Ouvidos Mutantes Globalizados

sexta-feira, novembro 14, 2008

Não trabalho para a Viacom nem em nenhuma de suas dezenas de subsidiárias (MTV, Nickelodeon, etc.), mas pelos meus interesses estarem muito ligados a cultura tween (jovens de 12 a 35 anos), acabo absorvendo, meio que por osmose, boa parte do que há de novo na música, cinema, séries, shows, programas, produtos, consumo, etc. O que me surpreendeu ultimamente é a quantidade de bandas, normais ou experimentais, que surgiram lá fora nos últimos anos e a juventude brasileira nunca ouviu falar... De repente até alguns jovens de São Paulo ou outros centros do Brasil (com exceção do Rio que é saturado de coisas comuns), até conhecem algumas dessas bandas através de clips na MTV, pela internet ou por outros canais de comunicação.

Quando eu era adolescente surgiu Nirvana, Soudgarden, Screaming Trees e todas essas bandas do Grunge, além de diversos sons pop e hardcore que embalaram a minha "passagem" de criança para a juventude. Nesta época (inicio dos anos 90), pra você conhecer sons diferentes você tinha que comprar a revista Bizz, fuçar lojas de CDs comprando música sem nem saber o que tinha dentro, ou até mesmo pegando aquelas coletâneas de novelas, séries e filmes e encontrando o CD do artista daquela trilha sonora que você gostava...

Hoje a dinâmica mudou muito. Mesmo com estas possbilidades limitadas, eu nunca iria encontrar sons alemães, suecos, australianos, ingleses, franceses, indianos, ao menos que estes estivessem explodindo na mídia e/ou cantando em inglês. Saber que Ravi Shankar existia, só lendo sobre os Beatles. Saber de Australia Crow, só andando com surfistas, ou seja, a cultura simplesmente não alcançava o jovem por que não era do interesse mercadológico trazer toda aquela bagagem musical para os ouvidos dos brasileiros. Mas claro que as pequenas tribos e viajantes acabavam trazendo alguma coisa.

Hoje, mesmo não encontrando alguns CDs, acho tudo na internet, do som mais underground ao minimalista, techno, trance, eurodance, heavy metal, trash metal, hardcore, punk, pop regional, e por aí vai. Ecletismo é uma benção, e o ouvido treinado sabe aproveitar todos estes sons para tirar o máximo das obras para o seu dia-a-dia, seus trabalhos, seu lazer, até mesmo suas decisões de vida. São estas músicas fora do mainstream (ou presas a um grupo especifico) que hoje contribuem fortemente para a trilha sonora de filmes, comerciais e mídias interativas (é mais fácil você ouvir Frou frou e Kate Nash em propagandas do que a Britney Spears). O som experimental deixou de ser exclusivo do undeground, alternatuivo e festivais internacionais, para fazer parte do MySpace, YouTubee outras mídias sociais.

Eu particularmente conheci as bandas que vou citar no fim do post através do YouTube, sites da MTV americana, alemã e inglesa, MySpace, o programa Saturday Night Live, o E-Mule, o site Pandora.com (que agora é limitado aos EUA devido a direitos autorais), amigos que viajam e livros (sim, citações do clássico ao moderno, até Oliver Sacks cita suas músicas eruditas). Você já parou pra pensar que existem até mesmo músicas clássicas de compositores que você nunca ouviu falar?

Sons da década de 30 que estão sendo regravados mas que você nunca soube da existência? Mesmo no Brasil, as músicas da minha avó também são ótimas pra relaxar e dançar, e até na época dela havia os sons experimentais e as músicas que não atravessavam o Atlântico devido a falta de um canal de mídia eficiente e que permitisse a inclusão social.

Pense bem o quanto se perdeu com essas distâncias na época da minha avó. Nem os mais criativos músicos conseguiam conceber o que se passava em outros continentes e muitas vezes voltavam maravilhados com aquele som novo que ouviram em uma viagem a terras estranhas. Até hoje, mesmo depois de Paul Simon, Toto e outras bandas terem enchido o mercado de sons africanos, muitos artistas ainda buscam a percussão e jogos vocais de Angola, Zimbabue, os lamentos e cordas da música árabe e o som eletrônico dos DJs alemães. O mundo é um só, a música é um amálgama de tudo que cada cultura tem, e nossos ouvidos são cada vez mais treinados para perceber a arte dos sons, a textura de uma melodia, as cores de uma canção (isso não são metáforas, pessoas com audição bem desenvolvida realmente conseguem perceber estas caracteristicas).

Para aguçar os seus sentidos e passar o tempo, estou colocando aqui alguns clips de artistas dos quais você ainda vai ouvir falar (se já não ouviu). Alguns são muito famosos em seus países de origem, outros são internacionais mas fechados ao cult/alternativo. Busquem, procurem, aproveitem o muito moderno, o pop, o experimental, o cult, o rock, minimal, o samba, maracatu, música africana, até sons aborígenes e dos índios brasileiros estão valendo! Te Garanto que isto é apenas uma pequena parte do que existe, e tirar meia hora do seu dia para navegar e escutar novidades não vai tomar muito do seu tempo. Fiquem com os clips.

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