Crítica: Casamento de Rachel

domingo, fevereiro 22, 2009

Como já disse no post anterior, fico impressionado com a flexibilidade de alguns atores americanos. Anne Hathaway me surpreende a cada nova investida. Confesso que a alguns anos atrás eu tinha preconceito contra a atriz por causa de filmes como Diário da Princesa, entre outros filmes comédia romântica e comédia pastelão, mas Anne consegue fazer todos os filmes que ela quer, sabendo exatamente o grau de profissionalismo que cada obra necessita.

O Casamento de Rachel (Rachel's Getting Married) é mais um daqueles filmes americanos de fazer chorar e de mostrar união entre pessoas diferentes (o que já é um chavão depois de filmes como Traffic, entre outros), mas não tenta esconder esta abordagem no meio da história como a maioria dos filmes faz. A intenção de mostrar a diferença entre as pessoas é clara, explícita, e vai desde a cor da pele até os problemas de comportamento (drogas, álcool, tristeza, depressão, etc), tipos de música, danças, raças, etc. Este quadro no filme nunca é camuflado pelo roteiro. Este é um filme de longas tomadas que poderia até ter sido feito dentro das regras do dogma dinamarquês (se você não contar as cenas externas).

Na verdade o filme não é sobre Rachel, mas sobre Kym, sua irmã mais nova. Kym sai temporariamente de um centro de reabilitação para viciados (drogas e álcool) no mesmo dia em que começam os preparativos para o casamento de sua irmã. Kym está totalmente recuperada, mas o pai a superprotege, a irmã não acredita na sua recuperação (apesar de ser seu maior suporte emocional) e os amigos de Rachel se sentem desconfortáveis com Kym. Kym percebe tudo isso e tem que lidar com as pessoas da mesma forma que precisa processar a morte do irmão mais novo em um acidente que eles sofreram quando Kym estava alta (do inglês "high").

Como a casa fica em uma cidade distante do grande centro, todos os amigos de Rachel estão por lá preparando a festa. Rachel vai casar com um afro-americano descendente de jamaicanos, seus amigos são hippies, ricos, pobres, chineses, jamaicanos, brasileiros, e tudo mais que você possa imaginar. Na festa de Rachel escuta-se hip hop, reaggae, samba (hilário ver Anne dançando samba), jazz, rock antigo (Neil Young rules!) e música indiana (inclusive toda a temática da decoração é indiana mesmo o casal não seguindo nenhuma religião).

Mais do que um filme, é uma promessa de uma nova sociedade, uma metáfora da compressão entre os tipos, raças, povos, orientação sexual, idades, religiões, comportamentos "anti-sociais"? Não importa. O que importa é compreender que somos humanos e precisamos de todo apoio possível das pessoas a nossa volta para entermos a nós mesmos e superarmos obstáculos. É mais fácil julgar do que entender, condenar do que ajudar. Kym parece ser a única que compreende isso no inicio do filme e luta para explicar para todos como é se sentir rejeitada.

É como sempre digo, se as suas 2 horas no cinema não serviram para aprender nada, você jogou seu dinheiro fora. Veja Casameto de Rachel com estes olhos e você já terá aproveitado 90% do filme. Não deixe de perceber também a incrível interpretação de Debra Winger como a mãe de Kym.

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