Seed. Apenas o vilão foi copiado dos jogos (se parece com Matrix, mas é mais antigo, dos primeiros Resident Evils). Coitado é do Shinji Mikami, criador dos games... Só a idéia do game é utilizada, o restante é descartado sem piedade.

Mas é uma ótima diversão. O 3D realmente trás um nível de imersão às cenas que é fantástico, mesmo em uma história sem pé-nem-cabeça. Eu me senti como gosto, dentro do filme. Tudo foi trabalhado em prol da experiência 3D. Coisas que caem, objetos lançados na direção da tela, tiros sem parar e em câmera lenta, cenas mentirosas que dão prazer de assistir e monstros que parecem saídos de um conto de H.P. Lovecraft. Fique atento para o gigante do machado que não tem explicação de existir (totalmente Deus ex-machina), mas fica muito legal em 3D.

O 3D ajuda, mas este filme não passa de um episódio de série de TV, não tem cara de filme. Desde o início da saga que Alice procura sobreviventes, e em todos os filmes isso é tudo o que ela faz, tentar se vingar e cuidar dos sobreviventes com o mínimo de baixas possível. Veja no cinema, ou não veja.

Não vale a pena vê-lo depois em 2D na sua TV LED 40'. É para ser visto no cinema e em 3D. O que acho risível é as lindas Milla Jovovich (The Three Musketeers) e ELi Larter (Heroes) em entrevista ao Omelete falando como se este fosse Shakespeare e que a atuação é de primeira... Mas não tem problema, o rosto de Mila já faz meu coração bater mais forte!

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O Dilema do Especialista

sábado, setembro 18, 2010

Nunca a expressão "mercado de trabalho" fez tanto sentido quanto na época em que vivemos. Qual o seu comportamento quando vai ao mercado? Você tem uma gama de opções mas não conhece todas. Você verifica marcas, embalagens, o que você conhece, o que já comprou e, se você for de classe média ou menor, você escolhe o que atende custo, beneficio e sua atribuição de valor inconsciente. Parece que o mercado de trabalho se transformou na mesma coisa, principalmente para profissões criativas.

Você faz doutorados, mestrados, MBAs, pós-graduação, cursos de idiomas, cursos de especialização, e para onde vai a sua especialização? Claro, ela será usada, mas ela será valorizada? Não com elogios, mas você terá retorno financeiro deste custo físico, de dinheiro e mental ao longo dos anos? Provavelmente não. Na verdade você é escolhido pelo custo-benefício e valor incosciente atribuído à sua profissão no mercado (por mais que seu trabalho seja primordial, o inconsciente coletivo sempre deixa seu retorno lá embaixo).

Isso vale para todas as profissiões. Tenho amigos engenheiros e arquitetos que ganhavam somente a base do CREA. Nas áreas de TI e design/artes nem se fala, além de não valorizar o especialista, ainda há a exigência de saber tudo o que existe (o famoso "vou contratar um só, mas tem que saber 1,2,3,4..."). Quando me formei, e até hoje, vejo alguns amigos desistirem da profissão por uma opção mais lucrativa. A frustração os levou a concursos públicos, polícia federal, redes de computadores, sair do país, trabalhar como freelance ou consultor, e uma até se tornou médica, mas é coerente esta decisão, não do profissional, mas do mercado?

Quando os melhores profissionais ficarem descontentes e procurarem outros caminhos, o que será das empresas daqui a 10 anos? Dá pra acreditar numa empresa que diz que falta profissional especializado no mercado quando tenho à minha volta dezenas de amigos bons que não conseguem trabalho por que pedem um salário mais alto ou por que são overqualified (qualificados demais para a vaga)?

Será que vamos ter uma máquina do governo inflada de profissionais fantásticos que desistiram da iniciativa privada? Teremos o Brasil como exportador de excelência por que os especialistas não conseguem emprego aqui? Empresas nacionais indo à falência pela falta de qualidade? Falência não. As empresas vão se encher de profissionais baratinhos, "quebra-galho" e reduzir a qualidade. Será que vão exigir do "baratinho" um nível alto de qualidade até fazê-lo chorar? Ou vão pagar um consultor caríssimo (tudo está caminhando pra isso)? Vão se manter em mercados pequenos e deixar as grandes corporações trabalhar grandes mercados (Google, Yahoo, Apple, Viacom, Itau, Totvs, etc.)? E não me venha com essa história de Long Tail, se seus profissionais não são pensadores e sim produtores, você sempre vai ter o mesmo do mesmo e com mesmo nível.

Meus pais não têm curso superior, entretanto, ambos se saíram bem na vida, trabalharam em grandes empresas, tivemos sítios, apartamentos grandes, carros, conforto, etc. Mas será que você consegue esta mesma "construção de vida" nos dias de hoje? Com a sua formação, você consegue alcançar aquilo que seus pais conseguiram, ou melhor, mais ainda, afinal você é "especializado". O que aconteceu? As coisas estão mais caras ou você tem menos dinheiro? Você sente motivação para estudar mais quando você vê as perspectivas do seu mercado de trabalho, ou você já está ponderando entre as alternativas dos amigos citados? Quanto você acha justo ganhar? O quanto você acha que vale o seu nível de especialização e experiência?

Pior é que nas profissões criativas as pessoas já não exigem mais um especialista em uma coisa. Na época do meu pai um profissional entrava como OfficeBoy, estudava, aprendia na empresa, era promovido diversas vezes e podia terminar como diretor. Hoje as empresas querem que você entre já sabendo todos os detalhes de tudo, não querem ensinar nada, pagar curso nenhum. Não importa se você é muito inteligente, tem notas ótimas na faculdade, tem pós graduação, se você não souber um dos softwares ou um dos métodos, você está fora. Claro que a empresa não vai esperar anos para você aprender, mas dói esperar dois meses, três?

A preferência é pelo funcionário-máquina, aquele que produz rápido, de qualquer jeito, mas se ele conhece o software, o método, então tá bom. Ele não tem excelência, mas resolve o problema. Você já pensou se um filme da Pixar fosse feito assim? Que desastre. O filme saiu, o cliente tá feliz, mas poxa... o produto/serviço não fez tanto sucesso e só durou 02 anos... que pena. Vamos fazer outro? Deve ser por isso, vamos fazer outro então. Grito. Por que não chamar especialistas, demorar mais um pouco e fazer certo só uma vez? E não me venha com história de Agile, esse é o método mais mal-interpretado pelas empresas brasileiras.

O pior é que design, arquitetura de informação, design thinking, experiência do usuário e marketing digital têm virado termos hype no mercado de TI. Então por que internamente as empresas não valorizam esses profissionais já que fazem tanta questão de usar termos do mercado criativo como frente, o "slogan" para a venda de seus produtos e serviços?

Eu vejo uma crise em 10 anos, principalmente na área de TI e de ensino. As classes E, D e C estão mudando muito pouco (apesar de seu consumo de eletro-eletrônicos ter subido, seu crescimento está parado). Já as classes B e A estão se transformando em classe C. O que isso diz do futuro da nossa economia? E quando a maioria das pessoas não puder ou não quiser pagar pelas coisas que a gente produz por que não possuem condições? E quando aumentar a inadimplência nas parcelas e financiamentos por que os salários são baixos e por isso são voltados à necessidades básicas?

Pergunto ainda, e quando estas pessoas estiverem estressadas, com problemas de saúde, os hospitais públicos não funcionarem e você tiver diversos funcionários faltando (eu já vi isso acontecer em uma empresa que eu trabalhava com uma moça da faxina)? A solução é pagar plano de saúde pra todo mundo? E para onde vai a criatividade e a capacidade de raciocínio de um profissional frustrado, doente e cansado? Pelo salário que ele ganha, será obrigado a se mudar para longe, imagina a disposição desta pessoa durante o dia após ter passado 04 horas por dia em uma condução.

Hoje a geração Y é empreendedora e alguns acertam em cheio, mas e os que não acertam? E os que precisam trabalhar para as nossas empresas? Eles continuarão se tornando especialistas ou só estudarão o que você quer e pronto? Eles vão se esforçar sem o "chicote" para oferecer bons resultados? Você quer na sua empresa um profissional que tem faculdade, sabe o trabalho, mas não sabe pensar? Ah! A sua solução é colocar apenas uma pessoa que pensa e um monte de operários e estagiários na esteira? Ou melhor, vai pedir a opinião do sobrinho e mandar outros executarem? No final das contas ainda tem os pequenos serviços que você pode contratar para sua empresa em 02 horas e por R$ 100,00.

Não sei de onde veio esta mentalidade do mercado (a prostituição do profissional que aceita qualquer coisa), principalmente a idéia de que algumas profissões devem ganhar menos do que outras (se há risco de vida tudo bem - médico, engenheiro civil - do contrário, por quê?). Mas alguma coisa vai mudar, por que a geração Y que tem boa formação não vai se conformar. Se gasta-se tempo com estudos, aprendizado e experiências, a geração Y vai querer o retorno que merece.

Tenho medo do futuro das empresas brasileiras e da qualidade de seus produtos e serviços. Você pode fazer um concurso, mudar de estado ou sair do país, mas quem ficar vai ver mudanças grandes e inesperadas. Colapso? Crise? Não precisa ir muito longe, veja como era o subúrbio do Rio a 20 anos atrás e veja agora. Ser feliz e ter qualidade de vida é muito bom, mas não se constrói isso sem uma recompensa monetária.

Acho que é o adeus à classe B. A redução das diferenças não é por que o pobre está mais rico, é por que a classe média está mais pobre... Agora responda, você podia ser o "faz-tudo", o handyman do mercado de trabalho. Por que você virou especialista? Sério, faça as contas, parcela do carro, parcela de apartamento em local razoável, montar apartamento, alimentação, saúde, diversão, manutenção do carro, você acha que o mercado te ajuda a bancar essa qualidade de vida que você espera?

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Poesia: Se Ela Soubesse

terça-feira, setembro 07, 2010

Meu amigo, como posso contar o horror que vivo. Não sei como começar a falar sobre estas velas que iluminaram minha mente e que se apagaram enquanto a trupe celeste terminava sua obra cômica. Pois sim, não a vi mais. Nas mudanças que ocorreram, de tudo o que deixou saudade, creio que na felicidade, ao final caro amigo, ela só deixou poesia. Não esperava promessas, pois ela não sabia, mas este foi um engodo que eu próprio infligi ao meu ego, ao meu orgulho, ao meu desejo, ao meu futuro. Não quero que ela seja mais uma...

Mais uma nos meus arrependimentos, mais uma na linha do “se”... se eu pudesse, se ela quisesse, se eu tivesse, se ela soubesse... Ah se ela soubesse. Agora é tarde, pois ao receberes esta carta estarei longe. Não longe de ti meu amigo, mas longe do rosto pálido, do sorriso largo e dos fios rubros daquela que deixei para trás. Se da infelicidade não me faço rir, é por que a alma pesada e os pés inquietos ainda querem que ela saiba. Ah se ela soubesse...

Estou farto de poesia meu amigo, cansado das noites com a mão na pena. Agora quero o diálogo do marquês, o sussurar do amante, a valsa do libertino... a poesia não funciona meu amigo, é a bebida que entorpece o bufão e que oferece os fios rubros àqueles que cortejam sem amor. Que bonitas palavras, ela diz... mas não me acompanha...

Certo é o homem que da tribulação constrói a farsa e da farsa ergue seu império. Da farsa tira o sangue, beija-lhe os lábios, entrelaça os dedos nas madeixas alaranjadas. Respiro. Caio de novo. Desculpe-me meu amigo. Quem pode dizer o que ela faria? Ah se ela soubesse... Ela nunca soube.

Não misturo mais, não vou jogá-la aos leões da minha imaginação e impaciência, ou ao declínio de meus devaneios. Se nunca me expressei, se nunca ergui meus braços, não há o que reclamar de minha pantomima... reclamo é da arte e dos vicínus que roubaram meu espírito para entregar luxúria no lugar de paixão. Por que ela aceita? Meu coração dói... Por que ela compactua com as forças da libido e renega que a combinação de desejo, amizade e gratidão está sob seus olhos? Ah se ela soubesse.

Vida é para ser vivida meu amigo, e talvez, talvez ela será reimaginada, repaginada, esquecida, substituída. Só queria que ela soubesse...

Veja outros de meus textos

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Barton Fink e Idealização do Cliente

segunda-feira, junho 28, 2010

Esqueça videos na internet. O melhor video de liderança para mim é o filme Barton Fink dos irmãos Coen. Barton é um idealista vindo de Nova York onde consegue seu primeiro sucesso no teatro, um meio que está sendo substituído pelo crescimento da indústria cinematográfica. Chamado por um executivo da Capitol Pictures para trabalhar em Los Angeles, Barton acha que está se vendendo, mesmo assim decide que pode criar grandes coisas na sétima arte.

Nos primeiros dias em L.A., Barton fala para todos da vontade de retratar na tela o homem comum e não os avatares idealizados, o estereótipo, para ele a arte é mostrar o dia-a-dia do público que assiste filmes. Barton vive com diversas pessoas comuns em sua vida, os vizinhos que fazem sexo o tempo todo, o morador de cima que arrasta móveis e ainda, o vizinho bonachão Charlie, o reflexo de tudo o que Barton idealiza para seus personagens. No entanto, Barton parece ignorar seus vizinhos, e ainda corta Charlie sempre que este tenta contar mais de sua vida. Tudo o que Barton está preocupado é em falar a Charlie sobre como as coisas devem mudar, como os filmes devem ser, como a indústria deveria fazer.

No decorrer do filme percebemos que na verdade Barton nunca conheceu Charlie. Charlie na verdade se chamava Mundt e era um homem procurado pela polícia. Antes de fugir, Mundt deixa um pacote com Barton cujo interior Barton nunca sabe o que é, pois nunca o abre. O fato de nunca ter conhecido Mundt de verdade arruina sua vida, mas permite a Barton escrever o que ele acha ser sua obra-prima, neste caso, os próprios acontecimentos loucos que estão correndo na sua própria vida (o pacote, seus vizinhos, etc.).

Ao levar sua obra-prima ao executivo do estúdio, Barton tem uma surpresa. O exectuvo odeia o roteiro e dá uma bronca em Barton pois ele não entendeu o que é um filme. Como afirma o executivo, "se eu quisesse um drama, eu pedia para os 20 escritores que eu já tenho aqui". Barton então perde tudo, a única coisa que lhe resta é o pacote de Mundt, e numa cena inspiradora, Barton senta na praia tendo um deja vú ao ver uma garota sentada na praia, a mesma cena que ele tinha pintada em um quadro em cima de sua máquina-de-escrever.

Barton chega a L.A. como um líder. O executivo considera-o um gênio, mas Barton é modesto demais, acha que o problema está na forma como a indústria é conduzida. Entretanto, suas idéias o fazem ignorar sobre o quê e para quem ele está escrevendo. Barton tem pensamentos fixos que ofuscam sua percepção sobre a vida real das pessoas sobre as quais escreve, além de fixar suas idéias em temas que não interessam ao seu cliente final.

Quando Barton perecebe que está "quente", é o momento que ele vê que acabou, que as coisas estão saindo do eixo, que está ficando realmente "quente" e ele perdeu o controle da situação (mas ele nunca consegue perceber o porquê). O executivo do estúdio queria que ele fizesse algo para o público, e não algo de "arte", ou seja, algo baseado nas idéias dele sobre o que é o mundo (por que Barton ACHAVA que o seu conhecimento era suficiente para saber quem é o "homem comum"). Em uma cena furiosa, Barton grita que ele é "o criador", e que todos a sua volta não sabem de nada e não entendem quem é ele.

Barton idealiza tudo o que produz e esquece seus objetivos profissionais, confiando mais nas suposições do que no homem comum. A metáfora do pacote que nunca é aberto e a mulher do quadro talvez seja Barton mais uma vez ignorando a realidade, Barton não quer abrir a caixa, não quer descobrir o que há nela, sua vontade é permanecer no trabalho idealizado representado pela mulher do quadro. Sua vaidade e excesso de confiança o deixa cego para o que se passa à sua volta, ou seja, quem vai ver o seu filme.

Minha experiência trata de design, design thinking, usabilidade e áreas criativas, mas quantos líderes você vê por aí na situação de Barton? O líder é idealista, cita métodos e processos novos, endeusa empresas como o Google e a Apple, trás artigos e livros, troca links, vai a congressos, entretanto sua percepção do cliente final é tão idealizada (ou ignorada) que seus produtos e trabalho acabam arruinando sua carreira, a carreira da empresa, a motivação de seus liderados.

O pior é quando o produto precisa ser empurrado "goela abaixo" dos clientes com MUITA divulgação (um paleativo barato e inconsequente que dura pouco) ou fechado dentro de um monopólio (se sou o único que oferece, por que melhorar?).

O líder brasileiro tem essa característica. Ele não quer abrir o pacote de Barton. O pacote trás problemas, retrabalho, reclamações e principalmente no mundo de TI, pode significar produzir mais devagar. Os produtores do aplicativo FarmVille uma vez contaram que a tal fazendinha do Facebook já existia há muito tempo. Como seus primeiros idealizadores negligenciavam o próprio produto, estes novos empreendedores foram atrás das redes sociais para ver o que o público queria e fizeram algo melhor com a mesma idéia.

Quando você se preocupa mais em fazer correndo, fazer um produto idealizado e não considera o seu público, o risco é que você perca sua idéia para alguém que realmente se preocupa em perguntar e entender o que as pessoas querem, alguém que quer abrir o pacote. Você pode até ir bem por algum tempo, mas logo seu diretor ou presidente perceberá que você não faz a mínima idéia do que está fazendo pois você não conhece os desejos do cliente final e projeta baseado no seu próprio entusiamo e vaidade.

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O Seu Líder Estava Certo?

terça-feira, maio 18, 2010

Vejo em diversos locais (não só pelos quais passei), líderes, gestores, coordenadores e diretores discordarem de seus funcionáros e consultores externos. Isto é normal, ninguém possui a mesma opinião e muitas vezes estes atores compartilham o mesmo tipo (ou grau) de conhecimento, o suficiente para levantar um debate saudável que terminará em consenso.

O que me preocupa nestas situações é quando o conhecimento não é igual (profissões diferentes ou grau diferente de conhecimento) ou quando a discussão foge do conhecimento e entra no nível da opinião. Por isso acho que este post serve tanto para líderes quanto para profissionais que precisam trabalhar juntos.

Por mais que um líder tente se impor, oferecer uma opinião sem base ao redor de pessoas com conhecimento só mostra uma inabilidade em gerir pessoas, assim como deixa os "geridos" inseguros e pensando que seu líder é "aquele(a) cara engraçado que só fala besteira", "lá vem ele(a) de novo", "você ouviu o que ele(a) falou ontem?", além das imitações caricatas na hora do almoço (também conhecidas como "chacotas").

Mostre como líder que você tem uma opinião e dê a chance das pessoas provarem por que você está errado(a). Reconheça que você contratou bons profissionais por que eles podem agregar coisas boas à sua empresa, produtos e serviços. Se você julgá-los como sua "equipe operacional", em pouco tempo você perderá estes profissionais para outra empresa (ou vai construir concorrentes). Pior, o profissional com menos de 40 anos não liga de passar só 02 meses na sua empresa.

Se ele estiver desconfortável, ele vai te deixar na mão, você não conseguirá mantê-lo. Isto ocorre principalmente quando o trabalho é desorganizado, repetitivo, rápido demais (quando o profissional não tem tempo para fazer o que é certo por pressão ou exigências absurdas do líder) e/ou quando o descontentamento é diretamente com o líder imediato.

É chato pensar que ainda hoje há líderes que pensam assim. Seus funcionários mais novos não vão te seguir cegamente, vão te contestar e isso é algo que você tem que aceitar nos próximos anos com as novas gerações. Se um líder realmente acredita que nos dias de hoje existe uma hierarquia, que alguém manda em alguma coisa, que existe um méritocrata dando a palavra final, este "chefe" (quem tem chefe é índio) não merece ser líder. A hierarquia foi substituída pela colaboração. Ninguém quer receber ordens, você não pode dizer a eles como fazer, apenas informe que resultados você espera.



Tenho um grupo grande de amigos de uma empresa de TI (a qual não vou citar) que saíram, por causa da visão de seus líderes, para construir seu próprio negócio como startups. Eles não estavam preocupados com o quanto iriam ganhar ou com o nome da empresa no seu currículo, sua preocupação era um ambiente no qual suas idéias são valorizados, reconhecidas e aplicadas.

No momento em que as idéias não são consideradas, ou o funcionário irá te contestar ou não irá lhe falar mais nada, você será o último a saber de tudo pois o profissional sabe que se te procurar, sua opinião não será ouvida. Você sabe a quantidade de conhecimento que os seus funcionários tem e você não usa? Você sabe tudo o que ele estudou (principalmente antes de contestá-lo)?

No momento em que você afirma que seu funcionário está errado e você está certo, tenha certeza de que você pode explicar o porquê. Nunca diga "Não sei dizer, mas não acho isso legal". Não dê respostas subjetivas sobre aquilo que você não conhece (até por que seu conhecimento sobre o assunto pode ser baseado em suposições).

"Todo o homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo"
- Schopenhauer

Se você não concordar, não duvide, não humilhe, não fale na frente de outros, não tente trazer informações da internet dizendo o contrário, não faça avaliações negativas e nem fale que outra pessoa externa disse pra você que aquilo não funciona assim. Só quem tem a competência de julgar e debater são profissionais de mesma área (ou similares), e se você já leu alguma coisa sobre os assuntos, abra um debate e não uma briga (pior, é estupidez achar que seus funcionários não conversam entre si pois eles sabem de tudo o que acontece uns com os outros - e na empresa - muitas vezes mais do que você).



Seu papel como líder é gerir o projeto e não tomar as decisões finais de como ele deve ser, isto é papel de quem está abaixo de você, pois eles sabem o que é melhor, sabem como deve ser feito e como irão fazer (contribua, mas lembre-se que a palavra final não é sua).

Em algumas situações você vai ter mesmo mais conhecimento que seus funcionários (de mesma área), em outras você vai precisar contratar pessoas a nível junior ou profissionais "baratinhos" que precisam ser "consertados". Mas se você quiser os melhores do seu lado seja o melhor líder, o melhor gestor de pessoas, o melhor "planejador" de projeto, equacione com o cliente, mas não fique na frente de quem quer fazer a coisa de forma correta. A pior coisa não é o projeto sair ruim, é a sua equipe inteira debandar e te deixar sozinho.

Deixe a subjetividade para os artistas abstratos, pessoas precisam de gestão, não de opiniões vazias. Mas lembre-se que, se seu funcionário disser "- Por que é", "Não sei explicar" ou "Já li em algum lugar", isto não são respostas, não explicam nada, seu funcionário é apenas um "repetidor" do que escuta por aí. Defesas devem ter embasamento (vindo do seu funcionário ou de você).

"We are not the old workers system, we are sparks of change."
- Anônimo

Não use seu funcionário como "trampolim" para a sua carreira (ou para a sua empresa), transforme-os em colaboradores: "O sucesso normalmente vem para aqueles que estão ocupados demais para se preocupar com ele" - Henry David Thoreau. Será que você já não passou por isso com seus chefes no passado e está repetindo tudo agora que virou líder? Pense nisso. A sua equipe está gritando, você está escutando?



Leituras Importantes:
Funcionários da Geração Y
Do Your Employees Think Speaking up Is Pointless?
Why Controlling Bosses Have Unproductive Employees

"Quando você ensina um homem a odiar ou temer seu irmão, quando você ensina a ele que outros são menos do que ele por causa de crenças ou ideais que buscam, quando você ensina que aqueles que diferem dele ameaçam sua liberdade, seu emprego ou família, então este aprende a vê-los não como uma comunidade, mas como inimigos a serem confrontados, não com colaboração, mas como conquista. Para serem subjugados e dominados."
- Robert Kennedy

P.S. Não torne seu funcionário seu inimigo. Na dúvida, fale para o seu colaborador que o assunto é muito legal e que você acha que seria legal um dia ele fazer uma apresentação para a equipe. Você irá obter mais conhecimento, o restante da equipe irá respeitar mais a opinião daquele profissional (melhores decisões são tomadas em equipe) e você identificará se aquele contratado sabe mesmo do assunto ou não. No final o próprio funcionário ficará feliz de ser valorizado e poder compartilhar aquilo que sabe.

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Empatia: As Pessoas são Diferentes

domingo, abril 11, 2010

Esta semana, estava eu no consultório médico aguardando uma consulta com uma doutora a qual frequento há algum tempo, quando esta me pediu que tomasse conta de um menino de mais ou menos 7 anos cujo pai foi comprar algo fora enquanto ela terminava os exames. O menino deveria esperá-lo. Como eu não era o próximo na fila de consultas (e ela não possui secretária), fiquei tomando conta do menino na sala de espera.

Começar uma conversa com crianças nunca é fácil. Você não sabe que idade elas têm, do que gostam, e até mesmo até que ponto o seu conhecimento do mundo infantil bate com a realidade (sem mostrar uma visão estereotipada do que é ser criança nesta década, os "Millenniums").

Como eu fiquei calado durante algum tempo jogando tetris no meu celular, o garoto eventualmente parou em pé ao meu lado e ficou olhando. Não demorou muito soltou o comentário "- Caraca, manero...". Não sou desatualizado. Conheço o mercado de games e sei que meu celular não é nenhum iPhone ou PSP, portanto a primeira coisa que me passou pela cabeça foi por que aquele garoto de 7 anos achava "manero" um jogo 2D, pior que 8 bits, cujas funcionalidades são básicas e monótonas demais para entreter uma criança de "atenção dividida" no século XXI.

Imaginei que ele estava era tentando puxar conversa, pois não tinha nada mais o que fazer, daí entrei no jogo social. Perguntei se ele tinha videogame em casa. Ele comentou que tinha o Wii e o Nintendo DS, mas que jogava mais o DS (a geração "Millennium" só fala DS, sem Nintendo). Comecei então a perguntar que jogos ele tinha e inseri na conversa a minha própria experiência com games baseado no filho do meu primo (Wii) e na minha recente aquisição, o PlayStation 3 (PS3).

O menino ficou empolgado. Uma hora ele parou e falou: "- Você não parece com nenhum adulto que eu conheço!". Nessa hora me passou pela cabeça que, ou eu sou infantil demais (ou geek), ou tenho um forte interesse pelo comportamento da geração "Millennium" ao ponto de me envolver com sua cultura (sempre conversei bem com pessoas 10 anos mais velhas, então ser infantil não parecia o caso). Depois pensei em tudo que absorvi entre os 20 e 30 de idade anos e percebi que eu lembrava, mesmo que não estivesse imerso, da maioria das coisas que outras gerações, hoje com 15, 20, 25 anos, fizeram em seu tempo de criança e de pré-adolescente (hoje tenho 30 anos).

Depois da conversa de games, o menino ficou curioso sobre com o que eu trabalhava. Tentei ser didático inserindo minha função (Arquiteto de Informação) no universo de conhecimento dele. Quando falei que era designer, a primeira coisa que passou na cabeça dele foi que eu fazia personagens de games e desenhos (queria entender a âncora de conhecimento prévio que o levou a isso). Expliquei que era mais ou menos isso, que na verdade eu trabalhava com TV interativa e internet, para deixar um site mais legal de usar, bonito, etc.

Perguntei então se ele já havia visto o "i" de interatividade no Cartoon Network. Ele disse que não tinha TV a cabo em casa, mas que já tinha visto na casa da tia, mas nunca usou. Daí eu expliquei que se ele apertasse o botão vermelho do controle remoto, o Cartoon mostraria jogos, brincadeiras e outras coisas que são parecidas com as coisas que eu faço no trabalho. Ele ficou super empolgado e disse "- Muito legal! Bom saber... Quando for na minha tia eu vou tentar" (para o terror de sua tia eu não disse que é pago).

Logo depois entramos em uma conversa de desenhos do Cartoon e da Nickelodeon, Star Wars (Clone Wars 3D), Brandy e O Senhor Bigodes, Bob Esponja e outros (que eu também curto, adoro animação com roteiros bem trabalhados), e mais uma vez ele mandou: "- Caraca, você não é como os outros adultos.". Daí começamos a contorcer os dedos e as expressões faciais com aquelas brincadeiras de criança do tipo "Você consegue fazer isso?". Logo após o pai chegou e ele foi embora.

Confesso ser um viciado em informação e gostar de coisas geek, mas nunca tive o comportamento frenético de nerds e geeks que compram mídias alucinadamente, gastam rios de dinheiro em livros e brinquedos (depois de adulto) e gastam tempo demais nessas atividades de escapismo. Entretanto, minha rápida busca por informação e atualização me mantém por dentro de assuntos dos mais variados mesmo que eu não dedique um tempo considerável a me envolver com atividades que não são da minha geração, da minha classe social, do meu gênero ou cultura (por que não ouvir música alemã, ler um autor beatnik ou ver um filme de Angola?).

Isto me faz pensar em todo meu trabalho como designer de experiência e de interação, nesta empatia com "o outro" para criar produtos e serviços que realmente são necessários, que importam e com os quais as pessoas criam relações. Quando você critica os novos "Guerra nas Estrelas" e uma criança de 8 anos conhece Star Wars de trás pra frente, o filme pode não ter uma boa história, mas foi o tom ideal para uma empresa atingir públicos-alvo específicos que possuíam certa expectativa do que iriam ver, ou seja, foram criados novos consumidores por pessoas que tentaram conhecer estes consumidores e acertaram.

Sentar em uma cadeira para tomar decisões de produtos e serviços não começa com uma boa idéia, não começa com desenvolvimento, não começa com parcerias, não começa com "mão-na-massa". O surgimento de um novo produto começa com o cliente, o que você sabe sobre o cliente, como ele age, com oele se relaciona, do que ele precisa, para que ele precisa, e se ele tiver o que ele precisa, como ele acha que pode usá-lo.

Vejo startups desenvolvendo produtos e gastando dinheiro de clientes por 01 ano, 02 anos (ou mais), sem ter nada no mercado (nem mesmo um teaser), sem conhecer absolutamente nada de seu cliente final, lidando com estereótipos, arquétipos falsos daquilo que acham que o cliente final irá pensar. Isso nunca deu certo. A não ser que você seja único e seu produto muito difícil de replicar, não adianta utilizar métodos ágeis, scrum, brainstorms, teorias fantásticas e processos de gerenciamento da última moda. Seu produto será um fracasso em pouco tempo se o usuário final não entrar na jogada.

Na última pesquisa qualitativa da qual participei, todos ficaram impressionados em como as classes C e D tinham forte conhecimento de novas tecnologias. Eu já sabia disso há algum tempo por lidar com indivíduos de diferentes tipos no meu dia-a-dia e me supreendeu que outros não soubessem desta característica. O exemplo é aceitável, as pessoas não são obrigadas a passar pela minha experiência, mas estereótipos são derivados de modelos mentais cujas conclusões nunca podem ser utilizadas para desenolver um produto ou serviço, neste caso foi ótimo que outros descobrissem, de forma prática, essa novidade.

Quando Edgar Schein propôs aos seus alunos que fossem às ruas e conversassem com mendigos, prostitutas, sem-teto, travestis e qualquer outro indivíduo que fosse radicalmente diferente do que eles estavam acostumados, estes percebem a quantidade de suposições que temos a tendência de fazer sobre a vida das pessoas sem conhecê-las e o quanto isso é prejudicial se determinados nichos são o seu consumidor/usuário final (até mesmo na sua vida pessoal).

As pessoas não têm a mesma bagagem que você, não carregam as mesmas experiências, e as dificuldades que elas tem (e a forma delas interpretarem o mundo) não é sinal de burrice, ignorância, falta de educação ou qualquer outra suposição que você possa fazer sem conhecê-las (ou com "achismos"). Modelos mentais têm que ser trabalhados pois não adianta os líderes de sua empresa exigirem certas funcionalidades de seu produto/serviço, pois não conseguirão exigir que o cliente final as use. Consulte quem realmente vai usar, apague suas idéias, torne-se o outro, o diferente.

O que vejo são pessoas usando esta premissa como mantra, achando bonito, trocando artigos, elogiando empresas estrangeiras, mas nunca aplicando (na verdade, no fundo, não acreditam, pois quando alguém de fora tenta aplicar é logo censurado por questões de custo, tempo ou líderes inexperientes que se dizem experientes apenas pelo tempo e locais por que passaram). O seu líder pode ser o seu modelo, mas ele não é o seu "guru", e o certo é ele dividir as decisões com a equipe, principalmente considerando aqueles da equipe que tem um conhecimento maior sobre os assuntos em pauta.

Todos sabemos que o projeto é um ciclo que vai e volta, que gera retrabalho (refactorying), que descobre-se coisas novas a todo momento, mas se sua equipe está fazendo e refazendo muitas vezes, alguma coisa está errada, e é bem provável que o erro esteja no início de todo o projeto, principalmente nos métodos de gestão, no inicio do projeto, na ignorância de quem é o cliente (mesmo que este seja uma criança).

O primeiro passo de qualquer projeto é entender, entender o cliente que te contrata, as preocupações da sua equipe, as relações com os seus fornecedores e como tudo isso se encaixa nas necessidades de quem vai usar aquilo que você quer colocar no mercado. Não vacile, entenda as pessoas, faça grandes amigos, crie marcas de sucesso e conquiste muitos clientes felizes.

Para os que ficam frustrados com a posição de seus chefes e empresas só posso recomendar o enfrentamento, bata o pé, explique, traga coisas novas, prove, mostre por que eles estavam errados e você estava certo. Se você não provar o seu ponto-de-vista nos métodos de trabalho você já foi derrotado por aqueles que se acham "certos" (por mais errados que eles estejam).

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As Melhores Animações

segunda-feira, abril 05, 2010

Como acho que as pessoas não estão entrando muito nos meus canais do Vimeo e YouTube, decidi por postar minhas animações preferidas por aqui mesmo. Muitas são animações que ganharam o Oscar, outras são ótimos trabalhos de amadores, mas todas têm em comum a paixão por contar uma história. Sejam toscas ou vencedoras do Oscar, aproveitem, vejam e comentem. Para uma experiência melhor, espere carregar o video por completo.







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Crítica Filme: Educação

sexta-feira, março 12, 2010

Quando eu viajava para a Bahia com os amigos em época de carnaval, apesar de me sair bem, eu não tinha o mesmo desempenho que meus amigos mostravam na folia. Eles diziam que eu parecia um lorde inglês. Não por ser convencido ou pomposo, mas pelas coisas que eu conversava, jeio que falava e sendo educado demais. Talvez seja por isso que eu gosto de ver este tipo de filme, por mais que a história seja cliché.

Talvez incoscientemente eu tenha o desejo de ter nascido em uma época de inocência (nem era tanto assim) como a era vitoriana ou os anos 60 (antes da revolução sexual), e ter sido o homem pelo qual as meninas ficam fascinadas pelo estilo de vida libertário, moderno, inteligente e louco.

Por que clichés? Por que a história da menina tímida e controlada pelo pai (Alfred Molina) que se apaixona pelo homem mais velho, experiente e inconsequente já foi feita em dezenas de filmes, centenas de séries e milhares de livros. Nada é novo. A história, a ambientação, os bailes de jazz, a cultura francesa, a sociedade inglesa, as escolas rígidas, tudo está lá.

Mas o que faz do filme tão bom? Boa pergunta. O alarde feito em torno da produção não é justificado visto o que é apresentado, entretanto a atuação, figurino e fotografia tem seus méritos. Até a adaptação do roteiro ficou boa, só poderiam ter feito um "twist" melhor para que a história não fosse uma sequencia de coisas previsíveis.

Educação (An Education) é a história de Jenny, uma menina de 16 anos (intepretada por Carey Mulligan de 24 anos), que vive com o pai que insiste que ela passe para Oxford, e a mãe dividida entre apoiar os gostos da filha ou os caprichos do marido. Jenny toca violoncelo, adora música e ama francês, mas isso não irá ajudá-la a entrar em Oxford, portanto ela tem que melhorar suas notas em latim.

Após um concerto na escola onde ela toca violoncelo, Jenny conhece David, um homem mais velho do qual ela desconfia no incio, mas logo fica fascinada com seus amigos e estilo de vida. Parece que David não quer nada, apenas apreentar o mundo de verdade para a menina, mas aos poucos Jenny descobre que não é a primeira vez que ele faz isso.

Peter Sarsgaard tem aquela cara que serve tanto para galã de filme de época quanto para vilão de filme do Bruce Willis, mas apesar de sua ótima atuação, é um daqueles atores estilo Selto Mello, ou seja, não importa o personagem, é sempre o mesmo tipo de atuação, é sempre igual.

Já Carey eu não posso falar muito pois não vi muitos trabalhos dela, entretanto não há como não elogiar a "beleza inglesa" da novata, sua aparência em roupas de época e expressões de raiva e tristeza fazem com que você queria ter uma mulher assim do seu lado. Me lembra Larisa Oleynick do seriado Alex Mack.

Na minha opinião quem roubou a maioria das cenas foi Danny (Dominic Cooper) e a bela Helen (Rosamund Pike), o amigo de David e a namorada burra de Danny. Alfred Molina (a.k.a. Dr Octopus) e Emma Thompson são atores de alto escalão que foram mal aproveitados neste filme. Senti falta também de uma força "Pink Floydiana" de revolta, de luta contra o sistema escolar inglês e suas tradições e rigidez. Parece que quando seu sonho pode não dar certo, Jenny simplesmente volta a fazer o que todo mundo espera dela pedindo de joelhos para ser aceita de volta no sistema.

Isso realmente não ensina nada às novas gerações que precisam lutar contra as tradições, contra preceitos culturais que ficam arraigados nas raízes da sociedade e que nosso pais e avós (principalmente quando não têm instrução) trazem no insconsciente como se fosse lei. Você não deve se machucar, ferir os outros e se destruir, o restante tudo é válido. Não existe lei quando o objetivo é ser feliz (e se tiver que visitar Paris, por que não?).

Os cinemas do Grupo Estação nas salas de Botafogo, RJ, melhoraram seus assentos. Vale a pena conferir. Está bem melhor e mais confortável. Ah, e o cheiro de carpete dos assentos de cinemas antigos continua lá.


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O Wolverine é Exagerado?

terça-feira, março 02, 2010

Hoje na minha vida adulta já é possível,através do meu conhecimento, avaliar muitas coisas do meu passado nas quais nem pensava, ou refletia muito pouco. Sem querer parecer nerd (e já levantando a bandeira), existem alguns personagens de quadrinhos que sinceramente são difíceis de entender.

A gente compreende totalmente o fato de que é um mundo fictício, de que super-heróis não existem de verdade e ainda que os roteiristas possuem liberdade poética, mas se um personagem é estabelecido, ninguém deveria torná-lo algo além da vida, digo, algo absurdo (já pensou abrir os quadrinhos e ver O Capitão América brigando com o Coisa? Agilidade à parte, um soco do pedregoso é de matar).

Esta introdução foi feita por causa de Wolverine. Um de meus personagens preferidos na adolescência, acho que nunca houve um personagem tão "roubado" no universo Marvel e DC quanto o velho samurai. Vejamos. No inicio ele sai da cavera e luta contra o Hulk. Ele tem fator de cura, portanto sara em segundos.

O governo norte-americano, aparentemente testando o projeto Super Soldado em mutantes, transforma seus ossos em adamantium e lhe dá garras (lembra do desenho esquemático das garras nas antigas revistinhas da Abril em formatinho? Sim leitores, no incio não existiam garras de osso, o que depois foi mudado na série Origens). Wolverine portanto é o Arma X, ou seja a décima tentativado governo americano em criar um super soldado (o Capitão América portanto é o "Arma 0"?). Apenas um mutante com as habilidades de Logan (cura) poderia se tornar um soldado perfeito. E ele aceita.

Bem, o que sabemos até agora? Fator de cura, ossos de adamantium, garras e habilidades de luta. Ninguém falou em super força, em voar, em soltar raios e nem mesmo questionou-se como os ossos de adamantium absorvem o impacto (nossos ossos são porosos para isso, sabia?), nem mesmo como ele consegue andar com o peso do esqueleto, como são seus ligamentos ou como ele aguenta dor extrema sem desmaiar (lembra quando o Justiceiro metralhou a cara dele?). Será que os ossos são só folheados que nem as jóias da minha avó (afinal de contas no filme é derramado um metal líquido que era para ter derretido os antigos ossos todos...)?

Pois bem, aceitando tudo isso, por que diabos este personagem que é um humano comum com fator de cura e ossos de adamantium consegue pular de alturas absurdas, sobreviver a acidentes inimagináveis, levar um soco do Hulk ou do Homem-Aranha e manter a cabeça no lugar (conexões e ligamentos de adamantium?) ou não perder um braço?

Por que ninguém nunca separa um membro ou a cabeça de Wolverine? Se ele não tem superforça ou super-ligamentos, qualquer um mais forte seguraria o cara.

Lembre-se não há super-força, o Aranha tem a força de uma aranha de tamanho proporcional a um homem, o Capitão deve ter o dobro ou triplo, o Hulk nem se fala, mas e Logan? Pular super alto, brigar com heróis que podem lhe arrancar a cabeça? What the f*?

Na condição de humano, uma bala ou projétil qualquer que entrasse no olho ou por baixo do crânio, ou seja, áreas não protegidas pelos ossos, mataria o nervosinho na hora. Você vai dizer, mas ela fica alojada e se for retirada ele fica bom. Mas nosso cérebro não dura muito com uma bala, e se a bala ficar por mais de 10 minutos em Wolvi, é adeus ao personagem, a morte de um herói (e por que nenhum vilão pensou nisso antes?). É a mesma coisa do Homem-Aranha levar um tiro... Se Peter Parker levar um tiro, é adeus na certa.

Por isso os personagens coadjuvantes da Marvel (e o Demolidor) costumam ser melhores (vê-se Punho-de-Ferro, Nick Fury, Viúva Negra, entre outros que possuem sagas mais coerentes, sensatas dentro do próprio universo). Você não sabe a história dele, ele aparece pouco, você acredita em seus poderes e ele some. Ninguém sai por aí indo para outro planeta, lutando contra heróis "mega ultra hiper" e nem fazendo coisas impossíveis de acordo com os poderes que lhe são atribuídos.

By the way, o fato de Matt Murdock ter seus sentidos aguçados também não permitiriam pular de prédios se pendurando em mastros de bandeiras e enrolando sua corda durante a queda... Desisto dos heróis comerciais Marvel (nunca gostei de DC e li pouco a Image). Vamos dar conta do cenário independente de quadrinhos, mais sensato e mais pé-no-chão com suas próprias criações.

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Percepção e Experiência - Vernon

domingo, janeiro 10, 2010

No processo de procurar materiais que dessem uma base mais médica e psicológica ao trabalho do arquiteto de informação e do designer de interação, selecionei alguns livros de psicologia cognitiva que me oferecessem um melhor pool de arguementos assim como conhecimento do que podemos fazer, como arquitetos, ao lidar com a organização de informações, construção visual e marketing pelo conteúdo.

O primeiro livro desta lista foi Percepção e Experiência de M.D. Vernon. O livro não é novo, na verdade suas pesquisas datam da metade do século XX, entretanto boa parte de seus argumentos são interessantes e intrigantes no sentido de que nós, como humanos, temos orgãos que influenciam nossa percepção do que vemos, sentimos e como atuamos. Tenho ciência do papel da cultura (no sentido antropológico) no desenvolvimento destas experiências, mas seria ignorante de qualquer profissional não considerar que existem processos instintivos que não conseguimos controlar. E é aí que o profissional de design entra (seja ele designer, arquiteto, design thinker ou de marketing).

O objetivo do livro foi entrar no campo da percepção através da experiência considerando aprendizagem, memória, atenção, linguagem e raciocínio. Apesar de trazer uma abordagem acadêmica descrevendo diversos experimentos, Vernon elucida aspectos importantes da percepção e gestalt. Pode parecer cansativo o fato de que alguns dos temas tratados sejam relacionados a esquemas espaciais, percepção de pessoas e materiais complexos, mas têm-se uma ampla cobertura de percepção da forma, direção de atenção, constâncias, percepção de movimento, efeitos da motivação na percepção e o efeito das características de personalidade.

Processos de percepção

Primeiro é preciso entender o porquê. Vernon afirma que a forma e o movimento são integrados por processos de identificação, classificação e codificação através de esquemas perceptivos que dependem de aprendizagem, memória, atenção, raciocínio e linguagem. Isso significa que características básicas de cor, forma e movimento precisam ser sistematizadas e, além disso, processadas de forma estruturada para que o receptor da informação tenha a compreensão correta.

Na identificação o individuo perecebe as informações de acordo com a manutenção máxima de estabilidade, permanência e coerência, ou seja, todo processo de percepção considera variação e mudança e esta é interpretada baseado em modelos cognitivos pré-estuturados ou que são construídos em um processo evolutivo de aprendizado.

Alguns pontos sobre bebês

Ao atravessar blocos de informação, o individuo realiza movimentos sacádicos (movimentos rápidos dos olhos com pausa de fixação entre eles) de forma a procurar a informação formulada na construção da intenção. Apesar de não ser totalmente comprovada, esta característica foi encontrada também em bebês.

Nos experimentos com bebês, verificou-se que linhas verticais chamavam mais a atenção desta faixa etária, assim como as cores vermelho, amarelo, azul e verde, exatamente nesta ordem (o que lembra as teclas principais utilizadas nos dias hoje para controles remotos de TV interativa). Entretanto, bebês possuem um sentido exacerbado para a novidade, uma resposta orientadora que direciona o olhar e a excitação do sistema nervoso para a estimulação nova. O mesmo ocorre com a complexidade.

O que pode-se entender deste bloco é que nesta idade temos a tendência de ficarmos perplexos com a novidade, acostumar-mos com suas características, ignoramos por completo e eventualmente nos concentrarmos naquilo que é diferente. Entretanto, foi verificado que complexidade era algo importante no interesse da criança pois quanto mais complexo o objeto, o tempo de fixação visual dos bebês reduzia significativamente.

Me passou pela cabeça a pesquisa de público-alvo quando este não tem a educação, cultura e/ou conhecimento para interpretar certos constructos informacionais e visuais e ignoram elementos de interface por completo, ou desistem de utilizar um sistema inteiro. A exploração para o conhecimento e aprendizagem está associada a variedade, ao estímulo e à evolução da complexidade de forma que o modelo mental possa ser construído durante o uso do sistema e não assimilado já na porta de entrada.

A Necessidade de Humanização

A partir de certa idade a criança pretere rostos humanos a objetos, independente de sua forma, mas continuam com a curiosidade pela complexidade, pelo novo e diferente quando apresentadas a rostos deformados. Apesar de se aplicar ao mesmo processo de objetos, pode-se retirar da primeira parte da sentença anterior que a identificação com o outro, a necessidade do “ser social”, interfere na percepção e aprendizado, principalmente no interesse e motivação.

Veja a parte II deste post em alguns dias.

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Percepção do Trabalho de Arquiteto de Informação

sábado, dezembro 26, 2009

O mercado de Tecnologia de Informação (TI) brasileiro tem um problema. Este problema não é de estrangulamento, não é mercadológico, assim como não é da falta de especialização profissional. Há muito percebe-se que o foco das empresas de TI tem sido a resolução de problemas de uma forma desordenada, rápida, produtos entregues em um processo que visa mais a impressão momentânea do cliente do que a qualidade. Impressão sim, pois os bons resultados só acontecem nos primeiros dias de uso para depois serem descobertos erros básicos, muitas vezes pela falta de planejamento ou ignorância das necessidades, modelo mental e outras características do público-alvo e/ou da tarefa e regras de negócio.

O mais triste é escutar que estes erros eram previstos pois "o que o cliente percebe é a velocidade de entrega", ou seja, há um conhecimento prévio de que as coisas vão dar errado e serão refeitas diversas vezes (o famoso refactorying), o código será refeito e rearrumado, a modelagem UML refeita, o design modificado e arquitetura de informação só será avaliada com o produto pronto. Pior que depois da análise de arquitetura, você ainda irá escutar: "- Concordo, mas agora não dá para voltar atrás, não dá para refazer esta parte do código, não dá para colocar esta informação.", entre outras frases célebres que permeiam o desenvolvimento caótico onde se quer construir o sobrado da casa antes das fundações e depois sai mais caro consertar do que fazer de novo.

O mais perigoso é a má interpretação de modelos estrangeiros como Agile, Scrum e outras técnicas que, aqui, são aplicadas através de uso literal, inflexível, quase que como uma receita de bolo. Como toda receita de bolo na cozinha de um Chef, a receita ou é seguida sem reflexão, ou é alterada ao bel prazer sem se medir as consequencias. Já pude até escutar de um amigo que a metologia scrum que utilizávamos em outra empresa era "meia-boca" uma vez que na outra empresa percebeu-se que a interpretação do material de estudo não estava correta, o que gerou a criação de um próprio processo scrum interno, adaptado à dinâmica dos projetos, pessoas e empresa. O processo chamado de "meia-boca", depois de 01 ano de insistência, passou a considerar a arquitetura de informação e o design como partes essenciais do projeto, sendo que os profissionais de TI já estavam começando a compreender o efeitos destas disciplinas no sucesso dos produtos.

As características multidisciplinar de atividades como design, arquitetura de informação, ergonomia, até mesmo a arquitetura de prédios, casas e interiores, faz com que todos de fora tenham uma opinião sem terem base científica ou de mercado. contando apenas com o "achismo". Ninguém pede a um médico que coloque o coração mais para o lado direito, ou que um engenheiro civil deve colocar a coluna na lateral e não no meio do teto.

Por que para estas outras profissões há uma vontade do palpite enquanto que para outras isto não existe? Por que não há a percepção de que existem pessoas que estudaram, possuem conhecimento avançado naquelas áreas e podem elucidar e pensar problemas que você não percebe? Por que falta a percepção que isso pode significar perda de dinheiro, de público e o crescimento da concorrência?

Isto inclusive afeta o nível salarial de arquitetos e designers que em alguns casos são muito mais especializados do que alguns desenvolvedores nas empresas (ou a hora no mercado freelance). Ah, arquitetos podem ser designers, desenvolvedores, analistas, psicólogos cognitivos, ou seja, a formação básica não tem relação com a especialização, talvez apenas com o foco.

Esta introdução abre uma série de textos que irei trazer para o blog sobre arquitetura da informação que podem servir como banco de argumentos a quem trabalha com arquitetura e design. A arquitetura de informação, ao lado do design, talvez sejam as áreas mais mal-interpretadas no mercado de TI. Não sei dizer se pela falta de compreensão ou se pela visão ensinada nas faculdade e cursos de informática, mas a racionalização de processos e os "achismos" tendem a sumir com a geração de profissionais mais jovens, principalmente pela introdução da usabilidade nas faculdades de tecnologia.

Uso também este espaço para defender a engenharia. A arquitetura de informação e usabilidade se originou na engenharia de produção na ergonomia. A engenharia de usabilidade visava a análise do uso de interfaces de máquinas, tanto em displays quanto de interfaces físicas (alavancas, botões, pedais, manuseio fino, etc.). Fiz mestrado em engenharia e portanto posso afirmar que em 90% dos casos (minha experiência) os engenheiros ainda conseguem ter a cabeça mais aberta em termos de processo do que os profissionais de informática.

Os textos não visam atacar a informática brasileira visto que tenho muitos amigos, profissionais de TI, que compartilham da minha visão. O principal é trazer informações a partir de livros e artigos que li, conversas com profissionais, palestras e congressos, para que este trabalho sirva como conscientização e reflexão do porquê é tão difícil para as empresas de TI brasileiras inovar, planejar, pensar, refletir e trazer as regras de negócio e o próprio usuário para mais perto da construção dos produtos.

Roma não foi construída em um dia, e nem um sistema de sucesso será construído em dois dias, uma semana, três meses. Faça seu planejamento ser real para que qualidade real seja atingida. Não trate a arquitetura de informação e o design como etapas inúteis ou como a fase que deixará seu produto "bonitinho", pois elas talvez sejam a parte mais importante para o seu usuário e para que você consiga competir contra produtos concorrentes que vão roubar a sua idéia e melhorá-la. Arquitetura e design são justamente as etapas que você não deve tentar acelerar, fazer de qualquer jeito ou cortar do projeto.

Nota, é papel do profissinal de arquitetura de informação e do designer tornar sua documentação compreensível a qualquer profissional envolvido com o projeto, inclusive o cliente. Se materiais como wireframes, fluxos de tarefa, mapas do sistema, mapas mentais, e outros "entregáveis" não estiverem compreensíveis, exija da sua equipe ou contratado que o material seja mais esclarecedor e menos técnico, mas da mesma forma detalhado, sem perder informações por simplificação. O bom profissional é aquele que consegue explicar o que faz para uma criança de 7 anos e ela entende.

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Crítica: 2012

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Não, não foi para testar novas tecnologias, e nem para apresentar um novo clássico, 2012 é ruim. Ruim em diversos aspectos. A quantidade de clichés cinematrográficos é tão grande que chega-se ao ponto em que fica impossível contá-los ou listá-los. Fui ver 2012 no dia em que tentei ver Avatar, mas descobri que as sessões de Avatar estavam todas lotadas. Pelo marketing entorno da produção, você acaba ficando curioso para ver o que mais um filme catátrofe de Roland Emmerich pode lhe trazer.

O filme começa como todo filme blockbuster feito para o senso comum. Um grupo de cientistas, como no "Dia em que a Terra Parou" com Keanu Reeves, abre o filme descobrindo a catástrofe iminente. No início eles não acreditam, mas quando vêem que a coisa é séria tentam convencer o governo, mas ninguém acredita de primeira. Após convencê-los, por coincidência (e para acelerar o filme) há uma reunião do G8 em andamento. Agora o presidente americano pode anunciar aos líderes mundias que o mundo vai acabar, no melhor tom dos grandes pioneiros e pastores americanos, um discurso a lá Independence Day.

Segue a introdução dos personagens que criam a empatia com a história (alguém lembrou de Syd Field?). Por enquanto nada aconteceu, a não ser rachaduras nas ruas que assustadoramente perseguem os carros exatamente na direção para onde se dirigem. De repente, quando o presidente resolve falar na TV, aí sim a Terra fica zangada e começa a destruição de verdade (pô senhor presidente, que papelão!).

Nisso seguem diversas frases de impacto como "Hoje salvamos o mundo", "Hoje a humanidade se despede" e outros clichés do discurso de filmes para as massas. Milagrosamente a energia em todos os Estados Unidos não caiu, todos estão com as luzes acesas, usam seus notebooks sem economizar energia e conseguem se comunicar por celular com o mundo inteiro, mesmo sem antenas. Um viva para os satélites!

Como se sabe, o mundo não vai acabar de verdade. Os maias, por acaso, só escreveram seu calendário até 2012, mas nunca disseram que seria o fim do mundo. De repente quando Cortez (ou foi Pizarro?) chegou para destrui-los, não deu tempo de fazer 2013? A realidade é que ninguém fala de fim de mundo neste ano em específico. Tomara que não achem no futuro aquele calendário legal na caneta colorida que eu tinha quando criança, pois ele só vai até 2040!

Quando 2012 começa eu pensei estar vendo Guerra dos Mundos de Steven Spielberg, com Tom Cruise. O pai separado que tem que cuidar dos filhos nos finais de semana. A filha adora o pai mas o filho mais velho odeia. No decorrer do filme eles vêem que têm muita coisa em comum e fazem as pazes. O herói faz as pazes com a ex-esposa e todos vivem felizes para sempre pois a tragédia acabou milagrosamente.

Depois pensei peraí, não é Guerra dos Mundos, é The Cosby Show! Nada contra, o bisavô da minha mãe era afro-brasileiro casado com uma mulher branca, mas colocar todo o elenco de "líderes do filme", todos como afro-americanos? Por favor expliquem o porquê. Por causa da eleição do Obama? Não sei... Sei que é a terceira vez que vejo a cara de Danny Glover suja de pó branco (a primeira foi em Máquina Mortífera e a segunda em Predador II).

Quando fazia arte sequencial (lê-se quadrinhos), normalmente guardava uma caixa de imagens de referência para desenho de pessos e objetos. A impressão que tive ao ver 2012 é que pegaram essa caixa de referências e simplesmente usaram para fazer um filme. Lembra daquelas mesmas imagens que aparecem em todos os filmes catástrofe, por exemplo, muçulmanos rezando em Meca ao redor do cubo, multidão no Vaticano, judeus no muro das lamentações, não é brincadeira, as imagens são exatamente as mesmas em todos os filmes, para dizer que a população mundial se uniu contra a tragédia.

Agora vamos a alguns bloopers. Na India, o amigo de Adrian Helmsley estuda a movimentação das placas tectônicas com computadores altamente sofisticados enfiados em uma mina, com um pequeno ventilador branco em cima da mesa, enquanto o cientista-chefe coloca gelo nos pés! Meu Deus, os computadores têm coolers alienígenas? Como são refrigerados? E os computadores com interfaces complexas de globos em 3D que se atualizam em tempo real? Onde eles arranjam esses brinquedos maravilhosos? (citando Coringa). E na decisâo de abrir as portas, os americanos sâo os ùltimos a decidir fazer a coisa certa.

Outra coisa que me incomoda é por que o personagem de John Cusak nunca jogou na loteria federal americana. Quando o chão está desabando no último segundo o avião sobe. Quando o viaduto está caindo, no último segundo o carro passa, quando o trailer cai no buraco, no último segundo ele pula! Meu Deus cara, vai pra Las Vegas! Será que não podiam pelo menos ter disfarçado isso né? E fala a verdade, a garotinha usou fraldas no início do filme só como pretexto para fazer a piada de fechamento da produção...

Parabéns também à equipe de product placement que não tentou esconder nada. A Sony deve ter pago um dinheirão para que todos os notebooks no filme fossem Sony Vaio. Não vou nem falar do carro Bentley. Aliás, quanto a Globo pagou para aparecer no filme? Para piorar todo termo americano foi traduzido como algo "familiar" à cultura brasileira, o que soa ridículo (trocar Kumbaya por "cantar um coro"), já é tempo de estarmos familiarizados com os termos usuais dos filmes que vemos, não precisa inventar termos abrasileirados.

Filmes encomendados à parte, os efeitos especiais são muito bem feitos, é fantástico ver toda a destruição tão bem produzida pela equipe de pós-produção (com exceção dos cromaquis - fundos verdes - quando os atores estão em cena, principalmente viajando de carro, muito mal feito). Não vejo a hora de receber minha revista Cinefex para ver como foram feitas as cenas de desabamento.

O que ainda me incomoda nos efeitos de certos filmes como este e Avatar, é o uso de técnicas de renderização de radiosidade e/ou tipo v-ray que fazem com que todas as cenas de efeitos tenham um tom escurecido, acinzentado e com sombras exageradas. Você nunca vê uma cena de efeitos em campo muito aberto, muito de perto e/ou com luz do sol muito evidente. Isso iria deixar o visual de 2012 com cara de Toy Story.

Minha reclamação vai mais uma vez à equipe do Cinemark Botafogo que estava extremamente desorganizada neste dia pois não conseguiram administrar a quantidade de pessoas nas salas de cinema para ver o filme Avatar.

Poucos funcionários e medo de que pessoas entrassem em salas sem pagar fez com que fossemos enviados a porta de emergência para sair pela parte de trás das salas, sem ninguém da rede Cinemark para nos guiar pelas escadas. Tinham velhinhas nas salas com netos que estavam com dificuldade de descer as escadarias e diversas pessoas perdidas sem saber como sair no mesmo andar em que estavam. Cinemark está cada vez mais piorando os seus serviços, esta minha experiência foi péssima.


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