Crítica: O Leitor

domingo, fevereiro 22, 2009

Nesta louca corrida para tentar ver todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar, consegui ver mais dois filmes hoje no cinema, O Lutador e O Leitor. Vou começar pelo O Leitor pois as informações estão mais frescas na cabeça. O Leitor é um filme da Weistein Company, baseado no livro alemão Der Vorleser escrito pelo professor e juiz Bernhard Schlink. O filme na verdade é a narração de um pai para sua filha, apresentando-a à história de amor que ele viveu quando garoto.

O Leitor é mais uma obra do diretor de Billy Elliot e As Horas, e trata da relação entre um adolescente e uma mulher mais velha no período posterior à segunda grande guerra. O menino tem sua primeira experiência com o sexo oposto na casa de Hanna e mantém esta relação viva até que Hanna some de repente. O filme parece que irá tratar deste relacionamento durante as duas horas de projeção, mas lá pelo meio tudo mudo e o foco já não é mais a relação menino e mulher. Se eu contar o porquê, acabo estragando a surpresa (o video abaixo já estraga), mas o restante do filme é sobre lembranças, memórias, de quem é a culpa e no que se deve acreditar.

Não siga adiante se não quiser estragar sua sessão SPOILERS! O filme levanta um assunto polêmico que ocorre até hoje em diversas situações que envolvem crimes em massa, ou seja, de quem é a culpa? Os soldados alemães eram culpados por executar ordens ou terem medo de serem executados se as tarefas não fossem cumpridas? O povo alemão é culpado por ficar calado e não fazer nada contra o governo autoritário? Os judeus estão certos de até hoje exigirem compensação monetária dos povos anglo-saxões que criaram a guerra? (questão levantada pela sobrevivente no final do filme " - Não quero o dinheiro pois este significa absolvição...") Dificil responder.

Trata-se da interpretação do certo e do errado, daquilo que fazemos por que somos mandados, influenciados, seduzidos, e nem sempre conseguimos ter controle de nossos atos. Como julgar algo assim? Como julgar o comportamento humano sem considerar as milhares de variáveis que moldam a estrutura psicológica de um corpo feito de carne e pensamentos? Creio que a Alemanha sofra deste arrependimento até hoje, pois sei que meus amigos alemães não gostam muito de conversar sobre história... Seus avós eram culpados pelo mal do governo?

Assim como aqueles filmes em que os mortos nos rodeiam tentando resolver um problema para descansar em paz, Michael Berg também precisa "exorcizar os seus demônios" depois de adulto, retomando contato com sua paixão de adolescente. Isto traz o espectador para mais perto da história pois todos nós temos assuntos mal resolvidos que é provável iremos carregar pela vida toda por que temos medo de enfrentar nossos "demônios interiores".

Com excessão do passado, o restante do filme não é apresentado em ordem cronológica. A filha de Michael aparece pequena e grande em diversas situações. Creio que esta foi uma tentativa de mostrar que a muito tempo o pai queria revelar aquela história para ela mas nunca tinha coragem...

Particularmente não gosto de filmes americanos/ingleses que se passam na Alemanha e todos os alemães falam inglês, mas foi interessante ver que diversos atores alemães famosos estiveram presentes neste filme, a contar Volker Bruch (Barão Vermelho, 2008), Bruno Ganz (A Queda, 2004), Karoline Herfurth (Meninas não Choram, 2002), Fabian Busch (Aprendendo a Mentir, 2003) e Alexandra Maria Lara (A Queda, 2004). Nota, a maquiagem do filme deixa muito a desejar... Dá pra ver claramente que as pessoas não são velhas de verdade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Este foi o único que não vi entre os que concorreram a melhor filme. Mas ir ao cinema pra ver filme dublado em espanhol até desanima.

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