Trabalhando Demais Pra Quê?

quinta-feira, outubro 16, 2008

Este tópico e o anterior se caracterizam mais por considerar o trabalho dos artistas liberais (designers, arquitetos, desenhistas, etc.) e profissionais de informática, mas acho que pode ser absorvido de forma qualitativa por qualquer tipo de profissional liberal. Todos passamos por isso na nossa juventude e quando paramos para respirar o tempo passou e nós nem vimos...

Continuando o tópico anterior sobre querer saber tudo, igualmente existem pessoas que mesmo trabalhando não sabem dizer não. Querem pegar todas as tarefas do mundo, lidar com todas as áreas da empresa, carregar toda a responsabilidade pelo sucesso e pelos erros das metas. Da mesma forma o autônomo (lê-se freelance) resolve aceitar todos os trabalhos que tem disponível, às vezes sem poder fazer, e outras vezes se estressando por ficar até altas horas trabalhando, se movimentando de um local para outro para visitar clientes (muitas vezes distantes) e perdendo um precioso tempo de descanso, de ver tv, de ir ao cinema, de ler um livro (não profissional), de dormir. Será que vale a pena? A ganância vai dar um retorno significativo? Você trabalha demais e cai no "ostracismo corporativo"?

E mais uma vez os "especialistas" da internet (formados ou não) vão te dizer, relaxa! Principalmente se você confia na sua educação, currículo e força de vontade. As possibilidades são infinitas, e se matar de trabalhar só vai afetar a sua saúde. Como dizia na parede de um viaduto aqui do Rio: "O homem perde sua saúde para ganhar dinheiro e depois gasta tentando recuperá-la". Hoje têm-se a possbilidade de ser autônomo (dedicado), de fazer concursos, de trabalhar meio período, o mundo está aí fora para que você faça sua vida sem deixar que o estresse domine o seu dia-a-dia trazendo cansaço, e o cansaço com certeza te impossibilita de crescer. Como diria Domenico De Masi, é o ócio criativo, são os momentos de descanso e de lazer que te fazem pensar melhor, raciocinar, criar, ter idéias.

Para ilustrar a questão, um evento real em um hospício francês. O médico Philippe Pinel resolve tirar as correntes normalmente usadas com os loucos na instituição, então o politico George Couthon diz a ele: "- Ah! Então cidadão, és tu mesmo louco ao querer liberta-los das correntes?". Pinel responde calmamente: "- Tenho a convicção de que estes alienados não são intratáveis senão porque se lhes priva de ar e de liberdade", o que Couthon retruca, "Temo que sejas vítima de sua presunção". Será mesmo? É presunção assumir que o ser humano, sejam quais forem as suas condilões, precisa de liberdade? (e nem vou entrar no mérito da Mais Valia de Marx).

Você com certeza já passou por momentos em que a vida está tão corrida que você não consegue fazer nada (ou até mesmo se atualizar na própria profissão). Você chega tão cansado em casa que não aguenta mais ver o seu programa preferido na TV, você para de alugar filmes pois sabe que vai dormir durante o DVD, não sai na sexta a noite pois sábado você quer dormir até tarde, não sai sábado pois precisa terminar aquele trabalho por fora que você aceitou fazer ou quer estudar para uma prova que só vai acontecer daqui a 6 meses. E aí pronto. Você foi fisgado pela rotina do cansaço. Você não existe mais, quem existe é o trabalho, são os estudos. E não estou nem falando daquilo que você gosta, você pode estar insistindo em algo que você nem tem muito apreço... Este é o recado, faça o que pode, dentro dos seus limites, dê grande valor ao seu tempo livre!

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