Crítica: Nova York Eu te Amo

segunda-feira, dezembro 21, 2009

É cada vez mais difícil ver um filme no Grupo Estação uma vez que a maioria dos filmes só são lançados nos cinemas cariocas com grande atraso em relação ao mercado estrangeiro, o que acaba me levando a ver os filmes com antecedência de outras formas (nada de pirataria por favor, há outros meios de ver filmes inéditos no Brasil). Quando falo atraso, são grandes atrasos, meses. Mas hoje tive a sorte de ver um filme que há muito esperava, "Nova York, Eu Te Amo" (New York, I Love You, 2009).

O filme faz parte de um projeto do francês Emmanuel Benbihy entitulado "Cities of Love", e já teve seu primeiro título em "Paris, Eu Te Amo" (Paris, je t'aime). Inclusive haverá o "Rio, Eu Te Amo", no mesmo estilo (confira: http://www.omelete.com.br/Rio_Eu_Te_Amo), pequenas histórias de amor (no sentido de afeto e não necessariamente romance), interligadas pela vontade humana de fazer parte da vida do outro, de ser aceito, de manter a felicidade e fazer a coisa certa (mesmo quando se faz as coisas erradas).

O filme lembra diversos filmes de "contos da cidade", muitos inclusive recentes, onde os personagens não se conhecem mas de alguma forma possuem ligações e aos poucos percebem como até um enconto casual pode mudar a vida de quem conversa conosco por 2 minutos, mesmo sem nunca nos tornarmos íntimos. É talvez um novo gênero, digo, um gênero antigo que se firma no ideal cult de Hollywood (onde mais você conseguiria juntar tantos atores talentosos? Em 2012? Não creio...).

Todos os pequenos trechos são excelentes, mas me emocionou mais o garoto no baile de formatura, a conversa entre a judia e o indiano, e ainda o casal de velhinhos. Outro episódio com Hayden Christensen mostra que em NY, você sempre vai achar alguém melhor que você. Já a judia interpretada por Natalie Portman, junto ao indiano Irrfan Khan (Natalie é israelense de verdade) mostra as diferenças entre pessoas, entre culturas, as perguntas dos porquês e ao mesmo tempo a aceitação das tradições com um sorriso no rosto. Acho que esta é a melhor definição de Nova York, um local onde as culturas se entendem e onde tudo pode acontecer.

O melhor deste estilo não são apenas as mensagens, mas a aula de teatro que faria Stella Adler e Stanislavski sorrir em suas tumbas (pardon Lovecraft), uma aula de interpretação e um exercicio e respiro mais do que merecido para alguns atores que são obrigados a fazer filmes para o senso comum (de vez em quando), para sobreviver ao seu estilo de vida. Você pode ver a lista de atores no IMDB (http://www.imdb.com/NY) .

Destaco a linda e doce Blake Lively no papel da menina deficiente e a linda, inteligente e talentosa Natalie Portman. Esses elogios não são de fã e nem despropositados, Natalie pula de um blockbuster a um filme de arte, da atuação a direção, de ensaios fotográficos da alta costura à cabeça raspada em V de Vingança, da conversa boba e besteirol para a seriedade da psicologia que aprendeu em Harvard. Se encontrarem uma "Natalie" no Brasil por favor me apresentem. Frau Portman inclusive dirige um dos episódios de "Nova York, Eu Te Amo". Não jogaria fora também Emily blunt, minha nova Zooey Deschanel.

Quem está muito em alta agora, além de Shia LeBouf, é Anton Yelchin. Depois de Chekov em "Star Trek" e Kyle Reese em "Exterminador, A Salvação", Anton entra em mais um filme destaque da temporada.

Mais elogios e gratidão vão também a Anthony Minghella pelos grandes filmes e por um dos episódios mais emocionantes desta obra onde uma atriz reflete todo o seu passado esquecido pelo mundo, na criação de um garoto deficiente (Shia LeBouf) auxiliar do hotel (se eu explicar estrago a reflexão). O bom deste episódio é ver novamente o saudoso John Hurt.

Se você gosta de entender a atuação, o processo narrativo e os estilos de diretores, como eu gosto, não perca "Nova York, Eu Te Amo". Nota de rodapé, visitar Nova York o mais rápido possível, pegar o tour cinematográfico e voltar lá diversas vezes!

Uma pena que ainda se encontre problemas básicos nos cinemas do Grupo Estação como a visualização das cadeiras na compra do ingresso não corresponderem ao posicionamento dos assentos nas salas, obrigando você a escolher às cegas se não conhecer o recinto. Outro problema é um grupo de tradição artística, de filmes cult, se render aos comerciais antes do filme. Se estou pagando R$ 16,00 para entrar, tenho o direito de não ver propagandas para que o cinema ganhe ainda mais dinheiro às minhas custas.


Um comentário:

Die Flux disse...

O atraso dos filmes realmente é algo que encomoda, mas este ano nenhum filme superou Veronika decide morrer em atraso. O filme além de ser adiano nos EUA ainda demorou muitos meses depois de seu lançamento internacional para sair no Brasil. Ele estava previsto para Março e só saiu em Agosto, 5 meses depois do previsto. Além dos atrasos outra coisa que eu acho meio desrespeitosa com os cinefilos, principalmente da Zona Norte é que muitos filmes são lançados apenas em cinemas da Zona Sul e da Barra da Tijuca. Isso acaba gerando um transtorno para que as pessoas vejam seus filmes no cinema.

O trailer de NY, I LOVE YOU é bem divertido e dinamico. Acabei me interessando nas cenas das diferentes historias que aparecem nele. Isso e mais o fato do filme ter no elenco diversos nomes em alta no cinema atual me dispertou a vontade de ver o filme.

Yelchin fez um chekov muito divertido em Star Trek, além de seu sotaque ter ficado espetacular. Adorei a cena em que Chekov força a pronuncia do seu inglês para passar pelo sistema de senha oral da Eterprise.

Natalie me conquistou na "nova" trilogia de Star Wars, que aliás foi o filme que de certa forma fez os olhos do cinema hollywoodiano se voltarem para ela. Dai para frente ela se mostrou uma atriz muito versátil e competente.

Eu já ia amanhã no cinema ver Avatar, agora acho que vou fazer uma sessão dupla.

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