14º Encontro de Web Design

sábado, março 28, 2009

O 14º Encontro de Web Design no Rio de Janeiro promovido pela Arteccom ocorreu como esperado (nada de muito diferente, propagandas de patrocinadores, biscoitos de feira e sanduiches merenda escolar, me perdoem Arteccom, culpa do buffet), mas como sempre trouxe ótimas palestras de figuras conhecidas no meio do design (apesar de que, sinto falta das palestras internacionais que existiam nas primeiras edições do evento). Os dois primeiros palestrantes, Julius (Taschen) e Zeh Fernando (Firstborn), não tinham muita presença de palco e estavam bem acanhados (o primeiro com gestos dignos do livro "O Corpo Fala"(PDF) e o segundo falando rápido demais), mas isso não tirou o mérito e o valor das ótimas explanações. Destaque para Cristiane Dalmati à frente do direcionamento das palestras.

Nada deste post foi gravado em video ou áudio, estou escrevendo tudo de minhas recordações e textos escritos no celular... (atenção Arteccom, faltou material naquela sacolinha... cadê meu bloquinho e caneta para anotar? ah, sacolas plásticas já não são mais usadas na Alemanha pois fazem mal ao meio-ambiente, pergunta só pro Gil...). Antes de apresentar as palestras quero comentar mais algumas coisas.

A lanchonete do Centro de Convenções Sul América é um absurdo de caro... Até um pacotinho de chiclete Trident custava mais de 200% a mais do que em lojas comuns. A região do Centro Sul América é um pouco perigosa depois de certa hora e, ainda de dia, o segurança do local estava nos avisando de roubo de carros na região (preferiria na UERJ...). O Norte Grill, apesar da boa comida, tem atendimento ruim, é mal organizado, apertado demais, confuso e "atrapalhado".

A Arteccom mudou o nome do evento após esta edição no Rio de Janeiro (não entendo o porquê) para EDTED (Encontro de Design e Tecnologia Digital) e unificou os websites dos eventos que antes da edição Rio eram duas coisas distintas. Claro que esse nome favorece o marketing em cima dos dois eventos, mas achei desnecessário... Agora vamos às palestras do dia 28/03/2009!

Julius Wiedemann

Julius Wiedemann, para quem não sabe, é o responsável por diversos títulos de design e artes da editora alemã Taschen e é brasileríssimo, carioca. É um daqueles caras que você fala:"- Na foto parecia mais alto!", mas seu conhecimento de artes e novas mídias é invejável. Sua apresentação teve como elemento ilustrativo as imagens de um livro recente da Taschen chamado The Circus: 1870-1950.

Os circos, carnivales, parques itinerantes, sideshows e Volksfest (festa do povo em alemão), traziam para pequenos locais espalhados pelo mundo (principalmente europa e EUA), as novidades, o entretenimento exótico, o fora do comum, coisas que despertam a curiosidade. Julius traçou um paralelo desta descoberta humana do inicio do século XX com o jeito cativante dos produtos de entretenimento nas novas mídias. Naquela época navegadores e exploradores viajavam pelo mundo para encontrar coisas novas (naquela época até gorilas, elefantes e hipopótamos eram estranhos e surpeendentes), hoje a tarefa de surpreender é papel do profissional criativo.

O profissional criativo tem que pensar que as mídias interativas são feitas por pessoas, e a maior dificuldade é pensar como passar a experiência de envolvimento com o mundo físico para a internet, tv interativa, ou seja lá qual for a sua mídia. O bom profissional pensa em interatividade além da web, além do que a internet e demais tecnologias representam. As mudanças são rápidas e não perdoam ninguém que se abraça a velhos conceitos ou não entendem essas novas formas de se comunicar.

Julius fez muitas citações relacionadas à área criativa como Marcelo Tas ("a maior banda larga para o ator é o teatro"), Ajaz Ahmed (Akqa), agência Firstborn, agência Fantasy Interactive e os relatórios da Nielsen Media Research.



Zeh Fernando

Zeh é uma "figuraça". Um "jovem velho" com cara e roupas de garoto que parece que colocou o dedo na tomada. Sua oratória é mais rápida do que muitos cérebros conseguem processar, mas creio isto ser normal em pessoas de grande conhecimento (eu nem tenho tanto assim e às vezes penso mais rápido do que falo e minhas palavras se atropelam). Zeh é um freelance trabalhando em estilo Home Office (acho) para a Firstborn em Nova York e residindo em São Paulo. Na verdade Zeh não é designer, mas sim um grande Flash Developer que trabalhou em pedaços de grandes projetos internacionais para firmas que, seguindo a linha dos games atuais, estão transformando websites em grandes produções hollywoodianas com atores famosos, animatronics, diretores, etc.

Zeh tratou basicamente das Rich Internet Applications, também conhecidas como RIA e de cases da Firstborn. A questão é, quando aplicar as interfaces ricas? A internet deixou de ser um simples dicionário onde termos são buscados , conteúdos escritos e informações acolhidas. Para que seu usuário gaste mais de 1 minuto no seu site e fixe a sua marca na cabeça, é necessário mais do que um simples site com "quem somos, nossos produtos e contato", precisa-se transformar a mídia em uma experiência onde o tempo gasto sirva não só para lembrar da marca mas também para se transformar em viral por si próprio. Afinal de contas, apesar de todo mundo apertar "skip intro" (todo mundo meeeesmo), estes ainda querem ver algo inovador.

Na era dos MSNs, Delicious e Twitter, ninguém mais vai cair nas velhas fórmulas da interatividade entre individuos convidando amigos pelo seu website ou recorrendo a antigo padrões de comportamento para compartilhar informações. A navegação hoje é cooperativa, acontece em tempo real e utiliza multi-ferramentas. Nem mesmo as campanhas virais conseguem "congelar" as tradições. Zeh Fernando citou ainda o Middle Finger Pub da Gringo, a campanha Let Your Worries Go da Northwestern Mutual, a agência Tribal DDB e Eric Eng.

Luis Marcelo Mendes

Luis Marcelo da Tecnopop também parece meio louco (mas qual artista não é?). Apesar de ninguém chegar aos pés de Mr. Radfharer, Luis também consegue combinar de forma envolvente conteúdo, palco e humor. Seu tema foi como entreter um entertainer, ou seja, como produzir um trabalho para outro artista (seja ele artista ou não), mas não foi só isso. A moral da palestra de Luis é que, muitas vezes o cliente vai saber o que é melhor para ele de forma mais sensata do que você, do que todas aquelas coisas que você acha inovadoras, estratégicas e ideais. Apesar de parecer, não existe o óbvio, é preciso ter feeling para entender o que o cliente precisa e não aquilo que você ou ele querem para o produto.

Em outra linha, o mais comum é uma banalização do trabalho por parte dos clientes, pois na verdade eles não têm a minima noção do campo com o qual estão lidando. Suas informações sobre arte, marketing ou publicidade são superficiais (mas ele não sabe disso) e então vêm com uma imagem bem clara de como os sites e campanhas devem ser para o seu mercado. Ao te passarem o briefing, a primeira frase será: "- Quero um design manero, chocante...mas bem simplisinho. Parecido com esses sites aqui que eu vi ontem.". E aí você fica sem entender o que ele quer (que nem ele entende), o que acaba gerando retrabalhos (conhecido na engenharia de software como refactoring), coisas cortadas do projeto original (ou pior, adicionadas) e uma dor de cabeça colossal pois algumas coisas não foram previstas em contrato.

A idéia é, compreenda o que o cliente precisa, entenda sua forma de pensar, deixe claro e traçe a forma como o cérebro do seu cliente funciona, e acima de tudo, "kiss" (keep it simple stupid!) e "kill your darlings" (mate o que é querido mas desnecessário).

Gil Giardelli

A palestra do Gil Giardelli foi algo mais filosófico sobre ética profissional, ser mais humano, unir as pessoas (redes sociais, .comunicação e sharing), ajudar o próximo e viver em um cyberespaço onde as ruas não tem nome, apenas as pessoas importam. Apesar de falar pouco sobre web design, não deixou de ser, na minha opinião, a 2ª melhor palestra do dia (a 1ª foi a do Cassano, páreo a páreo com o Luis Marcelo). Gil falou sobre como as redes sociais estão permitindo uma nova consciência, uma nova forma de pensar, algo que era inimaginável a alguns anos atrás: a inovação coletiva: "Você é aquilo que compartilha".

"Ciência é o que o pai ensina para o filho, e tecnologia é o que o filho ensina para o pai.". Ninguém acrditava que isso fosse acontecer. Um dado importante é que muitos cientistas afirmavam que as pessoas não conseguiriam ter mais de 140 relacionamentos simultâneos devido a capacidade do cérebro em processar tal rede social. Hoje os jovens têm mais de 1.000 e sabem exatamente quem são e o papel destes individuos em suas vidas. Se os visionários das novas midias nunca tivessem tentado, nós nunca estaríamos onde estamos... o exemplo de Gil foi alfaiate Mr. Reisfeldt (1867-1911), o home que morreu na torre Eiffel tentando voar como os pássaros.

Eu não tenho muito mais o que falar da palestra pois acho que as imagens, videos e websites apresentados durante a exposição falaram por si só. O que deixo aqui no blog é uma relação das coisas citadas por este grande profissional. Mais pode ser encontrado no blog do próprio Gil Giardelli nos endereços à seguir.

Blog do Gil: http://gilgiardelli.wordpress.com/
Relightny: http://www.relightny.com/
The Point: http://www.thepoint.com/
Whatever: http://www.whatever.com.sg/
Huffington Post: http://www.huffingtonpost.com/
Motoboys Zexe: http://www.zexe.net/
Tag Galaxy: http://taggalaxy.de/
Eco Bounty: http://gilgiardelli.wordpress.com/2009/03/10/eco/
Velib: http://www.velib.paris.fr/
Coletivu: http://www.coletivu.com.br/
Green Map System: http://www.greenmap.org/
Planet Ark: http://www.planetark.org/
We Can Solve It: http://www.wecansolveit.org/
Nós que Aqui Estamos: Filme
Ideo: http://www.ideo.com/
Advertka: http://www.advertka.ru/
Video da baleia: YouTube



Roberto Cassano

"Todo jornalista pensa que é Deus e todo publicitário acha que é o Criador". Roberto Cassano tem um jeitão nerd, mas não se engane. Você está escutando um profissional articulado que sabe do que está falando. Profissional da Agência Frog, Roberto trouxe aos nossos olhos a premissa de que não devemos "pular carniça com um unicórnio", ou seja, é besteira brigar contra algo que já está tão irraigado no cotidiano. Cassano fez uma breve apresentação de sua experiência a partir de 10 aspectos que aprendera trabalhando com marketing de redes sociais.

A internet não é mídia de massa pois não tem um local específico em que todos estejam focados (não existe uma Meca digital). Os individuos se reúnem por que pessoas confiam em pessoas, portanto o que vale mais é o quanto você ou a sua empresa está na voz do povo. É o chamado "briefing invertido". Se antes a empresa ia até as pessoas para construir estratégias e necessidades, hoje o povo vai até as empresas dizer: "- É isso que eu quero, não aquilo que você está me oferecendo..." É como diz Nepomuceno: "- Deixe as abelhas fazendo o mel". Faça com que seus consumidores e clientes sejam os próprios porta-vozes de sua campanha, do seu produto, das suas criações. 1% de conteúdo da Internet é original e 4% de conteúdo da Internet é replicado, portanto faça com que repliquem a sua divulgação..

A marca tem que descer do palco e perceber um antigo ditado de que o cliente deve estar em primeiro lugar (até por que nas redes sociais, quem está em último lugar é a sua empresa atrasada e mal falada). Outro ponto importante é não ignorar que existem concorrentes e que hoje há uma gama de serviços baratos ou gratuitos para que a concorrência "coma viva" as empresas que ignorarem as novas mídias e encararem elas de forma correta e não do ponto de vista do sobrinho ou do profissional barato. O conhecimento e a estratégia é que difere o bom profissional e o sobrinho.

Quando o MTV Movie Awards chama o Tom do MySpace para apresentar um prêmio afirmando que este é o primeiro amigo de todo mundo, você vê que alguma coisa está mudando. Quando Barack Obama chama um garoto de 23 anos para dirigir sua campanha e este contrata 80 jovens criativos para criar um campanha online, você vê que algo está mudando. Como afirmou Julius, na Inglaterra em 2011 a economia dita criativa irá superar a economia capital de forma avassaladora. Afinal, como todos sabemos, os profissionais de áreas criativas e de informática são os que mais se atualizam no mundo.

Informe-se também sobre a lei de Cibercrimes que estão querendo implantar no Brasil. Estão quase tirando a nossa liberdade na internet impedindo que as redes sociais se proliferem. Não deixe isso acontecer! Estas leis são feitas por pessoas que não sabem mais lidar com o mundo novo e por isso querem encontrar desculpas para não reprimir o que realmente devem. Lembrem-se que o poder pode estar conosco, mas a caneta está lá em cima... Alguns links oferecidos por Cassano que você vai gostar de ver:

Agência NBS: http://nbscom.com.br/
Blog da Evangelista: http://aevangelista.wordpress.com/
Womma (organização de marketing viral): http://www.womma.org/
Livro "Start up": Start up
Livro "A Cabeça de Steve Jobs": A Cabeça de Seteve Jobs
Livro da Diablo Cody (escritora do filme Juno): Minha Vida de Stripper
Documentário Palavra Encantada: http://www.palavraencantada.com.br/
Blog do Cassano: http://www.cassano.com.br/

Mesa Redonda


A mesa redonda terminou com algumas coisas interssantes. A experiência fornecida pela sua marca, pelo seu site, pela sua forma de comunicação, vale mais do que qualquer ação, afinal, a indústria musical achava que vendia CDs quando na verdade vendia música. O que se denota hoje é a decisão shaekespeariana de ser ou parecer, eis a questão.

Quando você vê o Miojo da Nissin escrito bem grande "ZERO" na sua embalagem para atrair consumidores desavisados de que aquilo não são zero calorias, ou um profissional da Marketing Vision fazendo campanha de cerveja incentivado o comérico ilegal e afirmando que consultou a prefeitura e fez tudo dentro da lei (disse claramente, se a gente não fizer outro vai fazer), começamos a nos perguntar, onde está a ética profissional, onde está a voz do designer e demais profissionais criativos em dizer ao cliente que não concorda com aquilo?

É papel do profissional criativo fazer com que o povo tenha mais consciência e não se entregue apenas ao pão e circo... É nosso objetivo tornar o mundo melhor através das redes sociais e não utilizar o nosso poder de influência para manter tradições, preconceitos, problemas sociais, problemas ambientais, entre outros. Use e abuse das redes sociais! Use de forma consciente!

Um comentário:

Robo In disse...

Olá,

Gostei muito do blog ref. a tecnologias, dei uma lida em algumas máterias e realmente são ótimas.
Enfim, eu faço Jornalismo, e meu blog é um trabalho ref. a tecnologia, e as consequências dela no mercado, junto com a crise e globalização.
Eu e meu grupo estamos "ajeitando" ele.
Gostaria de linkar vocês e caso fosse possível de você nós linkar Tambem.

www.roboin.blogspot.com

Obrigada,
Roboin - Juliana Isaias

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