O Cabelo de Louise Brooks

domingo, novembro 25, 2007

Para quem anda me perguntando quem é a mulher da imagem de fundo deste Blog, seu nome é Louise Brooks, atriz do cinema mudo americano, na época em que personalidades como Rodolfo (Rudolph) Valentino e Greta Garbo lotavam salas de cinema. Louise Brooks é um ícone do século XX, e seu cabelo uma marca.

A americana nascida no Kansas em 1906 foi bailarina nos musicais de Ziegfeld e estrelou 24 filmes entre 1925 e 1938. Neste período foi uma das atrizes mais famosas do mundo, sendo o seu filme mais famoso A Caixa de Pandora. Realizado na Alemanha em 1929 por G.W.Pabst, A Caixa de Pandora mostra a sensual Lulu (Louise) que se apaixona por uma Condessa (Garbo). Diz-se que nesse período Louise teve um caso com Greta Barbo. O filme foi um fracasso de bilheteria tanto na Alemanha quanto nos EUA, onde a interpretação de Louise foi considerada fraca por ser natural demais. Hoje é um dos maiores clássicos do cinema mudo.

Louise decidiu investir em sua carreira européia, mas realizou apenas outros dois filmes com Pabst e René Clair. Na sua volta para casa Hollywood a desprezou renegando-a a pequenos papéis em filmes B. Após anos de ostracismo e quase pobre, a bela e inteligente Brooks tornou-se escritora, escrevendo artigos nos anos 50, 60 e 70 para várias revistas de cinema. Em 1982 lançou o best seller Lulu em Hollywood, pouco antes de sua morte em 1985 na cidade de Rochester, Nova York.

Ultimamente, com seus filmes restaurados e lançados em DVD, com especiais na TV sobre sua vida e trabalho, e sites da Internet dedicados à ela, existe uma clara tentativa de reencontrar a magia e o fascínio que ela exerceu como nenhuma outra atriz do cinema. Talvez ela esteja finalmente começando a receber o merecido crédito por sua carreira e por sua coragem em ter sido a primeira mulher a desafiar os tubarões de Hollywood.

Louise é uma das minhas atrizes favoritas na história do cinema ao lado de Bettie Page, Lauren Bacall, Romy Schneider, e mais recentes como Zooey Deschanel, Chloe Sevigny e Jena Malone. O perfil de Louise é o símbolo da distribuidora brasileira Pandora Filmes (veja o link ao lado), e a banda OMD gravou em 1991 (inicio da minha adolescência) um vídeo inspirado em Louise Brooks onde estão diversas cenas extraídas do filme Pandora's Box.

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Crítica: Leões e Cordeiros

sexta-feira, novembro 23, 2007

Uma pena que os bobões que frequentam cinema só por causa de propaganda e passatempo nem verão este filme. Nós sempre desconfiamos um pouco quando um ator resolve sentar na cadeira de diretor e começar uma carreira por trás das câmeras. Porém, muitos provaram que esta idéia errônea não se aplica em alguns casos. Robert Redford, Clint Eastwood (Cartas de Iwo Jima e Conquista da Honra), Sylvester Stallone e até alguns mais recentes como Zachary Braff (da série Scrubs, diretor de Garden State - Hora de Voltar), fizeram ótimas películas renovando o verdadeiro cinema, indo contra os clichês e fórmulas de fácil assimilação de Hollywood.

Durante o tempo do filme, 3 histórias acontecem em paralelo mostrando a hipocrisia, o descaso e a falta de engajamento da sociedade em geral, políticos, estudantes, professores e do povo. Não é o político o responsável pelo mal, pelas escolhas erradas, a falta de visão social do povo e a distorção e afastamento da realidade é a culpada pela condição do mundo.

A primeira história trata de um aluno inadimplente que insiste em faltar aulas mesmo tirando notas altíssimas nas provas. O professor (Robert Redford) dá uma lição de moral, mostrando não só sua preocupação com o aluno, mas a sua revolta com a banalização, com a forma como o estudante trata os acontecimentos do mundo e de seu país. A segunda história é uma jornalista (Meryl Streep) que revisita os seus valores e do jornal onde trabalha, após falar com um senador (Tom Cruise) responsável por ofensivas militares no Afeganistão. A terceira história são dois alunos do professor interpretado por Redford que por sua condição de "Outsiders" em uma universidade de estudantes ricos e brancos, se alistam no exército para mostrar que se importam, acabando ambos no Afeganistão.

Me surpreendi com este filme. Não chega aos pés de Todos os Homens do Presidente (além de ser totalmente ficcional) nem de Os 13 Dias que Abalaram o Mundo ou JFK, mas possui boas tiradas, partes para refletir e discutir e ainda, não insere no conteúdo da filmagem nenhum clichê barato de Hollywood como fez Babel, Crash ou Traffic (você sabe, clichês sobre ricos, pobres, preconceito, descaso, etc.). O fim não tenta explicar o filme, o que foi ótimo para o tema pois deixa ao espectador tirar suas próprias conclusões sobre: Qual a razão para viver? Qual a razão para morrer? Qual a razão para lutar? Qual a razão para resistir? ("quotando" o filme)

Vale a pena, não perca Leões e Cordeiros (Lions for Lambs) da 20th Century Fox, um filme bom entre tantas porcarias no cinema ultimamente. Aproveite enquanto pode, pois 2008 promete ser o pior ano do cinema nesta década por causa da greve de roteiristas (em andamento), atores e diretores (ano que vem). Para maiores informaçoes sobre a greve consultem os links ao lado sobre o Writers' Guild. Abraços a todos, keep the faith in the big screen!

Site oficial: http://www.lionsforlambsmovie.com

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