Crítica: Milk, Voz da Igualdade

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Mesmo se você se diz simpatizante, para ver Milk - A Voz da Igualdade é preciso estar livre de preconceitos e abraçar a causa do filme. Eu não sou gay, mas sei que quando muitas pessoas dizem que não se importam, por trás há um verdadeiro medo e às vezes asco de presenciar situações românticas (mesmo que leves) entre pessoas do mesmo sexo. Na época de Harvey Milk isto era muito pior. Milk foi perseguido para depois ser adorado na sua vizinhança e cada vez que ele crescia politicamente no país, precisava agradar mais gente para continuar à frente de suas idéias.

O filme Milk - A Voz da Igualdade conta a história de Harvey Milk, seu encontro com suas paixões, tanto românticas quanto políticas. Harvey se muda para uma pequena rua de São Francisco para abrir uma loja de fotografia. No principio ele tem problemas com a vizinhança e com a policia, mas logo passa a ser adorado por atrair grande parte do público gay de São Francisco para comprar no comércio local. As ambições politicas de Milk vão crescendo até que ele se candidata diversas vezes ao cargo de supervisor municipal até vencer. No cargo Milk luta pelos direitos civis dos gays e confronta Anita Bryant e John Briggs em diversas ocasiões até ser assassinado ao lado do prefeito Moscone, por um de seus colegas de trabalho que vê sua carreira política arruinada pela força de Milk junto aos eleitores.

Os maiores opositores de Milk durante sua ascensão foram Anita Jane Bryant e John Briggs. Anita, uma ex-cantora, foi uma das maiores ativistas contra os direitos dos homossexuais enquanto Briggs, trazia a Proposição 6, algo como o AI5 gay, o que retiraria direitos civis de pessoas que fossem abertamente homossexuais, inclusive "bisbilhotando" a vida de "enrustidos" e simpatizantes para descobrir suas inclinações. Um McCarthismo ao público GLS. Hoje Anita Bryant é um grande fracasso na vida enquanto Briggs teve mais sorte, porém é um defensor de causas polêmicas como energia nuclear e pena de morte.

O problema do mundo é que só não abre os olhos quem não quer. É como Sean Penn disse na noite do Oscar, se você vota contra os direitos civis do público GLS, seus netos e bisnetos provavelmente terão vergonha de você. O mundo está mudando e está na hora de esquecermos o que é cultural ou socialmente imposto para reavaliarmos a ética, o certo e o errado. Deus faz 10 mandamentos e o homem inventa 500, uma sociedade indiana aceita e no ocidente não, pare para se perguntar se alguém morre por causa disso, como isso afeta a sua vida. Se a sua defesa for somente cultural/social, você provavelmente está errado. Imposições culturais e sociais não são sinônimos de ética.

Você com certeza vai sair do filme revendo seus valores e com vontade de lutar, não pelos direitos gays, mas os direitos de qualquer pessoa seja ela gay, afro, asiática, branca, idosa, criança, mulher, homem, qualquer um. Todos merecem respeito, consideração e compreensão. Mickey Rourke foi muito bom em O Lutador e não ganhou nada por ele, apenas porcentagem dos lucros, mas a interpretação de Sean Penn é que realmente pode mudar os seus valores sobre o universo GLS. Não é a toa que nos Oscars Robert DeNiro perguntou a Sean Penn como ele havia conseguido tantos trabalhos como "straight" (hetero).

Interessante a semelhança dos atores com os personagens reais do filme. Emile Hirsch está irreconhecível como Cleve Jones e mostra mais uma vez por que filmes como Na Natureza Selvagem, Meninos de Deus, entre outros, fizeram tanto sucesso (só não entendo Speed Racer). Josh Brolin (ex-Goonies) participa de Milk como o político que mata Milk. James Franco também trabalhou muito bem, mas acho que há uma tentativa ridícula dos atores hoje emdia de tentar se promover interpretando personagens homossexuais no cinema. Claro que se eles não aceitassem outros iriam aceitar, mas o problema não são os atores e sim a academia.

Um comentário:

Guilherme disse...

cara, pode postar com os créditos sim.
Abraço.

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